Retomo hoje uma questão que aqui vos trouxe no passado dia 7 deste mês, constante do texto Sintra, saber viver... cuja abordagem me permitiu atingir os dois objectivos que, desde já, me permito recordar.
Em primeiro lugar, propus-me denunciar a atitude dos designados agentes culturais de Sintra que, silenciando a situação de degradação de tantas ruas, travessas, jardins e edifícios – inclusive municipais!... – nas três freguesias da sede do concelho, contribui para a manutenção e difusão da imagem de descalabro a que esta terra chegou. Infelizmente, não se trata de algo que apenas afecte o actual executivo camarário já que, em geral, revela a incompetência da toda uma classe política que, sucessivamente, não tem sabido exercer o poder autárquico.
Por outro lado, se bem se lembram, expressava eu o maior desalento porquanto, decorrente dessa omissão, sentia a falta de companheiros com quem, através desta fabulosa arma que é a escrita corajosa, pertinente e consequente, pudesse continuar a desenvolver uma luta a favor dos reais interesses de Sintra, já que nenhuns outros, como é público e notório, me têm animado de há muitos anos a esta parte.
A atestar a verdade inequívoca destas considerações, os amigos de Sintra que frequentam estas páginas poderão facilmente confirmar como, no território que mais me tem (pre)ocupado, não haverá uma única situação merecedora de denúncia que não tivesse sido objecto de atenção, em mais de 500 (quinhentas) mensagens no sintradoavesso, bastando que, para o efeito, acedendo ao arquivo do blogue, mencionem o local.
Igualmente, em centenas de artigos publicados no saudoso Jornal de Sintra, não perdi a oportunidade de escancarar o que muitos gostariam de esconder. Fi-lo, como sabem, até que um conhecido e lamentável episódio,* protagonizado pela actual direcção, inviabilizou a continuidade da minha colaboração no semanário onde jamais tive o mínimo problema e sempre mantive a mais cordial relação com todos os seus anteriores directores.
Os pontos nos ii
Ora bem, voltando ao cerne da questão, o que me leva a este aparente puxar pelos galões da contínua luta de denúncia do que Sintra não merece? É que, por um lado, gostaria de saudar, o mais efusivamente que me é possível, o artigo Maravilhas naturais e coisas menos naturais, de Fernando Morais Gomes, presidente da Alagamares, publicado em 10 de Setembro no sítio da associação.
Trata-se de um escrito na contínua linha do seu trabalho que tenho tido oportunidade de distinguir, trabalho que coincide e se insere, tanto na minha forma de actuação de sempre como na de outros militantes da mesma causa como Pedro Macieira, Emília Reis ou Fernando Castelo, por exemplo. Natural é que assim seja. É a tal cumplicidade a funcionar, não coisa de hoje, mas de muitos anos nisto, a chamar a atenção de quem não está à altura dos desafios.
Ainda a propósito, teria o maior gosto em convidar-vos à frequência de http://cafecomadocante.blogs.sapo.pt/2010.html onde o mesmo Fernando Morais Gomes nos confronta com os mais oportunos nacos de prosa, como aquele recente acerca da Sintra Garagem que, de igual modo, tanta água pela barba me tem dado. De facto, sinto-me muito mais acompanhado. Mas não quero confusões com quaisquer pseudo militantes da causa da defesa do património, por mais benquistos que possam parecer.
Mais especificamente, nada me apetece pactuar com o oportunismo de outras vozes [que, agora, aparecem a falar do que sempre tem estado mal, mas à sua revelia…] porque talvez sintam o terreno um pouco mais propício, chegando ao ponto de proporem, como suas e originais, soluções afins da resolução do problema do estacionamento, que beberam directamente nos meus escritos.
Para que dúvidas não restem, refiro-me à mesma gente que, no tempo da luta contra a construção do parque subterrâneo de estacionamento na Volta do Duche, só surgiu da letargia, que é o seu estado natural, não se tendo acobardado, com receio de ferir susceptibilidades, porque, na voragem dos acontecimentos, nada mais podia fazer do que emparceirar com quem nunca foi cobarde nas denúncias.
Claro é que, após o êxito da iniciativa, foi habilíssima na colheita de louros. Com tais pessoas, não quero [poderei mesmo usar o plural], não queremos qualquer confusão...
* Ler no sintradoavesso, entre outros, Truncar & manipular, 21.09.09 e A não esquecer, 28.09.09
13 comentários:
Depois de tudo o que é dito, o que mais me surpreende é o Jornal de Sintra aparecer só agora, a publicar duas páginas(?) com texto e 21 fotografias de situações que tem sido alvo de várias denuncias feitas pelo autor deste blog e, do incansavel F. Castelo.
Parece que neste momento se está a querer fazer aparecer um salvador da Pátria.
Afinal aqui quem é que anda a reboque de quem?
O autor da publicação e a Alagamares, já não deveriam ter aparecido muito tempo atráz para denunciar isto?
