[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 15 de agosto de 2010

Turismo em Sintra,
tolerância & abusos...

Seria uma ignomínia se duvidássemos de recentes palavras do Presidente da Câmara de Sintra, frente a uma câmara da RTP, quando afirmou: “todos os dias faço esta Volta do Duche a pé”.

Em conformidade, parece impossível que – ao longo das últimas semanas – não se tenha apercebido do elevado número de auto-caravanas parqueadas na Volta do Duche e no Parque do Rio do Porto, ou que não se tenha inteirado sobre possíveis pernoitas.
Tanto mais que a questão lhe foi exposta directamente, pela via adequada...

Auto-caravanas conquistam Centro histórico *


De qualquer forma, apesar de selvagem, sem instalações sanitárias ou banhos (onde se lavam e despejam?) estas 15 a 20 dormidas diárias excederão o objectivo das 400.000, anunciadas com pompa e circunstância em publicitária conferência de 17 de Março deste ano.

Passámos a ter, com a complacência ao mais alto nível, pessoas a pernoitar dentro dos veículos, a abancar e a despejar, durante dias e dias de férias numa zona nobre de Sintra.

A indiferença dos responsáveis corresponde à decadência dos lugares, uma responsabilidade política de quem deveria zelar pelo prestígio do Centro Histórico e pela dignificação da autoridade democrática.


Esta grave situação - que tanto eu próprio como o João Cachado, vimos denunciando há anos, neste blogue e no saudoso Jornal de Sintra - é a imagem do turismo de ocasião, desadequado ao prestígio que Sintra construiu ao longo de muitos anos.

Enquanto isto, milhares de visitantes ficam bloqueados nos acessos, acabando por “passar” por Sintra e vê-la pelas janelas dos seus carros. Outros, vindos a pé, encontram a zona mais nobre da Vila com uma limpeza pouco conforme com o que um lugar histórico exige, referindo-se ainda a falta de higiene que é imposta aos turistas, ali mesmo nas barbas do Posto de Turismo.


Parece que, ao invés das respostas ajustadas aos tempos modernos e postas em prática nos concelhos vizinhos, nos contentamos com um turismo de faz-de-conta, alheio ao prestígio de qualificados técnicos camarários...e como eles sofrerão com o que vêem!!!

Sintra é mais que promoções pessoais. A este propósito, foram preciosas e clarividentes as imagens publicadas há dias na revista Flash (edição de 26.7 a 1.8.2010), e o título "Amor e Moda na Vila Romântica" em flagrante contradição com a qualidade de vida ambicionada pelos sintrenses.

Fernando Castelo

Promoção dos cheiros e "espírito do lugar"...










Turismo de excelência para o "Romantismo"...










Nem falta o grelhador e o carvão...









* Este fim-de-semana, dois conceituados articulistas, Clara Ferreira Alves, no Expresso ("Selvagens nas dunas" e Miguel Esteves Cardoso, no Público ("A praga circulante") abordam o problema. Registamos que este blogue tem estado em cima dos acontecimentos.

10 comentários:

Anónimo disse...

Pena que o senhor seja tão informado e diga barbaridades como esta:"De qualquer forma, apesar de selvagem, sem instalações sanitárias ou banhos (onde se lavam e despejam?)".
Já experimentou ver alguma autocaravana por dentro ou sequer se informar sobre esta modalidade de Turismo Itinerante?

Anónimo disse...

Como é que conseguiram tirar fotos dos caixotes do lixo da Vila sem estarem rodeados de dezenas caixas e sacos de lixo é que me admira.

Anónimo disse...

Boa tarde,
Ao ler os artigos deste blog, e possível constatar a agressividade com que o tema autocaravanismo é tratado pelos seus autores, aos quais infelizmente se nota que não tiveram o mínimo cuidado de se informarem sobre o assunto.
Se dessem trabalho de pesquisar perceberiam que regra geral o autocaravanista (não estou a falar de tendas nem de caravanas= reboque de campismo) tem o poder de compra acima da média (as autocaravanas novas custam entre 45.000 e 120.000 €, e algumas ultrapassam essa fasquia chegando a ser mais de 200.000 €) tendo todas as condições como uma casa só que com dimensões mais reduzida, têm autonomia de energia e água para no mínimo 2/3 dias, são ecológicas já que dispõem de painéis solares e fazem uma gestão criteriosa da água, são pessoas com formação acima da média e cujo hobby é o turismo, e como tal viajam durante todo o ano e não apenas no verão, sendo uma mais valia para as povoações que visitam...(continua)

Anónimo disse...

(..) Já que ao contrario de quem não está informado sobre esta forma de turismo pensa, esta casa em ponto pequeno não consegue transportar consigo tudo o que necessita para as longas viagens, sendo que o verdadeiro autocaravanista gosta de fazer as compras no comercio tradicional mais do que nas grandes superfícies, e o espaço de arrumação que tem é usado para levar consigo recordações e produtos regionais dos locais visitados. Claro que como em tudo na vida há excepções e alguns deturpam o verdadeiro espírito autocaravanistas, comportando-se não como autocaravanistas mas sim como campistas fora de parque, utilizando fogareiros e o espaço exterior da autocaravana com cadeiras e mesas, sendo que este tipo de situações só são permitidas dentro do parque de campismo. Mas agora não se pode é generalizar, o que por vezes se tenta fazer seria equivalente a proibir o estacionamento de por exemplo todos os VW ou todos os Audi, só porque foram vistos alguns dessas marcas estacionadas em sítios proibidos ou em cima dos passeios.(...) (continua)

Anónimo disse...

