[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sintra,
alguns pendentes (1)

Em Sintra, não faltam casos que, durante anos, permanecem escandalosamente pendentes. Um dos mais conhecidos, que mais atenção me tem suscitado, tanto nas páginas do saudoso Jornal de Sintra como no sintradoavesso é o que se relaciona com a controversa gestão do biólogo Paulo Serra Lopes na Parques de Sintra Monte da Lua. A atestar, leia-se o último texto aqui publicado.

Quando está em jogo a utilização de dinheiros públicos, quem pode satisfazer-se com a justificação de que terá havido aquilo que oportunamente foi noticiado como gestão irregular? Não, enquanto não se souberem os pormenores, como foi, a quanto monta o estrago, etc., não se pode silenciar a coisa.

A memória dos munícipes não é curta. Se há quem o julgue, o melhor é desenganar-se. Aliás, mesmo que sobreviesse alguma amnésia comunitária, tenho a certeza de que sempre haverá quem se encarregará de lembrar o que, de modo algum, poderá fechar-se nalgum providencial armário, daqueles para onde se remetem os cadáveres incómodos...

Por outro lado, a morosidade da justiça dá um jeito incrível a quem joga numa certa forma de estratégico esquecimento. Reparem que já remonta a Fevereiro de 2008, a infeliz situação que conduziu à trágica morte de duas irmãs numa estrada de Belas, na sequência de uma cheia que só veio pôr a claro um encadeado de desleixos.

Ainda se lembrarão que o Presidente da Câmara, pouco antes de fazer o minuto de silêncio - com que, entre nós, se limpam as consciências mais pesadas - logo se apressou a esclarecer que aquela não era uma estrada municipal? E, a propósito, ainda se lembrarão que o advogado António Pragal Colaço, mandatário judicial das famílias, que anunciara ter movido um processo contra a Câmara de Sintra e a Estradas de Portugal por homicídio por negligência, acabaria por desistir da causa?

Provavelmente, no entanto, já terão esquecido que motivo tão determinante terá levado o causídico à desistência da causa. Pois, dando-se ao trabalho de voltar ao texto aqui publicado no passado dia 4 de Março, subordinado ao título Belas, temporal de 2008, desleixos e tragédia, não deixarão de entender como o benfiquismo do Presidente Seara e do advogado Colaço, pode ser tão avassalador que se sobrepôs a valores tão caros aos homens de Direito, como o patrocínio dos clientes...

(continua)

João Cachado


3 comentários:

Gilberto Pato disse...

A memória das pessoas é mesmo curta. Tenho a certeza que só as famílias dessas desgraçadas se lembram da tragédia. Os políticos como o Seara fizeram o minuto de silêncio e 99,9 % dos munícipes já se esqueceram completamente do caso. Se é pendente tem de deixar de ser.
É bom chamar a atenção.

Gilberto Pato

Rodrigues Lopes disse...

Há muitos outros assuntos pendentes. E mesmo casos de mortes como os alunos do Cacém. Não sei como o Seara pode dormir descansado.
Rodrigues Lopes

Anónimo disse...

Com mais ou menos mortes, Sintra continua na maior. Qual responsabilidade, qual cidadania.