Crescimento
ou desenvolvimento?
Ainda em relação à Carta Encíclica Caritas in Veritate, de S.S. Bento XVI, citada no último texto aqui publicado, convém lembrar que, muito naturalmente, é coisa de todos os tempos a preocupação em distinguir entre o essencial e o acessório. Na realidade, relativamente à questão do progresso dos povos, o que tem causado maiores entraves à sua concretização, é uma tremenda confusão de objectivos, fruto da dificuldade imensa do acesso ao verdadeiro conhecimento.
E, de imediato, proporia o que considero ser o cerne da questão. Ao fazê-lo, impossível seria afastar-me do caminho que, invariavelmente, desde a Antiguidade Clássica – e, apenas referindo o contexto mediterrânico – tem sido apontado por quem se preocupa com o progresso harmónico do Homem, ou seja, da distinção entre ser e ter.
O ter, ter cada vez mais, está próximo de uma perspectiva de crescimento económico. Crescimento económico tout court, puro e duro. O ser, ser cada vez mais, é afim do desenvolvimento. Esta última perspectiva enquadra, tão só, a única evolução que pode interessar, a autêntica revolução, a do desenvolvimento integrado do homem e dos povos.
Eis o grande objectivo. Nem mais! Depois de alcançado o patamar de satisfação das necessidades fundamentais e do bem estar, afins de uma vida sã e equilibrada, etapas e valores que, tão significativamente, ultrapassam o que se considera limiar da pobreza, a meta não pode ser outra: o ser em oposição ao ter.
Para o efeito, em qualquer latitude, e em última análise, relevante, essencial, será a escolha dos domínios de actividade que, de acordo com um trabalho colectivo e profícuo, sob a eficiente gestão de decisores políticos devidamente preparados, hão-de proporcionar o alcance da riqueza colectiva indispensável à sábia distribuição dos bens, para que seja possível a felicidade individual e comum.
Se o Papa, o Dalai Lama e todos os outros líderes espirituais da Humanidade não derem prova de preocupação com tais linhas mestras do caminhar do Homem, quem o fará? Os grandes pensadores, certos filósofos particularmente argutos? Pois sim. De vez em quando, até aparecem líderes políticos como, Mandela, Ghandi – ao fim e ao cabo, verdadeiras santidades – que apontam a esperança mais animadora.
Mas, infelizmente, como bem temos visto ultimamente na Europa, o mais certo é que, longe dos mecanismos que conduzem à lucidez, os cidadãos continuem a eleger, perversa mas democraticamente, os medíocres, os ridículos Sócrates, que aparecem na Ágora, descidos das berças remotas, armados em salvadores da Pátria. Como tão copiosamente, tem sido demonstrado, aqueles pobres títeres, jamais souberam e nunca saberão distinguir o essencial do acessório...
5 comentários:
Podem não saber distinguir o essencial do acessório mas enquanto andam por aí saiem muito caro e fazem estragos muito grandes.
Sousa Peres
O Sócrates e "os Sócrates" do PS, mais "os Sócrates" do PSD, do CDS e dp BE, têm feito um rico trabalho por Portugal...
Por acaso no PC não há "Sócrates" mas há quem sirva de
muleta ao Sócrates (sem aspas)
por exemplo para levar o TGV
desde o Poceirão ao Caia.
É a rica classe política do país. Tudo a mesma porcaria.
Como é que o povo não se há-de voltar para o futebol
e Fátima? O Sócrates e "os Sócrates" nunca representam
todos juntos os mesmos portugueses do que o Papa sozinho.
Devem morrer de inveja...
Nem mais, são marionetas muito caras de sustentar. São pessoas nada preparadas, não são estadistas como antigamente havia por essa Europa fora.
(Em Portugal, concordo totalmente com o J. Cachado, estadista só a Maria de Lourdes Pintasilgo que estava muito adiantada em relação ao seu tempo).
Veja-se o que o Sócrates foi fazer a Paris e Bruxelas, uma autêntica marioneta, comandada pelos poderosos a imporem o que querem e apetece.
Carlos S. Rodrigues
Os meus parabens por estes artigos sobre a vinda de Bento XVI. O seu blogue cada vez mais é uma referência para além de Sintra.
Essencial?
-seriedade, honestidade, dignidade.
É necessário pedir a um primeiro ministro que seja sério, honesto e digno? Pelo que se vê, em Portugal é mesmo.
Enquanto os políticos não obedecerem a estes princípios o futuro vai estar sempre comprometido. Quer dizer, as crianças e os jovens já estão prejudicados. Estes políticos já estão a mandá-los emigrar...
E. Gonçalves
Entre crescimento e desenvolvimento Portugal escolheu o primeiro. Há muito tempo. Deixámos de aguentar a crise nacional que já tínhamos acumulado e o presente governo de imbecis não está ao nível de poder resolver problemas tão difíceis. Como já vi escrito neste blogue, são marionetas a mando de Bruxelas. Mais nada.
Pedro Neves
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