[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ana Gomes,
em debate e ao leme
Foi anunciado pela própria há cerca de uma hora, no contexto de um debate na RDP1, entre candidatos à presidência da Câmara Municipal de Sintra, e já está a encabeçar o alinhamento dos noticiários radiofónicos e televisivos. Em suma, mesmo que não seja eleita presidente da Câmara, Ana Gomes assumirá o cargo de Vereador sem pelouro no próximo executivo autárquico! Que imediata leitura poderemos fazer?

Em primeiro lugar, Ana Gomes dá um inequívoco sinal do seu empenho em Sintra e com Sintra. A pré campanha e a própria campanha têm oferecido momentos muito fortes de envolvimento da candidata com as questões que o seu principal opositor, Fernando Seara, não só não conseguiu resolver como agravou substancialmente;
Seguidamente, demonstra até que ponto se deixou contaminar pelas dificuldades dos munícipes e, principalmente, dos mais desprotegidos, daqueles que, para além do que é suportável, viram a sua qualidade de vida diminuir dramaticamente nos últimos anos. Ana Gomes, que é de cá, sente mais hoje esta terra, depois de ter palmilhado centenas e centenas de quilómetros dentro deste concelho desumanamente grande, desconforme e desgovernado;
Nem Ana Gomes nem nós, seus apoiantes, admitimos que não seja eleita presidente. Todavia, na remota hipótese de que tal não acontecesse, ficou ineludivelmente anunciado que, no próximo executivo, nada seria como até agora. Haveria uma oposição flagrante e, necessariamente, construtiva, uma âncora à qual poderiam recorrer todos quantos identificam em Ana Gomes a esperança da mudança, para continuar esta prioritária luta por Sintra diferente e melhor.
Estamos na recta final.
Tudo é possível.
Vai ser possível!

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Hoje, em vez do nosso Manifesto, um apontamento de reportagem de Fernando Castelo.

PROGRAMA DE ANA GOMES,
NO CORAÇÃO DE SINTRA

No passado sábado, a candidata Ana Gomes apresentou o seu Programa Eleitoral, em plena Praça da República, no Centro Histórico. Foi um acto aberto, muito simples e fácil de observar por parte de cidadãos que passavam no local.

Contrariando a respeitabilidade que merecem os Centros Históricos espalhados pelo mundo, em Sintra a barafunda reinava. Grupos de motociclistas faziam as acelerações da praxe, o trânsito engarrafado desabafava com buzinadelas, as auto-caravanas mostravam-se com toda a dignidade que os responsáveis instalados na Câmara lhes tem permitido.

De vez em quando, a candidata era obrigada a silenciar-se, porque o ruído na Praça da República era tanto que se tornava insuportável. Era o ambiente de Sintra, sem ambiente garantido pelos responsáveis da pasta e o atentado ao património. Era a tal nova marca do Turismo de Sintra. Compreende-se porque outros escolhem paragens mais onerosas para as suas apresentações...

Ficou a saber-se que Ana Gomes tem grandes objectivos para liderar a vida no nosso concelho: Revisão do PDM, empenho para a construção do Hospital de Sintra e Centros de Saúde, um plano de emergência para o Parque Escolar, reforço das forças policiais para garantia da segurança, melhores transportes públicos, chamar investimentos e novos empregos, apoio ao comércio tradicional e dedicação à juventude.

No fundo, objectivos tão simples que correspondem aos anseios de quantos residem no nosso concelho. Bastará que os eleitores acreditem neste programa, para que tanto possa mudar na nossa vida.

Fernando Castelo

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Comentário ao texto
de Fernando Castelo

Hão-de reparar que, no passado dia 3, Ana Gomes veio a terreiro, afirmar o que pensa, sente e pretende para Sintra e fê-lo junto do povo, onde tudo se vive, onde tudo se passa, por muito incómoda que a cena possa ser. Para isso, Ana Gomes está na rua, prefere o contacto franco e directo.

Pelo contrário, hoje mesmo, Fernando Seara, o seu mais directo adversário, escolheu o Pestana-Golf Beloura, para a apresentação do programa de candidatura. Olhem que o pormenor não é de somenos. Por um lado, no registo popularucho, diz ser o careca do Benfica. Mas, por outro, não se mistura, distancia-se. Afinal, nas mesmas circunstâncias que a oponente, i. e., na apresentação do programa, recorre ao bastidor florentino da politiquice de hotel.

