[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dedicação?
já à prova...

Tenham em consideração o Largo Nunes Carvalho e, poucas centenas de metros mais abaixo, na estrada a caminho do Lourel, o núcleo de edifícios que constituem grande parte do agrupamento escolar de Don Carlos I. Entre estes dois lugares há um passeio, do lado esquerdo que, diariamente, é palmilhado por muitas, muitas crianças, jovens estudantes e também familiares.

Ontem, pelas cinco da tarde, a meio deste caminho, assisti à iminência de um atropelamento de duas crianças por um grande camião, que me deixou impressionadíssimo. Não consigo escrever mais nada, seja o que for, antes de, mais uma vez, denunciar a conhecida situação.

Ao contrário do que acontece noutros locais, inclusive na mesma freguesia de Santa Maria e São Miguel, neste segmento de um percurso tão frequentado, não há qualquer protecção de segurança que, de algum modo, também possa contribuir para suster o natural desassossego de miúdos que, na infância e adolescência, apesar de todos os conselhos, insistem em brincar num caminho deveras perigoso, ao lado de intenso tráfego de veículos de toda a qualidade.

Não consigo compreender como, há tantos anos, ao corrente desta situação, nem a Junta nem a Câmara tomaram qualquer previdência. Ontem estive prestes a assistir a uma tragédia. Não passou de um grande susto. Podia ter acontecido com o meu neto, com os vossos filhos. Ainda estamos a tempo de evitar que algo de funesto aconteça realmente.


Já tive oportunidade de contactar com algumas famílias de crianças que frequentam aquela escola e também com meia dúzia de professores e funcionários. Claro que me confirmaram como, todos os dias, como soe dizer-se, andam com o credo na boca. Neste meu contacto, muito informal, ninguém soube dizer-me se a Associação de Pais já fez algum alerta. É para isto que serve.

Também me confirmaram serem imensos os pais que fazem um enorme sacrifício, ao ir levar e buscar os seus educandos, em carro próprio, à Don Carlos I, precisamente porque não estariam descansados se não o fizessem. Que tristeza tão grande! Pagam os seus impostos, cumprem com a sua parte e, depois, as autarquias não lhes devolvem o serviço que já deixaram de esperar. Desesperaram.


Já repararam que, ficando este caso de insegurança resolvido, acabar-se-ia com a evidente preocupação das famílias, recorrendo, escusadamente, ao transporte próprio, em horas de ponta, obrigadas a despesas e stress evitáveis e aumentando a poluição? E, de facto, Escola Segura também é isto. A polícia cumpre a função, as autarquias não podem demitir-se.

Será preciso fazer uma petição? Será que os slôganes das recentes campanhas do Professor Fernando Seara e do Senhor Eduardo Casinhas têm alguma correspondência com a realidade? A total dedicação que apregoaram, a favor dos fregueses e munícipes, vai corresponder a algum passo concreto no sentido do que aqui se sugere?

Por favor, acompanhem-me. Contactem as duas autarquias. Denunciem. Insistam. Não se acomodem. Se, como eu, tivessem presenciado a cena de que dou conta, bem diriam comigo que se trata de um caso de vida ou de morte. Acreditem que, hoje mesmo, poderíamos estar de luto. Assim sendo, não imagino como poderão dormir descansados os responsáveis pelo adiamento de resolução desta situação.




7 comentários:

Avelino Couto disse...

Caro João Cachado
Não posso deixar de ficar sensibilizado por este seu texto e o Partido Socialista vai entregar, em sede de Assembleia de Freguesia, uma moção propondo que a Junta instale, ou pressione a Câmara para que o faça, uma protecção de segurança no percurso que refere. Considero que a Junta tem o dever de olhar para estas situações e, quando por motivos de orçamento ou falta de iniciativa, não quiser assumir estas "obras", tem o dever de pressionar as entidades que o possam fazer, sejam elas quais forem.
Vou falar com pessoas da Associação de Pais e recomendar-lhes que, se ainda não o fizeram, que façam um alerta para Junta e Câmara.
Espero que efectivamente a recente campanha referindo uma "dedicação total" se reflicta no dia a dia dos fregueses, pois isso é mais importante que as questões políticas. Da minha parte levantarei estas e outras questões qe me forem chegando ou que for identificando. Aproveitarei o seu blog nalguns casos, como este que levantou, para lhe trazer aqui depois a informação sobre a reacção à proposta e a sua efectivação ou não.
Cumprimentos
Avelino Couto

Sintra do avesso disse...

Meu Caro Avelino Couto,

Claro que fico muito satisfeito pelo acolhimento que, através do seu testemunho, o PS manifesta relativamente à questão que hoje trouxe à consideração no meu blogue. Há trinta anos, sendo ali professores, a minha mulher, colegas e amigos, já se queixavam deste problema. Depois de acidentes vários, alguns bem graves, é possível que ainda estejamos nesta miséria? Nem eu nem o meu amigo nos vamos conformar enquanto não conseguirmos a mudança de atitude que se impõe. Desta vez não podemos falhar. Porque, não tenho dúvida, o problema também é nosso. A verdade é que não soubemos conduzir as coisas como seria suposto.

