João Cachado - Sintra
Stuart, Bartolomeu & etc
Tanto quanto já me informei, terá sido de excelente recorte a intervenção de José Jorge Letria, sobre Stuart Carvalhais, na última Assembleia Municipal de Sintra. O destino da casa do artista atesta bem do escandaloso desinteresse da Câmara Municipal de Sintra relativamente ao património imobiliário local por onde passaram figuras da cultura nacional e regional.
Enfim nada que me espante porque há muito tempo sei o que a casa gasta. A propósito, gostaria de lembrar o caso de um grande nome da Cultura Portuguesa dos nossos dias, falecido o ano passado, Bartolomeu Cid dos Santos, acerca de quem escrevi alguns textos na imprensa da terra e neste mesmo blogue. Era meu amigo, era um grande amigo de Sintra, comigo comungava o profundíssimo desgosto por ver Sintra chegar ao escandaloso estado de abandono que temos verificado nos últimos anos.
Sintra ainda não fez justiça à sua memória. Nada, absolutamente nada, nem sequer aquela coisa corriqueira que é dar o nome a uma rua. A CDU propô-lo como patrono para o Casa da Cultura de Mira Sintra, precisamente no mesmo dia em que, eu próprio, na Assembleia Municipal, chamava a atenção para a necessidade da homenagem que tardava.
Entretanto, como o homem era comunista, a Junta de Freguesia local, que ainda não se deve ter apercebido que o Bartolomeu era um dos mais notáveis gravadores, mesmo a nível mundial, não deu seguimento à proposta. Sintomático, não é?... Não percebem que Bartolomeu, como grande artista plástico, que os ingleses consideraram emérito, está para a gravura como, por exemplo, Paula Rego está para a pintura.
A diferença é que, em Cascais, a Cultura é encarada como coisa séria e logo se fez um museu para acolher a obra da artista. Em Sintra, onde a ignorância é proverbial, mesmo ao mais alto nível, um dia mais tarde, talvez só quando José Jorge Letria for Vereador da Cultura, se faça justiça a Stuart, Bartolomeu e a outros que, nos últimos oito anos, foram parar ao rol dos esquecidos da maioria que mantém o poder no executivo local.
4 comentários:
Eu estive na reunião. Confirmo grande intervenção de José Jorge Letria. Para quem tinha dúvidas sobre categoria do candidato a presidente dfa assembleia ontem ficou esclarecido ser homem de cultura muito bem preparado. Sintra está muito mal entrgue no campo da cultura. Tanto nos últimos dois mandatos como no tempo do PS, com Rui Pereira que não tem qualquer crédito neste aspecto. Cascais é outra coisa tanto no pelouro de cultura como na própri presidência.
Carlos António
Confirmo o anterior comentário. Sintra está mesmo mal entregue no aspecto cultural, tem-se andado de trambiqueiro em trambiqueiro que depois têm toda uma corte de ineptos minando tudo. Penso que tudo isto só é possivel graças a grande falta de cultura dos sintrenses que tem como consequência a pouca exigência, e se se exige pouco... como diz o ditado, albarda-se o burro...
Jose Julio Janota
Amigo Cachado,
Rui Pereira, Cardoso Martins e Luís Patrício foram os vereadores da cultura nos últimos doze anos, pessoas que não têm qualquer passado ligação a sector tão exigente. Por isso não admira que a vida cultural de Sintra seja tão pobre. Agora é o próprio presidente da Câmara que é uma autoridade no mundo do futebol que acumula o cargo com o pelouro da cultura.
Já se sabe que assim só podemos continuar a esperar a pobreza dos últimos anos. Custa muito aceitar que o Festival de Música de Sintra seja o que o meu amigo denunciou neste blogue no verão passado, uma sombra do que foi, uma coisa sem qualquer qualidade por causa dessa senhora que dirige o Olga Cadaval e que fez do festival uma mistura sem nexo nenhum.
Não há teatro de jeito, não há exposições capazes, não há cinema. O jornal de Sintra que já foi uma casa de cultura agora está irreconhecível. Comparando com Cascais e Oeiras, a situação de Sintra é uma vergonha.
Alberto Fernandes
Mas afinal...porque é que os elegeram de novo?Anda tudo a dormir ou os descontentes deixaram-se adormecer?
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