[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 22 de agosto de 2010

PATRIMÓNIO DE SINTRA,

A HISTÓRIA TERÁ VALOR?












Começamos a nossa crónica de hoje sem observar o sentido estético das imagens, mas o sentido da história a isso nos aconselha.

As fotos acima, identificam aquele fontanário secular que existia no Largo Afonso de Albuquerque, em plena zona nobre de Sintra - A Estefânia.

Tudo indica que, pela conjunto dos presentes e suas indumentárias, a primeira das fotos se reporta ao acto da inauguração, vendo-se mais pormenores na segunda.

Temos a obrigação de honrar esses Homens que viveram Sintra noutra época, em que a vida local se guiava por padrões mais éticos do que simples passagem por cá para ajudar a satisfazer ascensões políticas.

Sucede que, em Outubro de 2007, um ou vários gatunos, sabe-se lá se por encomenda, (disse-se na altura que as autoridades estavam a investigar...) levaram a parte superior da fonte.

Uns dias depois, a maior parte do fontanário (que não foi roubada) constituída pela coluna de suporte e duas pias, foi retirada do local...e o pavimento rapidamente reconstruído, como se nunca lá tivesse estado aquela peça histórica.

Frequentemente, abordando algumas pessoas, as expectativas apontavam para a rápida reconstrução da parte roubada e recolocação do fontanário no seu lugar.

Decorridos quase 3 (três) anos, tenho feito um pequeno teste: pergunto a pessoas com responsabilidades locais e a resposta já é "a fonte? Foi roubada...".

Isto é, o fontanário já adquiriu o estatuto de roubado na sua totalidade, graças aos poucos cuidados tomados pelos responsáveis pela remoção.

É assim que se defende o património de Sintra? Não, e temos a abrigação de exigir que o fontanário volte ao seu devido lugar, antes que um dia, sabe-se lá como, venha a enriquecer uma qualquer quinta das redondezas.

Muitos sintrenses ainda não se esqueceram que a Fonte Mourisca, quando foi desinstalada do seu local original, veio a aparecer numa quinta...

Por tudo isto, no passado dia 10, escrevi ao Senhor Presidente da Cãmara a solicitar informações sobre o "referido espólio histórico, se está a ser recuperado e se é possível visitar o local onde a fonte se encontra, sob guarda e responsabilidade dessa Câmara Municipal". Até hoje sem resposta.

Aqui fica o alerta para a sensibilidade de quantos, efectivamente preocupados com a riquíssima História de Sintra, não estão dispostos a que o seu património possa ser engavetado em qualquer lugar.


Sintra não pode estar à mercê de quem tenha uma visão histórica tão curta.

Fernando Castelo

Nota: Pelo sim, pelo não, apela-se aos nossos visitantes que fixem as imagens. Pode ser que um dia, numa voltinha pelos arredores, vejam algo parecido.

As fotos foram gentilmente cedidas pelo Arquivo Histórico



1 comentário:

Anónimo disse...

Este assunto não é, infelizmente, original no concelho de Sintra.

Hâ cerca de 20 anos, a Câmara Munipal de Sintra, retirou a totalidade do fontanário do Cacém, para os armazéns da Câmara, com o argumento de uma suposta intervenção que ia realizar.

Passaram-se anos e o fontanário sem regressar, correndo o risco de cair no esquecimento e desaparecer.

Só a persistente acção do Presidente da Junta, Sebastião Antunes, conseguiu que perto do final do primeiro mandato de Edite Estrela, o fontanário voltasse ao seu lugar.

Há que continuar a insistir, porque Sintra é daqueles que a efectivamente sente como a sua terra.