Centro histórico de Sintra,
Defender a dignidade
Pode inventar-se congressos mundiais, falar de Património, apelar ao voto em Sintra como Maravilha Natural, se tudo isso não for acompanhado de medidas inequívocas que garantam a respeitabilidade dos lugares e a preservação da dignidade, andamos num mundo de falsos indicadores, sem objectivos claros.
Como é possível que em pleno Centro Histórico de Sintra, o parque de estacionamento automóvel do Rio do Porto, tal como alguns lugares de parqueamento um pouco acima na Volta do Duche, se tenham transformado em locais de férias com pernoita em auto-caravanas? Isto só em Sintra!...
Seria impensável que autarcas de Évora, Óbidos, Ponte de Lima ou, aqui ao lado, Cascais, se sentassem sobre a indiferença, com auto-caravanas a pernoitar nos locais históricos dos seus concelhos.
Mas, por aqui, tudo parece ser possível, receando-se que sejam os próprios responsáveis autárquicos a dar indicações às autoridades para que não actuem. Se assim não fosse a situação já estaria há muito resolvida e debelada.
Como a procura tem aumentado, provavelmente em resultado de uma organizada recomendação, não é de excluir que, a prazo, se venham a verificar problemas de autoridade, com a complexidade que seria evitada se não tivesse havido tanta complacência.
O local não se destina à prática de caravanismo, muito menos para pernoitar, não só porque não oferece as infra-estruturas necessárias para o efeito como compromete ainda as condições de segurança dos utilizadores, facto que as autoridades não podem escamotear.
Apesar de tudo, em plena zona histórica, esta prática é inadmissível.
Os discursos inflamados devem prevenir que, como se diz na gíria popular, "o pé não fuja para o chinelo".
A Câmara Municipal que arranje – se considerar que nisso deve insistir – um local adequado para os auto-caravanistas pernoitarem, excluindo-se, como é óbvio, as zonas históricas e o Parque Natural.
Estranhamente, instituições sintrenses que invocam o Plano de Urbanização de Sintra (De Gröer) e embargos quanto a soluções hoteleiras, até excessos de quartos, mantêm-se silenciosas perante o anormal aumento de dormidas no parque de estacionamento.
Imagens como a que abaixo se apresenta não deveriam ver-se, para a dignidade que o Centro Histórico deve merecer.
Fernando Castelo
15 comentários:
Meu Caro Fernando Castelo,
Quando o meu amigo alude ao aforismo popular, não posso estar mais de acordo em como "o pé a fugir para o chinelo" é algo que se aplica, que nem uma luva, ao caso sintrense.
De facto, em Cascais ou Óbidos -onde os presidentes das respectivas Câmaras Municipais, não sofrem da tal «síndrome chineleira» - este caravanismo, em pleno centro histórico, seria perfeitamente impossível.
De qualquer modo, também nenhum dos dois autarcas, nem o nosso vizinho nem o da região Oeste, se atreveria a insinuar aos munícipes e seus potenciais votantes que os recordassem com qualquer atributo afim do seu clubismo... Ou será que alguém já se esqueceu do que, em Sintra, aconteceu com o famoso careca do Benfica, Nandinho, Nando, ou Fernando sempre à disposição dos futebóis, etc, etc?...
A Sintra de outros tempos - que jamais precisou de se promover através de campanhas rascas como essa da capital do romantismo, servidas por uns epifenómenos espalhafatosos que passam nas televisões como cromos de uma fauna inqualificável - foi servida por autarcas qu poderiam ser conhecidos por tudo o que se quisesse mas, jamais, por lhes fugir o pé para a chinela...
São sinais dos tempos, meu caro Castelo. São sinais que condizem, perfeitamente, com os pontapés na gramática do vereador desta mesma Sintra, que não sabe a conjugação pronominal e diz "puzi-o", coitado, deixando que se lhe perceba o berço, a licenciatura que terá feito e as leituras que não fez nem faz...
Nas mãos desta gente, como ser surpreendido com o caravanismo no Rio do Porto, em poses tão sugestivas como a que fotografei e fiz publicar, há meia dúzia de anos, no saudoso (hoje desfigurado...) Jornal de Sintra, com mesa de picnic e corda com roupa estendida a secar?
Sim, Castelo, que estas cenas edificantes, têm anos e anos em cima, andamos a denunciá-las nos jornais, neste blogue, em cartas à autarquia, sem que haja uma reacção com a dignidade que Sintra merece.
