[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 3 de março de 2010

Dedicação Total,
episódio
escolar


Um perito avaliador do Tribunal da Relação de Lisboa atribuiu o valor de 1.191.408,92 de Euros às parcelas de terreno destinadas à construção da futura Escola Básica Integrada da Serra das Minas. Contudo, na sua reunião de 10 de Fevereiro, a Câmara Municipal de Sintra deliberou pagar ao proprietário dos mesmíssimos terrenos não o montante supra mas, isso sim, 1.510.000,00!

Mas porquê uma tal diferença? Enfim, não se trata desse tipo de manobra que, provavelmente, alguns dos leitores já estariam congeminando. De facto, 318.591,00 Euros será sempre muito dinheiro em qualquer altura e, ainda mais, em tempo de vacas magras. Afinal, muito simplesmente, terá acontecido que o executivo faltou ao compromisso com os eleitores - ou seja, de sempre actuar a favor dos seus interesses - não projectando nem planeando a construção desta unidade de ensino.

A óbvia consequência de tal omissão foi a ausência de projecto. E, naquela circunstância, a Câmara Municipal de Sintra não estava em posição de oficiar o Ministério da Educação para se proceder à expropriação dos terrenos. Tão simples como isto. E, se assim tivesse sucedido, naturalmente, muito teria baixado o valor a pagar.

Ora bem, isto é gravíssimo. É mesmo algo que não pode passar desapercebido. A coligação Mais Sintra e a CDU votaram a favor da liquidação. O PS votou contra e emitiu um comunicado de imprensa. Porém, como é público e notório, o assunto não tem qualquer notoriedade, os munícipes foram prejudicados e continuam sem saber que o foram e quem é o responsável pelo dislate.

Nestes termos, impõe-se encontrar uma estratégia de comunicação com todos os interessados no esclarecimento da situação, ou seja, nem mais nem menos do que os cidadãos do concelho. Uma vez que a Mais Sintra ganhou as eleições para poder ir (des)governando com as muletas do costume, pelo menos, que se denuncie, formal e eficazmente, os disparates que tanto prejudicam os interesses dos administrados e contribuintes.

Como tenho tido oportunidade de lembrar, tudo isto se passa depois da solene afirmação de que era a TOTAL DEDICAÇÃO que movia os candidatos dos partidos coligados ao abrigo de tal slôgane. É caso para perguntar se já terão imaginado o que nos esperaria se a dedicação não fosse total



4 comentários:

Rui Tomaz disse...

Caro João Cachado,
Por favor volte a escrever sobre a compra da Quinta do Relógio pela CMS que é o maior escândalo dos últimos tempos. a Câmara está aflita de dinheiro, não resolve o problema do estacionamento mas endivida-se aos milhões para comprar a Quinta e fazer um jeitinho ao proprietário...
Tem que se denunciar enão se pode parar.
Rui Tomaz

Fernando Castelo disse...

Meu caro João Cachado,

É uma pena que os actuais decisores de Sintra, que apenas ficarão na história pelos pedidos de empréstimo de milhões, não garantam que as Actas das Sessões estejam acessíveis através da internet. Talvez porque o custo não justificará o recurso a um qualquer sindicato bancário.

Algumas Actas, pelo menos das sessões privadas, revestem-se de pormenores interessantes.

Numa breve incursão pela Acta da Sessão de 10 de Fevereiro último, nota-se que, entre uma Proposta do Vereador Batista Alves (julgo ser Baptista Alves) sobre a utilização de uma loja no mercado de Queluz e outra do Vereador Lino Ramos para um contrato-programa com a Associação de Atletismo de Lisboa e mais um subsídio de 3000 euros, não poderia estar melhor encaixada a Proposta subscrita pelo Presidente (100-P/2010) para a celebração do pedido de empréstimo de 26.606.629 euros que inclui a QUINTA DO RELÓGIO.

Somos levados pela estranheza de tão enorme vocação para aplicar 6.750.000 euros num bem cuja recuperação tem um valor inimaginável e de que se desconhecem os fins em vista.

Tanto mais que se sabe, ou pelo menos se sente, a falta de vocação e a incapacidade para resolver graves problemas com incidência no bem-estar dos munícipes e no desenvolvimento económico e turístico - e de imagem - de Sintra, como é o caso de ausência de parques de estacionamento periféricos, acessos à Pena ou a recuperação das casas degradadas e "embrulhadas" na da Volta do Duche.

Dá que pensar. Talvez mais cedo do que tarde, se conheçam os contornos da insistência nesta transacção, que justifica as maiores reservas por parte da oposição camarária, embora apenas o PS tenha votado contra.

Resta acrescentar que, na mesma proposta, também aparece o Complexo Desportivo de Fitares que por razões conhecidas deixou de servir a comunidade. Mais 4.800.000 euros.

Por fim, doirando a pílula, são as Escolas Básicas, onde as ampliações em nove (9) envolvem 13.056.629,12 euros (veja-se o pormenor do acerto em cêntimos), correspondendo a uma média por escola de 1.450.736,57 euros.

Ficam, isso sim, grandes preocupações para o futuro, porque seremos nós, os munícipes, que nada vêem, quem terá de suportar os custos de medidas que nós próprios desconhecemos.

Depois, os responsáveis batem asas e partem com o futuro mais assegurado e risonho.

Salvador disse...

O nosso presidente da cãmara já se viu que é muito bom em duas coisas: futebol e propaganda. Como autarca já não pode dizer-se a mesma coisa.

Salvador

Anónimo disse...

Não concordo com o ultimo comentário! O f. seara tenta fazer do futebol filosofia, o que é patético. E quanto á propaganda, acho que é mais "banha da cobra"! Que se fique pela advogacia que por aí como grande aldrabão terá uma brilhante carreira.
Zé da Asfixia Democrática