Quando fala da Quinta de Vale dos Anjos fica-se com a ideia que a obra está agora a começar, quando na verdade está quase instalada a tal "Jóia da Coroa".
Também falar de S. Pedro só aquilo, é muito pouco. Porque não se fala da Capela de S. Lázaro ou do Largo D. Fernando II? Porque não se fala da degradação em que se encontra Sta. Eufémia? Isto, já para não entrar naquilo a que chamam o roteiro de S. Pedro.
António S.
Caro João Cachado,
Embora seja muito directo
o senhor não escreve que o seu alvo é à Associação de Defesa do Património de Sintra (ADPS). Talvez seja por ter sido
membro, como toda a gente sabe e que durante o tempo
em que lá esteve aquilo até parecia diferente.
Acho que tem razão,
a ADPS não faz nada por Sintra
e aparece de vez em quando, fazendo como faz a sua presidente com asua loja na Volta
do Duche, ou seja abre
para dizer que existe mas não passa disso. Felizmente a Alagamares
já tomou o devido lugar na defesa do património de Sintra como demonstrou quando cá estiveram os peritos da UNESCO.
Os sintrenses interessados conhecem quem defende os
seus interesses pelo que a ADPS
não passa de uma associação
ridícula: nem tem porta
aberta, é um apartado
dos correios sem militantes, sem objectivos.
O João Cachado fez muito bem
em separar o trigo do joio
mas quase não era preciso
porque sabemos com quem contamos.
Carlos Santos Rocha
Meus senhores,
João Cachado, Fernando Morais Gomes, Pedro Macieira, Fernando Castelo e outros muitos mais:
A verdade vem sempre acima, toda a gente sabe o que vale a ADPS... Não batam mais na tal "ceguinha" oportunista e constituam um movimento credível, sem parasitas, em que se apresentem os verdadeiros amigos de Sintra que todos conhecemos. É preciso fazer um género de um manifesto contra a situação a que esta terra chegou e é urgeente mesmo denunciar a gestão do Seara a ver se ele vai para a Federação do futebol e nos deixa em paz.
Abraço de grande admiração,
Álvaro Miguel
Caro Dr. Cachado,
Gosto muito desta ideia de Álvaro Miguel do manifesto.
É preciso agitar estas águas estagnadas de Sintra e aproveitar as ideias que andam no ar sobre a Sintra Garagem, a Quinta do Relógio, etc.
Tenho a impressão que o momento é este, quando se retoma a actividade depois das férias, mas não só o manifesto porque é preciso saber o que fazer logo a seguir.
Teresa Sousa
Sim é verdade que os senhores Álvaro Miguel e Teresa Sousa também estão pelos cabelos mesmo de carecas,mas sabem porque acaba por não ir para a federação de futebol? Porque lá tem muita gente atenta e que não deixa as coisas andarem ao sabor dos amiguinhos e as contas são feitas para se saber como vai o dinheiro nem pode andar a distribuir por aqui e por ali, diga-se em abono que tem quem vote a favor, lá isso são também outros os responsáveis mas como dizia outro dia um, só votam em nome da solidariedade política.Há, há, há!!! Até é fácil tentar fugir das responsabilidades.
Estamos todos conversados
quanto aquilo que os partidos políticos fazem pelos interesses dos sintrenses: Z-E-R-O!!
Vejam o caso da Quinta do Relógio: saem todos mal no retrato
(menos o PS que foi o que se portou melhor)
com a CDU a ter de
esclarecer que afinal era contra (embora se tivesse abstido...)
e o BE a dar cobertura descarada ao negócio.
Quem acompanha a política em Sintra percebe bem porque
é que os partidos têm estes comportamentos:
estão cheios de compromissos, recebem favores do executivo noutros domínios de influência
e têm os chamados rabos
de palha. Por isso, temos de voltar aos movimentos cívicos
sem partidos pelo meio
a tentarem aproveitar-se.
Daí que vejo com muito
interesse que se pense no tal manifesto.
Rui Távares
Caro João Cachado
Obrigado pelo seu texto no blogue, o qual acompanho sempre com interesse.Quem fala antes ou fala depois, mais ou menos, não importa desde que seja direccionado para o que a todos interessa:uma Sintra de que tenhamos orgulho e onde possamos viver com qualidade.Para quem não conhece tanto a nossa actividade, recordo que no nosso site www.alagamares.net ou no Alagablogue desde 2005 que vimos tocando em vários destes pontos, como o relatório da UNESCO,o restauro do Chalet da Condessa, a campanha contra o encerramento temporário de Seteais, e outras.E creia,no que a nós respeita,sinta-se acompanhado para os "tratamentos" que podem causar dor em certas feridas mas ajudem a contribuir para as curas.Um abraço do
Fernando Morais Gomes
Caro Álvaro Miguel,
Não posso deixar de lhe dar uma palavra acerca da sua ideia de elaborar um manifesto porquanto vem ao encontro de algo que tenho discutido com amigos. É muito interessante perceber como há gente preocupada com o futuro de Sintra pensando em atitudes cívicas de intervenção que não pressupõem o enquadramento partidário.