Aquilo que o meu amigo dá a entender, isto é, que a autoridade policial deve ser solicitada pela autarquia no sentido de «ser tolerante» é algo que eu tenho por coisa certa. Infelizmente. Incapaz de ter resolvido os problemas mais instantes da comunidade, na sede do concelho, a autarquia não tem outra solução que não seja interceder junto da autoridade com o objectivo de perdoar aos prevaricadores todas as faltas que por aí se verificam.
Sintra está a viver o período mais negro da sua história recente. Estes senhores esquecem que a História é implacável. Assim como, hoje em dia, até somos capazes de recordar medidas interessantes, de edis sintrenses, tão diferentes como, por exemplo, o General Craveiro Lopes, José Alfredo da Costa Azevedo, Dr. Távares de Carvalho, também somos capazes de adivinhar como, no futuro, serão lembrados aqueles que nos têm (des)governado nas duas últimas décadas...
Todavia, com o proverbial optimismo que o meu amigo em mim reconhece, ouso continuar contribuindo para que esta nódoa dos nossos dias deixe de alastrar.
Basta de ordinarice, basta de porcaria, da tal cultura do desleixo que inquina os lugares e até acaba por contaminar a vontade de quem pretende servir capazmente.
Ouso esperar que os nossos filhos e netos ainda tenham o privilégio de viver numa terra que, afinal, merece ser tratada pelos responsáveis, tão somente, como para ela trabalham os meus bons amigos da Parques de Sintra Monte da Lua, na Pena, em Monserrate, nos Capuchos, no Castelo dos Mouros, nessas matas, jardis e parques à sua guarda.
Desejando o melhor para Sintra, não poderia terminar com melhor voto. E, para si, o abraço amigo e cúmplice do
João Cachado
Dentro do que vem sendo feito só falta licenciar roullotes até às duas da manhã para abastecer os turistas de cachorros e uma ou duas vezes por semana umas sardinhadas com fados de preferência por fadista medalhado. Aos sábados podem estacionar no largo Virgilio Horta para casos de mais luxo e que em baixo esteja muito cheio.
Os senhores foram recentemente à farmácia da Vila?
já lhes deram a notícia que foi vendida?
Irá fechar ?
E, nós residentes como ficaremos?
Ontem uma senhora que mora para os lados da câmara estava de manhã na farmácia a falar sobre este problema mas não percebi muito bem,é como o banco que fechou os correios abrem tarde e fecham ao almoço e os vezinhos olham para o lixo entre a rua da Biquinha e a igreja com as pessoas lá`há espera das carreiras mas ninguém liga.Algumas pessoas julgam que os senhores da vila é que mandam cá e a prova de que não vale a pena andarem de costas vergadas.Agora vamos a ver por que falta faz muita a farmácia mas o careca resolve tudo e com umas queijadas então até lhe batem palmas mesmo que feche.
Deve ser por causa desta venda que agora uma das farmácias de serviço em Sintra fica na Várzea... Quem não tiver carro que vá de taxi.
Na Várzea e na Beloura, parece-me que passou a apanhar as freguesias e não Sintra em si.
(e nós somos meros bonecos)
Os senhores são mesmo elitistas, porque quando as questões são postas pelo povo, que não teve oportunidade de sair daqui, de estudar e de viajar para ficar culto como vós, não ligam.
Mas somos nós, os sem cultura e dinheiro para ir ver coisas boas a outros países que temos que viver cá, apenas com o que nos dão e nos tiram.
Pois ...
Ver:
Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal
- Autocaravanismo, nomeadamente: direitos e deveres de qualquer autocaravanista
http://www.fcmportugal.com/PresentationLayer/conteudo.aspx?menuid=878&exmenuid=816
O medo dos anónimos é legitimo, ora vejamos:
Conforme despacho publicado no site do Infarmed:
"Dando cumprimento ao n.º 2 do Artigo 24.º....pedido de transferência da Farmácia Moderna, sita em Almoçageme ... para o Centro Comercial Feira Nova, Loja 2A, no IC 19, Alto do Forte, freguesia de Rio de Mouro.."
Agora só lá existe uma para-farmácia !!!
Caro João Cachado,
Os dois últimos comentários, desnecessariamente ANÓNIMOS, justificam alguns esclarecimentos.
