[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Pois é,
a ignorância…

Em tempo de férias de Verão e de maior frequência dos areais, cada vez mais vai rareando a praia onde não se promove actividades de animação. Na maior parte dos casos, através de apelos em alta gritaria, um ou dois jovens animadores, conseguem arrebanhar uns participantes para os plastificados recintos em que actuam. Armados de microfone e ligados a potentes amplificadores e respectivas colunas, sugerem movimentos ao colectivo dançante que corresponde até ao esgotamento.

A música (?) de fundo é a que todos conhecem. Parece que o objectivo é praticar desporto (??) e contribuir para um quotidiano saudável (???). Entre muitas coisas, cujo esclarecimento apenas deve residir na cabeça de certos iluminados, sobressai a necessidade de consumo de muitos decibéis por estas iniciativas, indispensáveis ao apelo às criancinhas e jovens de todas as idades como, tão criativamente, designam o público alvo…

Como se impunha, Sintra, ou seja, a Câmara Municipal de Sintra, não podia alhear-se da nacional alarvidade. Todavia, como muita gente reconhece, trata-se de uma campanha que, com tanto som no ar, se farta de incomodar quem, ingenuamente, ainda pensa ser possível ir até à praia para passar umas horas sossegadas, se possível, sem quaisquer agressões diante do mar e do horizonte.

Atente-se no caso da Praia Grande. O programa em curso subordina-se ao tema património do desporto. Não sei, nem me interessa, se é coisa que se estende a outras praias. Registo, isso sim, a grande originalidade da proposta por estas bandas. Bom seria, no entanto, propiciar uma ou outra pista para que se percebesse o jogo das implícitas, tão ricas e doutas conotações…

Avesso militante que sou a suburbanas práticas que tais, ousaria propor aos iluminados promotores destes desconchavos que procurassem concretizar alternativas à altura de Sintra, terra que se reclama defensora do património em todas as vertentes. Para o efeito, ainda me permitiria sugerir que consultassem bibliografia afim dos jogos tradicionais portugueses.

Finalmente, especificando um pouco mais, não tenho a menor dúvida em aconselhar se familiarizem com os textos do Prof. Doutor Mário Cameira Serra (que, há tantos anos, foi meu formando, no quadro de acções de formação promovidas pelo Ministério da Educação), autoridade nacional na matéria, onde encontrarão sugestões perfeitamente adaptáveis a estes enquadramentos estivais, em que se impõe fazer render uma vertente lúdica de interesse indesmentível.

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