(...) Não o que Sintra necessitava era de meia de lugares para estes veículos num local mais apropriado, com uma zona para manutenção técnica (abastecimento e despejos), com regras definidas de modo a disciplinar o seu estacionamento, mas sem perder este nicho de mercado de turismo que é reconhecido como extremamente válido um pouco por toda a Europa, principalmente em Países como França, Itália ou Alemanha para só citar alguns, onde locais como Pisa (Itália), Rothenburg ob der Tauber (Alemanha, 2 parques de estacionamento pagos (10€ dia) e com abastecimento e despejo de água) ou St Malo (Bretanha-França), querem cativar este Turismo que o frequenta durante os 365 dias por ano. Este é um turismo essencialmente por gosto e opção e não por motivos económicos (45.000 € mínimo de aquisição dão para muitas noites de hotel se fosse essa a motivação), mas que permite a descoberta de locais sem infra-estruturas hoteleiras (Aldeia da Luz, Castelo Mendo, Castelo Novo, Alpedrinha, etc., que o digam), mas também de locais mais emblemáticos como Sintra, e se não o puderem visitar de autocaravana, não visitarão de todo, nunca mas nunca irão optar por estadias em Hotéis só porque são proibidos de estacionar. Estudos recentes demonstraram que o Gasto mínimo que o autocaravanista faz nas povoações que visita é 5 € por pessoa/dia (não inclui as despesas com combustível), e quem em média faz 2/3 Refeições por semana em Restaurantes, para além disso para quem está activo laboralmente costuma usar a autocaravana entre 40 a 60 dias por ano (férias + fins-de-semana ao longo do ano), sendo que para quem está na situação de reforma estes números são superiores. É um turismo que deixa o seus €€ directamente nos pequenos agentes e comerciantes locais e não através dos pacotes completos de agência de viagens onde ficam uma grande parte dos lucros, além de que sabemos que estas agências procuram trazer os clientes para visitar os monumentos de Sintra (Palácio da Vila e de Queluz por exemplo) aos Domingos ou Feriados de Manhã em que a entrada é gratuita, para nem o dinheiro dos bilhetes deixarem em Sintra.

Anónimo disse...

(...) (Fim) Lamento que Portugal que atravessa a crise que atravessa, e com o seu clima tem tudo para ser um destino de Inverno para estes casais de reformados mais do norte da Europa, não saiba transformar essa questão numa oportunidade de negócio, criando mais condições para atrair estes turistas, um local para a manutenção técnica destes veículos como o que existe na Aldeia da Luz fica em custos para o Município em cerca de 1000 a 1500 €, um investimento ridiculamente baixo para o retorno que se têm. Se estiver interessado em saber mais pode enviar um e-mail para fsaluis@hotmail.com
Com os melhores cumprimentos
Fernando

Fernando Castelo disse...

Infelizmente, como quem não guarda bem a vinha acaba por ficar sem uvas, Sintra vai perdendo o seu verdadeiro estatuto de lugar histórico.

As autocaravanas passaram a ocupar e pernoitar também o parque de estacionamento junto ao Urbanismo.

É assim Sintra, cada vez pior.

Anónimo disse...

Como já não cabem na Vila, agora já a Portela também está cheia deles!

Anónimo disse...

Abençoado blog! Este edil é uma fraude! Poderia dar-se o caso de o homem, até estar/ser inocente, mas NÃO! Mente por sistema, para as tv's, mente aos sintrenses com uma latosa digna do mais baixo dos mentirosos. Voçê é uma vergonha, Fernando Seara! Vai ficar na memória de Sintra como o pior edil de sempre!

António disse...

Após ler o vasto comentário das 15h06m de 17/8, do anónimo que terminou como Fernando, até parece não haver nenhuma agressividade dos autores, visto que também ele concorda com algumas das situações apontadas, isso ele explica bem.
O que está realmente aqui em causa é a falta do lugar adequado e com as condições ideais para tal prática, para não ver-mos situações como as fotos mostram, pessoas deitadas no chão como os sem abrigo, ou o assador nas trazeiras para assar as sardinhas, o estendal para a roupa e toalhas etc.
Porque assim por este caminhar, certamente um dia num qualquer casamento feito no Centro Histórico, somos capazes de ver em frente ao Palácio Nacional assar um porco no espeto, porque até dá um certo ar medieval.
Não meus amigos, tem de haver ordem e respeito por todos, e em Sintra existe um grande deficit disso, os caravanistas tal como as outras pessoas, fazem o que lhes parece ser mais prático, uma vêz que as condições não existem.
As compras que fazem ou não pouco interessa aqui, interessa é colocar ordem e disciplina na situação, e saber se a autarquia lhe interessa dar condições a este nicho de mercado que dizem ser, ou se pretendem ou não fazer uma cópia daquilo que foi feito recentemente em Gaia.
Assim como está é que não, nunca, independentemente do preço de cada autocaravana ou da condição social do autocaravanista.
António