[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 1 de outubro de 2009


Sintra e os slogans


No texto de Fernando Castelo que o sintradoavesso hoje acolhe com a habitual satisfação, o autor tece uma série de considerações afins do que é habitual designar-se como "marketing político", a propósito das mensagens que por aí andam nos cartazes de exterior neste momento de campanha eleitoral.

Com a minha formação de filólogo, muito mais levado seria a embrenhar-me em questões de semiologia, não tanto na perspectiva de Rolland Barthes e mais na de Ferdinand de Saussure, para me deter no sistema de signos e de comunicação vigente na sociedade local, no sentido de verificar, em termos da linguística científica, em que bases radicam os slogans objecto da análise de Fernando Castelo.

No entanto, se por esse caminho fosse, arriscar-me-ia a transformar esta despretensiosa página de blogue num paper de doutorando à procura de fazer currículo que, enfim, não é bem a minha situação... Aligeirando esta introdução, ainda a propósito, gostaria de esclarecer que a Academia das Ciências de Lisboa, no seu Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Lisboa, 2001, acolheu o termo slôgane, com esta que, portanto, deve ser a grafia preferencial.

E, a concluir, também informar que slogan, assim grafado, é palavra do léxico inglês, proveniente do inglês antigo, slogorn, e este do gaélico sluagb-gbairm, em que sluagb significa 'exército, hoste' + gbairm 'grito'. Em resumo, e, mais especificamente, 'um grito de guerra entre antigos clãs escoceses'. Na moderna acepção, teremos 'uma expressão concisa, fácil de lembrar, utilizada em campanhas políticas, de publicidade, de propaganda, para lançar um produto, marca, etc'. Não há dúvida, confere...

João Cachado

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Sintra e os slogans


Para as próximas eleições, apenas o slogan Dedicação Total eliminou Sintra do mapa da mensagem. Este eixo pessoal de comunicação leva ao star-system político, quando em democracia só os cidadãos devem ser as verdadeiras “estrelas”.

Das outras forças que disputam lugares, o BE espera Com as Pessoas, mudar Sintra, A CDU assume-se como Alternativa para Sintra Ganhar e o PS dedica-se Por Sintra, Por Si. São eixos democráticos, virados para a mudança e renovação.

Como não temos uma Lei de Protecção dos Cidadãos, alguns políticos usam a publicidade política, por vezes enganosa, para obter melhores resultados eleitorais. As regras do marketing da comunicação recomendam cautelas na busca insistente da boa imagem pública, para evitar os riscos de ambições exageradas, mas insistem...

Na verdade, a consolidação da imagem dos políticos deve apoiar-se em factos concretos como o cumprimento das promessas programáticas, a força inequívoca que é manifestada em todos os pormenores e não em flashes de interesse ocasional. Na política, os gulosos de poder, caem no erro de pretenderem reduzir o marketing político à sua publicidade, uma ousadia que cedo lhes limitará o futuro.

Há cerca de 60 anos, a propaganda teve algum êxito quando aproveitou fortes correntes de opinião e a sensibilidade das pessoas para as desviar para um campo mais “florido”, onde supostamente iriam encontrar a felicidade que não chegou. Hoje, a mesma técnica velha, mais um slogan de ocasião, não passarão disso mesmo.

Dos slogans mensageiros, a Dedicação Total, que denota um certo efeito de sedução, não passa do um novo look da Coligação Mais Sintra, como que uma novidade eleitoral desligada da gestão dos últimos oito anos. Os efeitos perversos surgem logo que o eleitor pergunta porquê só agora ou se antes não se justificava.

O Bloco de Esquerda propõe-se Com as Pessoas, mudar Sintra, numa mensagem a que as pessoas são sensíveis, já que andam ávidas de aceder a melhores condições de vida, sem que o tenham vislumbrado nos últimos mandatos.

A CDU apresenta-se como a Alternativa para Sintra Ganhar, convicta do seu empenho no trabalho autárquico e contando com a confiança dos eleitores para prosseguir o seu programa, devidamente escalonado e com prioridades conhecidas.

O Partido Socialista, a alternativa mais próxima da mudança, ao comprometer-se Por Sintra, Por Si, manifesta uma intimidade política de cumplicidade com os eleitores, contando com eles para a resolução dos problemas de forma partilhada.