Sabe que mais, Avelino Couto? Estou farto de ver as coisas não serem resolvidas e, ao contrário, adiadas, como se fosse uma fatalidade que permanecessem em banho-maria. Estou farto! Há anos que alerto para casos que, escandalosamente, estão na mesma.

Em determinada altura, senti que não valia a pena. Agora, julgo haver novos motivos para não perder a esperança. Só em plena Estefânea, e, num raio de duzentos metros a partir da sede da Junta, há muito que fazer. Não tenho dúvida que, com o seu ânimo e nosso apoio, alguma coisa seremos capazes de conseguir.

Tem o meu blogue à sua disposição, para usar e abusar, no sentido de veicular as suas inicitivas, suscitar a adesão dos fregueses para projectos que pressuponham o envolvimento cívico e a prática da cidadania.

Com um abraço e a muita consideração do

João Cachado

Sintra do avesso disse...

Caro Avelino Couto,

Quando, há pouco, lhe abria as portas do blogue queria dizer que o faço, não só ao nível dos comentários - isso está fora de questão - mas, isso sim, para a publicação de mensagens por si assuinadas, na «primeira página», portanto, a título de colaborador deste espaço do sintradoavesso, que, cada vez mais, pretendo partilhar com quem comigo esteja sintonizado, independentemente dos enquadramentos partidários de cada um.

Mais um abraço

João Cachado

Artur Sá disse...

Amigo Dr. Cachado,

Totalmente de acordo. Não só em relação à falta da vedação mas mais em especial quanto aos autarcas tão dedicado que até faz dó... Vai sendo tempo de mostrar resultados. Não sou freguês de Santa Maria mas na minha freguesia em que a Mais Sintra também continua, o problema é o mesmo. Antigamente ainda podiam ter a desculpa de que não ganhavam um bom ordenado. Agora qualquer presidente de Junta já está bem remunerado com um vencimento pago pelos cidadãos. Tem mais é que fazer o que se espera. Não perca a embalagem.
Também gostei muito da atitude de Avelino Couto. Temos de estar preparados para uma oposição capaz que controle a actividade dos eleitos, sem lhes dar descanso porque eles estão habituados a não serem chateados.
Saudações amigas
Artur Sá

Isabel Maria disse...

Eu vivo na Freguesia de Santa Maria na zona da Estefânia tal como o João Cachado que vejo muitas vezes nas suas caminhadas com a famosa bengala. Conheço muito bem o caminho a pé até ao Lourel. É muito perigoso e também já vi casos de miúdos que só por milagre escapam de acidentes. É pena que o Senhor Avelino Couto não ganhasse as eleições pois pelo menos a vontade em resolver é enorme. Mas pode fazer qualquer coisa estando lá dentro. Julgo que não se deve é descansar depois de denunciar, devendo insistir, insistir até que comecem a responder as pessoas que devem resolver e têm poder para isso. Este caso tem prioridade pois há vidas em risco todos os dias. Parabens pela sua luta.
Isabel

Mariana Santos disse...

Trabalho na Terrugem e já hoje tive que passar pelo caminho de sempre, entre o centro de Sintra e Lourel. A minha filha nunca andou na D. Carlos mas tenho uma amiga com dois miúdos ali na escola que já tem conversado acerca deste assunto porque tem de os levar e ir buscar de carro o que lhe causa grande desgaste. Hoje fui a observar com cuidado e tem toda a razão. É um perigo para as crianças. É preciso fazer alguma coisa e com urgência. Será necessário que morra alguém?
Mariana

Anónimo disse...

Sou uma mãe que quase todos os dias faço o percurso a pé, levo o meu filho de 5 anos e agradeço o seu interesse e a sua prontíssima intervenção. O andar a pé devia ser constantemente e intensamente recomendado, principalmente no nosso país. Pelos ganhos de saúde, de poupança monetária e redução de stress. As regalias são imensas, e até tem partes em que vista é bonita!!! Já agora reparem nas paragens de autocarro sem qualquer protecção, são, sem sombra de dúvida, um grande incentivo para as crianças, ao uso do transporte público!!!!De pequenino se começa a mostrar que é mau andar de transportes públicos espera-se ao frio e vento ou ao sol escaldante. E andar a pé só mesmo para os masoquistas ou para quem tem poucas alternativas. Portugueses e políticos percebam de uma vez por todas QUE O QUE É BOM PARA MUITOS TAMBÉM É BOM PARA UM - Dado que nós Portugueses só pensamos no bem para nós próprios, talvez assim percebêssemos...

P.S. Já agora lembro que além dos estudantes que fazem aquele percurso existem ali muitas empresas, um ginásio e piscina e a zona poderia também ser usada para estacionamento - DADA A FALTA DO MESMO - para quem precise de ir até à zona da Estefânia.