[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dentro de momentos...

Neste dia de rescaldo de eleições autárquicas, bastou que tivesse saído à rua para perceber como, na continuidade da actual presidência da Câmara, Sintra vai manter a desgraça dos sinais de inoperância geracional, bem patentes nestes últimos oito anos, no infeliz bairro da Estefânea, onde resido, no centro e coração do concelho.

Mais especificamento, a que me refiro eu? Olhem, a factores que parece não preocuparem nem o Presidente da Câmara nem, de facto, muitos cidadãos. É o trânsito caótico, o estacionamento anárquico ou a degradação, tão simbólica quanto patente e significativa, de tantos edifícios, nestes quarteirões definidos pelas ruas Heliodoro Salgado e Correnteza, Alfredo da Costa, a caminho da Vila Velha e do centro histórico também num estado absolutamente lamentável.

Trata-se de uma área cujo estado de ruína galopante tive oportunidade de fotografar para ilustração de um trabalho publicado pelo Jornal de Sintra, nas suas edições de 13, 20, 27 de Janeiro e 3 de Fevereiro de 2006. Na Alfredo da Costa, como a situação não melhorou e, pelo contrário, durante três anos, muito naturalmente, se agravou, existem dois prédios atraindo a curiosidade de muitos forasteiros, que não perdem a oportunidade para a fotografia de testemunhos tão preciosos da cultura do desleixo que Sintra tão bem preseerva.

Por outro lado, também é a falta de higiene nas ruas e em locais onde, embora lhes possa apetecer, não convém mesmo nada deixar que brinquem as criancinhas. Tal é, por exemplo, o caso da Correnteza, onde a situação atinge dimensões de flagrante perigo para a saúde pública a exigir intervenção radical, exemplar e consequente do Delegado de Saúde.

Parêntesis para esclarecer que intervim oportunamente, que denunciei a actuação da empresa municipal de Higiene Pública, não só acerca deste mas de outros casos sob sua esfera de actuação. Fi-lo há anos, já no mandato do actual executivo. Aos eventuais interessados, poderei remeter cópia da resposta da CMS, como prova insofismável da estratégia do sacudir a água do capote...

Fechado o parêntesis, deixai que continue, aconselhando vivamente quem ainda não se apercebeu do problema a deter-se na observação do pavimento. Apesar de lindíssima calçada à portuguesa, com todos aqueles motivos ondulantes, aquilo é um poço de infecções e de trampa acumulada, terreno escorregadio em dias de chuva miudinha ou de humidade mais abundante, coisa de perfeito terceiro mundo, à beira de varanda privilegiada de onde se alcança um dos mais deslumbrantes panoramas de Sintra.

E, uma vez que comigo estão nesta atitude de curiosa pesquisa dos desmandos locais, também sugiro se aproximem do parapeito para uma espreitadela sobre o Vale da Raposa. Aquele coberto estupendo de matizes de verde esconde um matagal absolutamente indecente, impróprio de um lugar que se reclama de capital do romantismo, nos termos da abjecta e indecorosa campanha que a Câmara pôs a circular nos últimos meses.

A que mais me refiro eu? Olhem, também à prática escandalosamente autorizada de autocaravanismo no parque de estacionamento do Rio do Porto, a escassos metros dos Paços do Concelho. Enfim, matéria é coisa que não falta para continuar a desfiar este o rol de desgraças que parece não afligir certos eleitores enquanto, a muitos outros, se afigura insustentável.

Para terminar com um sinal de positiva esperança, lembraria que Ana Gomes prometeu assegurar o cargo de Vereadora sem pelouro no futuro executivo autárquico. Se todos os que se insurgem com o statu quo quiserem, nada será igual nos próximos quatro anos. Uma oposição digna e consequente pode e deve suscitar a mobilização cívica de quem recusa o modelo de gestão autárquica vigente.

Para estes, que, democraticamente, admitem e assumem uma perda na disputa eleitoral, tal não significa que ficarão de braços cruzados. Muito pelo contrário, este resultado pode ser gerador de uma revitalização de atitudes cívicas, sem as quais impossível se torna a preparação da grande mudança que se perspectiva para melhorar a qualidade de vida dos munícipes, projecto demasiado ambicioso para a Coligação Mais Sintra a qual se revelou incapaz de o concretizar nos dois últimos mandatos.

Por enquanto, infelizmente, o programa mantém-se. É mais do mesmo, dizem alguns. Melhor expressão será a que assegura a continuidade do programa para já, dentro de momentos, mas com muita, com total dedicação...



7 comentários:

Anónimo disse...

O Dr Cachado não pode iludir o resultado da Coligação Mais Sintra. Ganhou com muito destaque e nos próximos quatroa nos vai concretizar as medidas que vão melhorar a vida de Sintra, por mais entraves que a Dra Ana Gomes ponha a funcionar. Até não acredito que ela seja capaz de conciliar o Parlamento Europeu com Sintra.
Rosário

Artur Sá disse...

Caro Dr. João Cachado,
Nestas coisas das disputas eleitorais não há gostos nem desgostos. Não há perdas nem ganhos mas mudanças ou continuação.
Em Sintra é a continuação. Não gosto mas não tenho outro remédio:respeito a decisão do voto do povo. Ninguém nos tira mais quatro anos da gestão de autarcas sem preparação para os cargos que ocupam há demasiado tempo. Em Sintra aconteceu o mesmo que por todo o país. Quem ocupava o lugar continua. Temos de aguentar mas podemos fazer um bocado de barulho apoiando a Dra. Ana Gomes e preparando o terreno para o futuro.
Saudações amigas do
Artur Sá

Fernando Castelo disse...