Ressalta, pois, que as três candidaturas da oposição não precisaram de alterar os rótulos das suas opções programáticas, pelo que continuam facilmente entendíveis pelas diferentes camadas sociais, dispostas a renovar a sociedade em que vivemos.

Na escolha, os eleitores saberão avaliar – não pelos slogans, mas pelo trabalho – onde estão as garantias de um futuro com a qualidade de vida a que temos direito.

Fernando Castelo


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Sintra – Eleições Autárquicas

MANIFESTO DE APOIO A ANA GOMES

Através da nossa frequente intervenção cívica, quer em sessões de Assembleia Municipal e de Reunião Pública de Câmara, quer em artigos publicados em jornais e revistas regionais, blogues, etc., estaremos entre os sintrenses que mais frequentemente se manifestam pela defesa dos interesses da causa pública.

Neste contexto, quando se justificou, não regateámos apoio ao actual Presidente da Câmara, sempre no sentido de que o concelho desse passos rápidos para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.

Confiámos que, tanto o Património Histórico como as outras componentes Culturais e o Turismo sintrenses beneficiariam do anunciado desenvolvimento sustentado, aproximando-os das sociedades mais evoluídas, em condições ideais à recuperação do tempo perdido.

Ao longo de oito anos, sendo os últimos quatro com maioria absoluta, esperámos pela concretização de novos projectos em que Sintra pudesse ser mais do que metáfora utilizada em estéreis discursos políticos, antes um território de bem-estar colectivo, com manifesta evolução qualitativa.

Ainda que não se deixe de valorizar a desistência de construção do parque de estacionamento subterrâneo na Volta do Duche, ou a não concretização do famigerado Parque Temático Sintralândia, bem como a rejeição de um desadequado projecto para o Vale da Raposa, não podemos salientar outros actos particularmente relevantes.

Infelizmente, também não assistimos à concretização de estruturas determinantes da qualidade de vida, tais como parques periféricos de estacionamento, recuperação do Centro Histórico, matrizes incentivadoras do comércio de proximidade, uma nova rede de transportes públicos estratégicos, higiene urbana e turismo qualificado.

Esgotaram-se as nossas ambições de índole colectiva. Não obtivemos resultados compatíveis com a vontade expressa pelos munícipes, ao passo que elevados recursos financeiros foram canalizados para entidades cujos projectos não respondem às necessidades em presença.

Nestes termos, após detida análise, decidimos apoiar a candidatura da sintrense Ana Gomes, prestigiada figura da vida política nacional e internacional, porque se nos afigura como reunindo os meios e as condições bastantes para liderar o processo que conduzirá Sintra à fase de evolução positiva que merece

Na nossa qualidade de cidadãos independentes, gostaríamos de salientar que este inequívoco apoio à candidatura de Ana Gomes, nas eleições autárquicas, não deve ser entendido como extensível a qualquer das candidaturas envolvidas nas Eleições Legislativas.


Em Sintra, aos 23 de Setembro de 2009-09


João Cachado
Fernando Castelo

3 comentários:

Suzana Prates disse...

Hoje o artigo deste blogue tem três partes: a introdução do Dr. Cachado, o texto do Sr. Castelo e o Manifesto de Apoio à Dra. Ana Gomes. Em cada um se aprende. Obrigado
Suzana Prates

Anónimo disse...

Estou farta de slôganes (não é fácil escrever esta palavra no Português da Academia das Ciências...) de todos os partidos e de nada corresponder depois ao concreto daquilo que fazem. Já são muitos anos de engano. Desta vez não me apanham sequer a votar. E muitos e muitas vão fazer como eu pelo que a abstenção julgo que ainda vai ser maior do que nas legislativas.
Menos slôganes, menos publicidade, menos milhões gastos nesta verdadeira pouca vergonha da campanha eleitoral e talvez o povo comece a ganhar algum respeito.
Sílvia

João Borges disse...

De todos os slogans a Dedicação Total causa-me certos reparos. Até parece que durante oito anos o professor Seara não esteve totalmente dedicado a Sintra. E de facto, com tanta hora a ver futebol... Palavras e só palavras.
João Borges