[sempre de acordo com a antiga ortografia]
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Elementos do grupo do "Conversa Fiada"
Um manifesto da intervenção
Clube de tricô Conversa Fiada,
atitude cívica
Os membros do Clube de Tricô Conversa Fiada reúnem-se, semanalmente, à quarta-feira à noite no Saudade, Amor e Arte, em Sintra. A arte de envolver elementos do património público com tricô que, de algum modo, suscitam intervenção cívica, foi iniciada nos EUA em 2005, sendo conhecida por Yarnbombing. Em Sintra, inspirado neste movimento que já se espalhou por todo o mundo, o Clube de Tricô Conversa Fiada vem fazer a sua primeira intervenção.
Foi no Largo do Morais que o Departamento de Parques e Jardins selvaticamente podou as árvores, há umas semanas atrás. O critério utilizado ronda o incompreensível. Vejamos. O jardim que ali se encontra, com bancos convidativos a uma pausa para quem sobe da Estefânia para S. Pedro, foi deixado sem uma única sombra. Todos os plátanos foram decepados dos seus ramos.
As árvores da Rua D. João de Castro foram objecto de intervenção absolutamente absurda, efectuada num lugar tão característico de Sintra. Logo no início, temos várias tílias completamente decapitadas dos ramos que estavam já cobertos de folhas (este ano já não voltarão a rebentar), outras às quais foram cortados os ramos alguns metros acima do tronco e, pasme-se, logo a seguir, um conjunto de árvores exuberantes de folhagem bonita, onde a motosserra não tocou.
Que critério tão discriminatório foi utilizado no tratamento dado a estas árvores? Onde estão os técnicos da Câmara a quem foi ministrada, em Abril de 2009, a formação adequada para que “(…) se as árvores de Sintra pudessem ver-se ao espelho, gostassem da imagem reflectida e louvassem o cuidado posto na sua fisionomia saúde e preservação(...)”? “Coisas d’Árvores,” Abril 2009.
Por isso, decidiu o Clube de Tricô Conversa Fiada vestir simbolicamente estas nossas amigas.
Até quando vamos assistir a estes atentados? Só pela simples razão de que, em anos anteriores as podas foram assim efectuadas? Lamentamos profundamente a falta de cuidado que a Autarquia tem demonstrado em relação às nossas árvores, património natural fundamental para que Sintra esteja classificada pela UNESCO como Paisagem Cultural da Humanidade.
Clube de Tricô Conversa Fiada
..........
Mas que grande poda!...
O cenário arbóreo que aí vai pelas ruas da vila, resultante de intervenções levadas a cabo pela Câmara Municipal de Sintra, é perfeitamente lamentável. Por certo, ninguém teve em consideração as sábias palavras que passo a transcrever:
“(…) Qualquer supressão de que resulta um aspecto definitivamente mutilado da árvore, deve considerar-se inadmissível visto comprometer definitivamente a finalidade estética da planta ornamental. É preferível nesse caso a supressão pura e simples do indivíduo. Apenas se exceptuarão os casos raros de indivíduos vegetais ligados a factos históricos ou quando se pense que seja possível uma reconstituição aceitável da planta.
Normalmente os cortes devem fazer-se de modo a não se notarem. O maior elogio que se pode fazer a um podador de árvores ornamentais é que não se perceba que a árvore foi podada. A forma natural da árvore é perfeita e portanto não é necessário corrigi-la no sentido estético nem fisiológico (…)”
A Árvore em Portugal
Francisco Caldeira Cabral
Gonçalo Ribeiro Telles
Acrescentar o quê? Incompetentes, incapazes e outros adjectivos que a autarquia não regista na folha de avaliação anual dos responsáveis por desmandos que tais? Sabem, mais não é do que a casa gasta…
Entretanto, com este triste episódio, aprendi que o tricô também pode servir para o combate cívico na comunidade. A propósito, apetece aproveitar o tema musical da canção do José Mário Branco e cantarolar
o tricô é uma arma,
e eu não sabia…
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13 comentários:
Caro João Cachado,
As podas na rua perpendicular à Dr. Desidério Cambournac que vai dar à Escola D. Fernando II ainda trataram pior as árvores do que no caso do Morais. Trata-se de um escândalo tão grande que não percebo como os jornnais e as televisões não aparecem.
Rui Lima
a cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
há canta por interesse
há quem cante por cantar
há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
para não perder o lugar
a cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
O faduncho choradinho
de tabernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções
a cantiga é uma arma
(contra quem?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
Se tu cantas a reboque
não vale a pena cantar
se vais à frente demais
bem te podes engasgar
a cantiga só é arma
quando a luta acompanhar
a cantiga é uma arma
contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
Uma arma eficiente
fabricada com cuidado
deve ter um mecanismo
bem perfeito e oleado
e o canto com uma arma
deve ser bem fabricado
a cantiga é uma arma
(Contra quem camaradas?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
a cantiga é uma arma
contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
contra a burguesia
E em S.Pedro?No Largo do Fetal,ou 1Dezembro?No Largo D.Fernando II,em todo o lado,por toda Sintra.Ninguém faz nada, ninguém diz nada,ninguém avalia...onde é que chegámos?
Ainda ontem, assisti à revolta dos pais da EB1 do Linhó, perante a clareira aberta no recreio, pelo arranque de duas frondosas árvores que faziam sombra às brincadeiras das crianças e sabem porquê?Porque é preciso instalar a canalização, para as obras de ampliação da escola.