E, caros amigos, muito mais importante do que estas formas superficiais, a substância dos próprios programas. Acerca do candidato da situação, sabemos nós o que a casa gasta. É a ilusão, hoje declarada, para dar lugar ao desânimo de amanhã.

É apenas mais do mesmo, uma receita que bem conhecemos, o doloroso adiamento de questões cuja resolução exige uma inequívoca coragem e vontade de concretizar que, sem margem para qualquer dúvida, a candidatura de Ana Gomes protagoniza.

Enfim, estilos, propósitos, propostas, pontos de partida e metas diferentes. A nós, a capacidade de optar.


João Cachado

5 comentários:

Anónimo disse...

Sou habitual votante "em branco" nas eleições legislativas, presidenciais e europeias. Nas autárquicas já variei o meu voto diversas vezes pois aqui voto nas pessoas.

Sobre as presentes eleições, entendo como muita gente, que Sintra está mal e que precisava de mudança. Mas não concordo que seja a Sra Ana Gomes a indicada para a efectuar. Ao contrário do que se diz, a senhora não é de cá. Penso que de cá mesmo sejam somente os candidatos da CDU e BE. Também acho estranho que só a 4 dias das eleições o amor por Sintra bata no coração da senhora que sempre referiu a sua prioridade ao Parlamento Europeu.

Em relação às propostas, o único debate que vi foi na TVI24 e que acho que foi muito fraco.

Tive conhecimento que no debate do Olga Cadaval a senhora cometeu também várias gaffes.

O próprio PS já deu como perdida a eleição em Sintra bem como de forma até bem mais realista, o PS local admite muito dificil a vitória de qualquer lista PS nas 4 freguesias que fazem parte da Sintra património e histórica.

Mais do que um novo presidente, Sintra merecia outros candidatos.

Face a esta situação será nulo o meu voto para a Assembleia Municipal e Câmara Municipal. Na minha Junta de Freguesia votarei na minha pessoa favorita que até a conheço bem.

J. S. Gomes

Sintra do avesso disse...

J. S. Gomes,

Embora a candidata não me tenha passado procuração, nada me custa rectificar uma sua afirmação produzida no comentário. De facto, a Dra. Ana Gomes não é de Sintra porque não nasceu em Sintra. De qualquer modo, reside no concelho de Sintra, creio que há cerca de quinze anos. E está por provar que, quem aqui tenha nascido mesmo, se bata por Sintra da maneira corajosa e bonita como ela está a fazer...

Aproveitaria para esclarecer que, embora aqui resida há quarenta anos, nem eu nem a minha mulher somos de cá. Tenho uma fortíssima ligação a Sintra desde criança, a minha mulher tem família sempre residente em Sintra desde fins do século XVIII, as nossas filhas e netos já cá nasceram, é verdade.

Portanto, escolhi e decidi viver cá. E, se quer que lhe diga, não autorizo que se sintam mais sintrenses, pelo simples facto de aqui terem nascido, aqueles que estão nas tintas para Sintra, nada fazendo pela melhoria da qualidade de vida desta terra.

Creio que as razões que acabo de invocar devem coincidir, mais ou menos, com as da Dra. Ana Gomes. Invocar esse detalhe, perdoe-me a franqueza, não se me afigura minimamente correcto. É coisa de somenos, perfeitamente insignificante.

Quanto à «preferência pelo Parlamento Europeu» (??), não é coisa provável. É mesmo improvável e, tanto mais assim, quanto distinguível tem sido o empenho da Dra. Ana Gomes na identificação das realidades do concelho, nomeadamente com as que se prendem com o difícil viver de tantos e desfavorecidos munícipes. E, ainda mais, a sua inequívoca vontade - hoje mesmo confirmada - de ficar no executivo municipal, como vereadora sem pelouro, se, porventura, não fosse eleita para a presidência.

Neste aspecto, eu é que sou perfeitamente insuspeito já que, tendo inicialmente criticado a sua candidatura, me rendi totalmente à capacidade de mobilização, à coragem, ao desassombro, qualidades que, afinal, ela tem dado prova ao longo da sua vida como cidadã e profissional da Diplomacia.

Neste momento, a Dra. Ana Gomes está a fazer um serviço cívico, a favor de Sintra, que não tenho a mais pequena dúvida em afirmar que é máximo, eficaz e comovente.

