[sempre de acordo com a antiga ortografia]
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Capcioso convite
Percebe-se o convite a Marco Caneira como uma pouco interessante tentativa de captar votos fáceis, através do recurso à mediática figura de um grande desportista. Porém, em termos meramente políticos, configura duplamente censurável a atitude do Dr. Fernando Seara, na medida em que também é uma passagem de atestado de menoridade ao eleitorado sintrense em geral e aos fregueses de Almargem do Bispo em particular.
De qualquer modo, cumpre esclarecer que, à partida, nenhum profissional do futebol está diminuído na sua capacidade de intervenção cívica. De facto, nada o impede de se apresentar a sufrágio, no quadro de um programa autárquico que se proponha concretizar durante o mandato para o qual se candidata.
Contudo, no caso vertente e na eventualidade de ser eleito, o que se perfila é a imediata suspensão do mandato do atleta, cuja idoneidade,aliás, não está em causa. No entanto, de tal modo instantes e exigentes são as solicitações trabalho de um Presidente de Junta de Freguesia, que não se vê como compatibilizar a presença quotidiana e o trabalho quotidianos com as obrigações de um profissional do futebol no activo que, para todos os efeitos, é um atleta de alta competição cujo rendimento não pode ser posto em causa perante a massa associativa e o clube, sua entidade patronal.
O Presidente da Câmara Municipal de Sintra deixa a imagem de estar empenhado no êxito eleitoral a qualquer custo e, segundo se sabe por aí, terá mesmo passado por cima das estruturas locais do seu partido, onde algumas decisões e nomes eram diferentes dos seus. Em simultâneo, desconsidera os interesses do clube e, paradoxalmente, acaba por comprometer o eventual futuro político do jogador se nisso estiver interessado no fim da carreira desportiva.
Na hipótese de sucesso no acto eleitoral, caberia perguntar onde iriam os fregueses contactar Marco Caneira para tratar de questões pendentes, tais como a Casa das Selecções ou a Cinelândia. Na Academia de Alcochete? Ou, previsivelmente, em função do impedimento, isso sim, na sede da Junta, com o seu substituto?
Finalmente, no meio de tudo isto, está em causa a impoluta seriedade de um atleta prestes a comprometer o nome, como uma bandeira desfraldada que, depois do desafio, se enrola, ou seja, que depois da contenda eleitoral, não podendo assumir a presidência, será obrigado a pedir a suspensão do mandato.
Enfim, política de nível muito duvidoso. Mesmo assim, ainda haverá quem vá ao engano? Veremos se Almargem go Bispo se deixa ludibriar, de maneira tão primária, perante esta cartada, jogada com tanta visibilidade, ao serviço de uma estratégia de segunda ou terceira categoria…
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8 comentários:
Meu caro João Cachado,
Sintra começa a estar farta destas manobras que não trazem benefícios nem melhor qualidade de vida às sua gentes.
Assiste-se a um foguetório inconsequente, fazendo explodir gente séria e reconduzindo quem deveria colocar bem longe dos fregueses e da gestão dos dinheiros públicos.
Este badalado convite, que transcende em publicitação tudo o que seria normal (porque não são divulgados os outros?) para uma simples freguesia, mostra o jogo. É preciso que os sportinguistas saibam que um acérrimo benfiquista é tão simpático e democrata que escolhe um desportista do sporting para um cargo ... que não diz como poderá desempenhar.
Enfim, coisas do outro mundo, ao fim de oito anos que os sintrenses não irão esquecer pelo que não foi feito.
Caro amigo Cachado,
Como vê, vale tudo. Esta intimidade do mundo do futebol com a política já se sabe que não traz nada de bom. Verá como muita gente ainda vai ao engano, em especial os que brincam com a política como brincam com o futebol em confraternização com o Presidente da Câmara de Sintra.
Rui Tomar
Democrata nos convites, mais do que na elaboração das listas, segundo testemunhos de gente boa que ficou de fora,magnânimo nas decisões,generoso e aberto à diferença na abrangência do leque que vai abrindo à sua volta, é assim que pretende o Presidente que a Comunicação Social divulgue a sua imagem.Tanta gente conhecida que tal como outras «vedetas», nada fez pela nossa terra...é isto que os sintrenses querm por mais 4 anos?é premente, urgente, absolutamente necessário, sair da letargia;Sintra, não está em condições de aguentar mais tempo, a não ser que as migrações internas comecem a fazer-se em sentido inverso,todos daqui para fora!Já não se respira, no meio desta poluição.