Meu caro João Cachado,

O comentário de Rosário deixa aqui algumas falsas questões que, salvo melhor opinião, não se revestem de um rigor apreciável.

Com efeito, em parte alguma li (Rosário poderá clarificar onde) que a Dra. Ana Gomes prometesse criar entraves ao funcionamento da Executivo Municipal.

É uma sintrense, votou em Sintra (julgo que em Colares), deu mostras de querer o melhor para Sintra.

Quem viu uma reportagem da TVI na noite das eleições, apercebeu-se que não contou com a dedicação militante (certamente a nível pessoal) de colaboradores da CMS, nem teve ao seu serviço nenhum gabinete de imprensa, nem fotógrafo oficial, nem despachou processos.

Por outro lado, nem ela nem o primeiro candidato à AM escreveram livros que pela sua qualidade justificassem bate-papos na RTP, até nem beneficiou de viagem de eléctrico com entrevista em directo e outras coisas por aí fora.

Acordos, Protocolos, promessas, estudos para daqui a não sei quantos anos, intenções, galas também eram difíceis de celebrar.

Veja-se, ainda, a contradição entre as alusões fantásticas a Sintra e à sua população que não justificou a exigência de um debate em Canal aberto na RTP ou noutra estação, antes se verificasse em canais fechados.

Certamente que Rosário não se apercebeu disto e de muito mais (que podemos aqui desenvolver), mas daí a falar em entraves...

Nota: Mesmo assim,os eleitores não se deixaram convencer por algumas figuras escolhidas a dedo para presidir a Juntas de Freguesia.

AUTARQUICAS 2009.SINTRA disse...

Cara Rosário,

A Coligação Mais Sintra, só poderia ganhar com muito destaque, após ter utilizado toda a "criatividade maquiavélica" que pôs em prática durante toda a campanha. A Dra Ana Gomes, foi alvo de entraves, e com toda a certeza que não irá agora colocar entraves, mas sim exigir o cumprimento do programa eleitoral do Dr. Fernando Seara. A ver se agora consegue fazer alguma coisita, já que não fez NADA durante 8 anos.

JustiçaporSintra

Anónimo disse...

Não esperava que as minhas palavras fossem assim tão polémicas. Quando falei em entraves não quis dizer que a Dra. Ana Gomes vá criar dificuldades prepositadamente. Embora não goste do seu modo muito pouco elegante de enfrentar o adversário não considero que seja uma pessoa maquiavélica. Mas repito que não deve ter tempo para conciliar duas coisas tão diferentes. Vereadora sem pelouro não significa vereadora que está ausente durante a semana toda no estrangeiro e vem um dia a fugir à Câmara de Sintra...

Rosário

Anónimo disse...

Exmo. Senhor,
Sabe-se que a Srª. Drª. Ana Gomes é uma mulher activa que participa de forma destacada nas coisas em que se mete. Foi esse o medo que assolou o poder dominante em Sintra levando a manobras de toda a espécie.
Não será fácil conciliar a sua participação no PE,porque não se limita a estar presente,com a sua ligação aos destinos de Sintra.Estou certa que gente de bem estará ao seu lado por cá,mantendo-a a par e par a toda a hora do que se vai fazendo e de como se vive.
Ainda sobre o comentário do Sr. Fernando Castelo também achei interessante que a assessora de imprensa,dizem na Câmara que requisitada à RTP, tenha aparecido a mostrar-se no espaço da candidatura partidária,juntando-se um quadro do urbanismo que costuma "transportar" processos.Ao fundo também se notava um candidato a emplastro,enfim, gente do candidato a presidente.
Nos últimos dias o nervosismo era notório entre algumas personagens que têm vivido com chorudos ordenados de assessores.Agora já têm sorrisos de orelha a orelha.
Com consideração,
Maria Ermelinda V.S.Lopes

Avelino Couto disse...

Caro João Cachado
Como candidato a Santa Maria que não conseguiu que as pessoas percebessem muitas das coisas que refere em seu texto, posso assgurar-lhe o seguinte: eu as pessoas da minha lista que vamos ficar na Assembleia de Freguesia iremos chamar a atenção para todas as situações que existem na freguesia e que tão bem vai retrantando nestes seus textos. Sabemos que a postura de quem governa a Junta será a mesma dos ultimos 4 anos, ou seja, rejeitar as nossas propostas ou então aprová-las e depois não fazer nada, como aconteceu com uma proposta nossa para que se rebaixassem todos os passeios nas zonas de passagens de peões, que foi aprovada por unanimidade e que depois foi esquecida. Frase tipica para não fazer: "Não é competência da Junta"
Quanto à Câmara e à oposição séria que a Drª Ana Gomes vai fazer, parece que já começou a preocupar algumas pessoas. Estaremos todos nas várias freguesias atentos para tudo o que se vai passando e a permitir que dessa forma os vereadores do PS façam uma oposição séria, com propostas sérias. E assim começaremos uma onda que permita aos sintrenses perceber quem marca a diferença.
Um abraço
Avelino Couto