Quanto à contabilidade dos votos, não percebo onde terá ido arranjar os dados que o habilitam à afirmação constante do antepenúltimo parágrafo do seu comentário. E, com toda a sinceridade, não estou nada interessado numa troca de impressões que mais parece própria das hostes clubísticas do futebol quando disputam eleições...

Claro que,nesse aspecto, com certeza que o Prof. Fernando Seara estaria perfeitamente à vontade para apresentar ímpares cartas argumentativas. Esse sim, ninguém tenha dúvida, é o seu galho... E cada macaco, lá diz o povo, o que deve é ocupar o seu. Quando assim não sucede - e em Sintra tem-se visto, verificado e provado - o resultado é a bagunça em que vivemos.

João Cachado

Fernando Castelo disse...

Meu caro João Cachado,

SEGUNDOS MUITO VALIOSOS PARA SINTRA

Aquela reportagem televisiva, que não terá atingido o minuto, mostrou o que era suficiente.

Estava lá a fina flor dos utilizadores de Sintra. Dos que não precisam de trabalhar para alimentar a família.

Faltaram as mães que não sabem onde deixar os filhos quando vão fazer umas limpezas em casa dos senhores.Os que aguardam transportes debaixo de chuva ou sol, durante horas.

Fechei os olhos e passou-me o filme do pedinte, de mão estendida, depois do abraço.Vi os sorrisos de quem espera umas migalhas a troco daquela presença.

Não me apercebi de estarem na sala aquelas crianças que vão para a escola sem comer e que são usadas na invocação de que se lhes dá refeições.

Tanta gente fina, que não se banha em crateras de pedreira, que não pisa os dejectos acumulados nos passeios por falta de higiene.

Gente que não frequenta os centros de saúde, não aguarda a vez na Segurança Social ou no Centro de Emprego. Que excelente gente.

Que delícia. Foram alimentar-se no sítio próprio. Lamberam-se.

Aquele reportagem, meu Amigo, foi de uma injustiça atroz.

Num sítio tão chique aquela reportagem mostrou-nos como é a Sintra de plástico, como um banal cartão de crédito.

Aquela reportagem deveria ser banida porque acabou por não mostrar os beijos da hipocrisia.

Mostrou que Sintra não é aquilo e, isso, não tem preço.

João Gonçalves disse...

Caros João Cachado e Fernando Castelo: obrigado por terem posto por escrito aquilo que eu e muitos dos habitantes do nosso Concelho sentem e não conseguem expressar. O comentário do Sr. Fernando Castelo é, simplesmente, brilhante.
Quanto a quem não pensa assim, respeito as suas opiniões embora não concorde com elas.
Tenho esperança na eleição de Ana Gomes e, como residente na freguesia, de Margarida Paulos por S.Pedro. Tenho ainda mais esperança em que, caso venham a ser eleitas, não desiludam quem ainda tem alguma fé nos políticos...

Anónimo disse...

Sr. João Cachado.

Concordo inteiramente consigo. Não serve o facto de apenas nascer em Sintra para se ser um bom sintrense. E a muitas pessoas como o senhor, que apesar de não ter nascido em Sintra é um bom sintrense, deve Sintra agradecer pelas constantes causas a que se dedica.

No entanto, o que me fez observar a questão do gosto da Sra. Ana Gomes por Sintra, foi o facto de nem eu nem ninguém creio, ter notado o interesse da Senhora pela sua amada terra antes de ser candidata à Câmara. Alguma vez nós assistimos a alguma intervenção da Senhora em prol de Sintra antes deste período. Enquanto o Sr. Cachado intervinha na vida de Sintra e enquanto o Sr. Seara falava de futebol, a Sra. falava dos voos da CIA….

Em relação ao antepenúltimo parágrafo do meu texto, não compreendo o que o leva a relacionar com hostes clubistas. Tal afirmação faço de acordo com notícias que saíram nos órgãos de comunicação social. Aqui ficam 2 exemplos: http://queluz.org/2009/09/ana-gomes-faz-campanha-porta-a-porta/ e
http://queluz.org/2009/09/joaquim-raposo-diz-nao-ser-realista-a-vitoria-do-ps-no-concelho-sintra/ .

Reafirmo pois a minha posição inicial para que não restem dúvidas: Fernando Seara não é bom e Ana Gomes não é a alternativa que necessitávamos. Daí o meu voto em branco ou nulo conforme o estado de espírito no Domingo.

J. S. Gomes