Margarida
Receba os meus sinceros cumprimentos.
Acompanho o seu blogue em conjunto com vários amigos e só agora decidi dar-lhe uma palavra face à oportunidade do tema.
Residindo no Linhó apercebo-me que os benefícios mais elevados vão para o futebol e o resto é paisagem. Agora este caso nítidamente de oportunismo.
Tudo indica que os nossos autarcas embora digam que têm saudades disto e daquilo o que querem é manter-se no cargo a todo o custo enganando as pessoas com o seu estilo futebolês pouco suave. No passado também apareceram os nomes como de Figo e Aurora Cunha.
EStá visto, com este tipo de gente não vamos lá.
Fico admiradíssima com esta avalancha: um futebolista, depois um cantor, a seguir um actor e agora um coronel que foi buscar ao sótão do CR. Escreve o colega João Cachado que se trata de uma tentativa pouco interessante de captar votos fáceis com o recurso a uma figura mediática. Acrescento eu que se trata de uma coisa ordinária, um atestado de incqapacidade aos eleitores. O Dr Seara deve ter uma péssima impressão dos munícipes e fregueses de Sintra para avançar com estas baixarias. Se calhar vai prejudicar-se. Olhe, como calculará, eu ficava muito contente. Retiro-me com sonora gargalhada...
Graça Cardoso
Acabo de ler o comentário da colega Graça Cardoso e senti-me picada a intervir. Não sou PS mas a
minha candidata à presidência da Câmara de Sintra é Ana Gomes. Os portugueses devem-lhe muito e tenho a certeza que fará um bom trabalho em Sintra. Já não vai para o PE. Tenho a certeza que também nunca entrará nestas jogadas baixas.
Fernanda Cruz
Amigo Dr. Cachado,
O blogue está com grande pujança. Se permite um conselho mantenha-se independente sempre. Se for caso de elogiar o Dr. Seara hoje e amanhã a Dra. Ana Gomes é o que esperam os seus leitores e amigos. Permito-me falar assim porque me considero sempre ao seu lado neste blogue que visito todos os dias com grande satisfação. Um abraço
Artur Sá
Caro João Cachado,
O amigo Artur Sá (não levará a mal que assim o trate, pois aprecio as suas frequentes intervenções) abordou aqui a questão da "independência", opinião em que divirjo, pelas razões que irei apresentar.
Ao estarmos desobrigados perante quaisquer forças ou partidos políticos somos cidadãos, temos a faculdade de apoiar quem quisermos, quando, segundo as circunstâncias e aquilo que no horizonte nos possa indicar um melhor caminho colectivo.
A "independência" é uma coisa complicada, porque ninguém é independente.
De cada vez em que, por razões da vida colectiva, se tente fomentar a "independência" está a dar-se um tiro no pé, pois os inimigos aproveitam essas nossas cautelas para lançar todo o xadrês, enchendo-nos os olhos com a Raínha, os saltos do Cavalo, as linhas do Bispo e alguns Peões que rastejam perante um Rei que se julgue forte mas seja um fraco.
Muitas vezes, ao pretendermos ser "independentes", tornamo-nos isso sim "dependentes" daquilo que outros desejam fazer, tantas vezes contra nós.
Regressando à matéria em apreciação política, talvez seja útil apreciarmos a edição do Domingo 16 de Agosto de 2009 do 24 HORAS "O JORNAL DAS ESTRELAS".Assim:
Praticamente toda a primeira página é dedicada ao candidato à junta de Freguesia de Almargem do Bispo, não com um traje naturalmente usado, mas devidamente equipado com a camisola do clube que representa. Na parte superior, sobre a direita (zona alvo da publicidade) uma foto do presidente de câmara que o convidou. Avalie-se o conceito de "independência", sabendo-se que em Almargem do Bispo estavam inscritos 6899 eleitores (14º lugar em 20 freguesias!!!). Como seria se fosse candidato em Algueirão-Mem Martins.
Já que falei na edição do 24 HORAS, sugiro uma leitura bem disposta às páginas 32 e 33 da mesma edição. É uma peça que ficará para a história. Da dependência? da Independência? Essa a riqueza da nossa apreciação.
Um abraço,
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