O primeiro, que sugere a leitura de boas regras do auto-caravanismo, mostra claramente que é uma ctividade com regras e respeitos a cumprir. No caso aqui denunciado, as responsabilidades são da Câmara e das autoridades constituídas (por vezes tão rigorosas noutros casos) admitindo-se que estejam a tolerar esta situação aberrante por indicações de altos responsáveis autárquicos.
É óbvio que em pleno Centro Histórico, aquilo a que se assiste só na linha dos responsáveis autárquicos que temos. Curiosamente, alguns dos mais ferozes "combatentes" contra o parque de estacionamento que a Dra. Edite Estrela ali queria construir, agora estão silenciosos.
E como cada um puxa a brasa à sua sardinha, em breve mostraremos mais fotos do local, onde é fácil passar 8 ou mais dias de férias em Sintra, dormindo no Centro Histórico, fazendo uns bons grelhados com carvão.
Em segundo lugar, a questão da farmácia: Não corresponde à realidade o que aqui é dito sobre a para-farmácia do Feira Nova. Efectivamente há uma para-farmácia no interior do hipermercado e uma farmácia na parte exterior.
Coloca-se uma questão justa: Como é possível o licenciamento ou a transferência de uma farmácia para tantos quilómetros de distância? É verdade. Não parece, no entanto, que a situação da farmácia da Misericórdia seja a mesma. Até porque a menos de 1 km, há duas outras farmácias na Estefânia e mais na Portela.
Não quero com isto dizer que esteja de acordo com o perigo de uma eventual "deslocação", a que os políticos que estão a gerir a nossa autarquia são tão indiferentes como no que se liga a assistência médica.
Como exemplo, direi que pessoas moradoras na freguesia de S. Pedro (que é muito mais que aquele burgo) em aldeias como a Abrunheira ou mesmo na Beloura, tinham o centro de Sintra e passaram para a Várzea!!! Isto é, mais de 10 quilómetros de distância para ir a um médico de família e correr o risco de não ter consulta.
Os melhores cumprimentos,
Caros leitores,
Façam o favor de aceder ao site da Federaçãpo de Campismo e Montanhismo de Portugal
http://www.fcmportugal.com/PresentationLayer/conteudo.aspx?menuid=878&exmenuid=816
conforme sugestão ontem publicada em comentário supra (10/08/10 22:36).
Depois de lerem o que lá está registado acerca do autocaravanismo, pronunciem-se.
Comentem mas, não esqueçam, tenham sempre em consideração que, em Sintra, O AUTOCARAVANISMO COM QUE, DE MODO ALGUM, ESTOU DE ACORDO, É O QUE SE PROCESSA EM PLENO CENTRO HISTÓRICO, NO RIO DO PORTO, A ESCASSOS METROS DOS PAÇOS DO CONCELHO cuja denúncia tenho feito ao longo dos últmos anos e que foi objecto do texto do Fernando Castelo aqui publicado.
Insegurança, falta de higiene, desleixo das autoridades, eis o somatório de dislates com que nos confrontamos naquele lugar. A menos que, sob o leque protector da famigerada «tolerância», tudo se admita...
A tal campanha «capital do romantismo», tem servido, irónica e maldosamente, para conotar Sintra com a existência de uma série de motéis na periferia, onde, apressadamente, são despachadas as aflições amorosas mal contidas.
Agora, com o autocaravanismo, mesmo nas barbas dos autarcas, a provinciana e bacoca «capital do romantismo» abriu a porta a mais uma série de anedotas. Para já, contribuirei com a primeira: vem aí a "sucursal" «amor e uma cabana (de rodas...)». E bom será que nos preparemos para o «amor em saco-cama», muito mais portátil, e praticável em tudo quanto possa ser lugar sofisticado e pitoresco...
Em Sintra? - Tudo é possível...
João Cachado
O alvará de Almoçageme foi vendido e foi deslocado p/o Feira Nova. É em Almoçageme que passou a haver só para-farmácia!
Exemplo de estação de serviço p/caravanismo:
http://www.cm-batalha.pt/?pagina=turismo&area=autocaravanismo
Obrigado, caro Anónimo, pela achega que dá, permitindo que se tenha uma visão mais larga do que não deveria acontecer em Sintra e degradação do seu Centro Histórico.
Os autocaravanistas têm direito a exigir locais adaptados à sua prática. Infelizmente, nesta como noutras áreas, a Câmara de Sintra não teve capacidade de disponibilizar a resposta necessária.
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