[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 7 de julho de 2009

Queluz,
cheque à pressa

Na sua essência, o cheque-obra faz parte de uma estratégia de financiamento da recuperação de bens do património nacional, tanto mais de saudar quanto surge num país que, até ao momento, não foi capaz de se dotar dum dispositivo legal ajustado à prática do mecenato cultural que poderia suprir tantas necessidades afins da intervenção em peças degradadas com risco de perda iminente.

Nestes termos, não haverá qualquer dúvida ao saudar aquela como uma excelente e expedita medida, nitidamente a crédito de José António Pinto Ribeiro, titular da pasta da Cultura. Dezasseis empresas já aderiram ao programa que pressupõe a entrega ao Ministério da Cultura de 1% do valor das empreitadas de obras públicas que lhes tiverem sido adjudicadas.

Ora bem, de acordo com declarações de Pinto Ribeiro ao Jornal de Letras (JL, 17-30 de Junho) já foi recebida a primeira contribuição, no valor de 452 mil euros. Este montante, acrescentou o governante, destinar-se-á à pintura do Palácio Nacional de Queluz “(…) que teve agora os jardins reabilitados e abertos ao público(…)”.

Acerca desta referência é que não podemos estar de acordo. De facto, tais palavras pecam por excesso de voluntarismo uma vez que, como seria de esperar, depois de tantos anos de negligência e abandono, os jardins ainda estão em longo processo de reabilitação.

É obra grande que nada tem a ver com os prazos das legislaturas. Aconselho vivamente que visitem o espaço onde terão o gosto de perceber o caminho já percorrido e como vale a pena continuar o investimento. Mas, por favor, nada de confusões! Já bastam as pressas do Senhor Ministro…


2 comentários:

Fernando Alves Peres disse...

Fui com a minha mulher num domingo de manhã em que a entrada é gratis.
Confirmo totalmente a sua razão em relação ao Ministro. Há vários caminhos que até estão encerrados com fixas a toda a largura e também se nota muita falta de água. Trabalhei alguns anos em Londres, sei o que são jardins históricos bem cuidados podendo afirmar que Queluz ainda é uma sombra do que deve ser. Bem haja pelo seu trabalho neste blogue, parabéns.
Fernando Peres

Artur Sá disse...

Amigo Dr. Cachado,

Este Ministro parece que está com pressa mas o cheque-obra é boa ideia e sempre tem conseguido fazer mais qualquer coisa que a anterior. Lembro-me muito bem que foi ela que acabou com a Festa da Música em Belém. Mas regra geral este governo não deixa saudades. A Dra. Ferreira Leite deve ganhar as eleições o que nã quer dizer que ficamos melhor. Enfim só as moscas é que vão mudar.
Cumprimentos amigos, Artur Sá