Margarida Paulos
João,
Estes trabalhos de poda de árvores não se fazem desta maneira assassina nem nesta altura do ano. A ideia do clube de tricô denunciar a situação é formidável. Mas a maneira como o João Cachado trabalhou o assunto também é muito boa: diz o que aconteceu e traz as palavras dos peritos mais conhecidos, depois escreve sobre a decisão do clube de tricô e por fim relaciona com a música. É uma grande lição de animação cultural. Já li o que o comentário do Eduardo Alves sobre o texto da Condessa que me fez escrever isto mesmo. Abraço, Ilda Ferro
Desde o início dessas podas e abates que entre outros o blog RiodasMaças tem denunciado o acontecido, com fotos elucidativas e, nessa altura foi entregue ao sr. Presidente da Câmara uma Petição que continua a receber assinaturas. É graças a esse blog e à Sombra Verde e Árvores de Portugal, que finalmente chegou aos meios de comunicação o modo selvagem como as árvores têm sido tratadas nesta terra!
http://riodasmacas.blogspot.com/2010_01_01_archive.html
http://riodasmacas.blogspot.com/2010/05/repercurssoes-iii.html#links
http://www.peticao.com.pt/arvores-de-sintra
Se há sintrenses que só agora se aperceberam do que finalmente, foi interrompido, andavam mto pouco atentos...
um seguidor dos blogs em causa
A verdade é que não foram os blogues mas
ESTA ATITUDE DO "CLUBE DE TRICÔ" QUE CONSEGUIU TER ESTE IMPACTE PÚBLICO.
Não foram os blogues. Ou agora para ser sintrense atento é preciso andar a ler os blogues?
Há muita gente que não lê blogues e que faz mais por Sintra que todos os blogues juntos.
Aliás
OS BLOGUES REFERIDOS ESCREVERAM MUITAS ASNEIRAS SOBRE OS CORTES DE ÁRVORES
na PSML que o J. Cachado esclareceu no sintradoavesso que não precisa nada da minha defesa mas a verdade é que mais uma vez foi só neste blogue que li a opinião dos peritos mais conhecidos e respeitados.
Uma sintrense atenta aos blogues e ao resto...
http://www.arvoresdeportugal.net/2010/01/pesadelo-em-sintra/
Desde Janeiro que tudo está devidamente documentado, com fotos e as devidas apreciações.
Vejam td o que seguidamente há sobre Sintra em
http://sombra-verde.blogspot.com/2010/01/perigosas-e-erradas-tradicoes.html http://www.arvoresdeportugal.net/2010/01/pesadelo-em-sintra/
http://www.arvoresdeportugal.net/2010/04/destruir/
http://riodasmacas.blogspot.com/2010/04/na-primavera-as-arvores-de-sintra-ficam.html
E muito mais que poderão encontrar nos referidos blogs devidamente documentadas.
Só depois do desenvolvimento que veio de tudo isto e de mtas fotos do Morais, R. D. joão de Castro e Av. etc., houve reacções nos jornais e do Clube do Tricô e no Sintra do Avesso, face ao Comunicado da Quercus.
(já agora mtas das fotos do Lg 1º Dezembro, Morais, R. D. João de Castro, etc., foram enviadas por mim...)
Face ao sucesso da intervenção do Clube de tricô "Conversa Fiada" sobre as podas em Sintra, gostaríamos de agradecer aos Blogues, Rio das Maçãs, Sintra do Avesso e a Luis Galrão do DN, a cobertura e divulgação desta nossa inicíativa.
Ana d'Oliveira
12/5/2010- http://riodasmacas.blogspot.com/2010/05/repercurssoes-do-comunicado-arvores-de.html
21/5/2010 - intervenção do Clube Tricô
Sou membro do Clube de Tricô "Conversa Fiada" e "espectadora" atenta daquilo que se escreve sobre o Concelho de Sintra.
Posso dizer, com absoluta segurança, que esta iniciativa mais não foi do que o complemento e reforço de tudo o que denunciaram os blogues, nomeadamente o “Rio das Maçãs" e o “Sintra acerca de” que levaram o assunto para o “Árvores de Portugal".
Para quê estar a criar polémicas puxando louros para uns ou para outros? Todos somos poucos e, não nos devemos esquecer nunca de que, SÓ A UNIÃO FAZ A FORÇA.
Esse é o meu lema sempre.
emilia reis
Aliás, o Dr. João Cachado tinha conhecimento da petição que começou em Janeiro (aquando da intervenção no Lg.1º de Dezembro), foi assinada e comentada por ele, se não deu conhecimento disso aqui antes, foi porque teve coisas que achou mais importantes:
"248-João Cachado-A única entidade que, em Sintra, nos dá um mínimo de garantia de correcto procedimento nas operações relativas à condução das árvores é a Parques de Sintra Monte da Lua. Já deram sobejas provas de competência. Quanto à CML, não direi que não há por lá gente capaz mas o que parece não existir é uma estratégia e programas consentâneos com as necessidades."
Por vezes todos nos esquecemos do que se lê por aqui ou por ali.
Outras vezes, por distracção - só pode ser - nem tomamos atenção ao que vai sendo denunciado por outros, preocupados que estamos com as nossas convicções.
No fundo, estamos no mesmo barco mas parece que não, correndo o risco de ser mal interpretados.
Entre várias e muitas denúncias, ainda gostaria de chamar à colação a peça aqui publicada na terça-feira, 27 de Outubro de 2009, sob o título "Árvores? São para cortar...".
E, já agora, permitam que recorde a leitura dos comentários.
Em síntese, parece que há muita gente preocupada com as árvores de Sintra e não só. Mas também há quem apanhe o eléctrico quando ele já vai em andamento.
A mim parece-me mais que houve alguma coisa que atrasou estas podas. Isto não vai a concurso na Câmara?
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