Percebe-se que assim seja perante o geral descrédito dos partidos políticos, cujos objectivos «umbilicais» cada vez mais os afastam dos interesses dos cidadãos que, em princípio, seria suposto representarem, numa sociedade democrática e no Estado Democrático de Direito que continuamos a afirmar como matriz.
Assim sendo, considero da máxima pertinência que se trabalhe no sentido de conceber e concretizar qualquer atitude em que a comunidade sintrense se sinta representada - contra o estado de degradação a que Sintra chegou, consequência de anos e anos de gestão da incompetente classe política que se tem sucedido no governo autárquico - capaz de se substituir ao autismo dos partidos que, a nível local, da esquerda à direita, não conseguem ser consequentes com os reais interesses dos munícipes.
Com os amigos que, entretanto, se vão manifestando, veremos o que é possível construir de positivo. Não vale a pena conceber um manifesto sem que haja um subsequente programa de acção. Nem que seja, tão somente, afim de um propósito modesto mas concretizável.
Obrigado pela sua participação,
João Cachado
Senhor João Cachado,
Ao fazer uma pesquisa sobre Sintra encontrei este seu blogue que avalio com muito interesse.As minhas palavras justificam-se ao pretender a sua ajuda para um esclarecimento que é muito importante para mim.
Tenho estado a fazer um estudo sobre questões sociais e problemas com que as crianças se debatem, o que, me obriga a pedir dados a serviços que consigo apurar como responsáveis.Ouvi palavras do Sr.Dr.Cavaco Silva em Sintra a falar de crianças com dificuldades e li qualquer coisa sobre o apoio que é dado a essas crianças.
Depois de várias tentativas foi-me indicada uma empresa que me disseram ser da câmara de Sintra que é quem mantém os refeitórios. Foi então que escrevi a essa empresa já por três vezes a pedir o favor de me ajudarem com os números de refeições dadas em Junho Julho e Agosto de 2008,2009 e 2010 e muito importantes para o meu trabalho.Escrevi em 23.8 e 29.8 e 8.9 deste ano e dessa empresa nem me acusaram a recepção.
O favor que lhe peço é me poder confirmar se essa empresa que julgo se chamar Educa ainda existe ou está integrada nos serviços da câmara.Ou se me devo dirigir a outra qualquer empresa que tenha fornecido os alimentos durante as férias.
Muito agradecida,
Yolanda Sanchez Salavessa
Rossio ao Sul do Tejo
Sra. D. Yolanda Salavessa,
Agradeço a sua gentileza. Em relação ao que me solicita, apenas posso confirmar que, de facto, Educa é a designação da empresa municipal cuja incumbência pressupõe o caso que a senhora coloca. Naturalmente, não posso deixar de lamentar a falta de resposta às suas questões, tanto mais que, tal como informa, elas são afins de um estudo em que está envolvida.
Na realidade, em Sintra, muito poucos serão os serviços camarários que responderão atempadamente às solicitações dos cidadãos, munícipes ou não. Não queira imaginar o rol de escandalosos "pendentes", tanto a meu crédito como ao de inúmeros amigos e conhecidos, que a Câmara Municipal de Sintra vai cultivando ao longo de anos e anos sem se dignar responder...
Tanto quanto ainda posso informar, apenas há uma entidade em Sintra que cumpre escrupulosamente os objectivos do seu programa, mantendo um respeito fora do comum relativamente a qualquer pedido que lhe chegue. Trata-se da Parques de Sintra Monte da Lua, uma empresa de capitais públicas que tem a seu cargo a gestão de um património fabuloso que passa por uma boa parte das matas de Sintra, dos Parques da Pena, de Monserrate, Castelo dos Mouros, Conventos dos Capuchos, entre outros. Quem me dera que o seu estudo tivesse alguma relação com esta gente porque estaria garantida.
Com a Câmara e respectivas empresas municipais, autênticos sorvedouros de dinheiro, está a senhora desgraçada. Olhe, vá esperando e, entretanto, ouça as balelas que o Senhor Presidente da República também ouviu, segundo as quais a CMS mata a fome às criancinhas das escolas e às respectivas famílias, durante todo no, sábados domingos e feriados...
Lamentando a sua sorte, cumprimentos do
João cachado
Rectificação no penúltimo parágrafo:
"(...) durante todo o ano (...)"
JC
Estimado Amigo João Cachado,
Cá estou, depois de um regresso adequado à imagem e práticas do nosso País: Bastou-me querer utilizar um voo da TAP (já tinha quase jurado que nesta empresa nunca mais) para me imaginar no que de pior há no terceiro mundo: Um voo cancelado e substituído por outro, obrigando alguns passageiros em trânsito a saírem do avião para outros entrarem e, depois todos juntos, fazer uma viagem até outro aeroporto antes do destino final a Portugal. Com isto, em vez da chegada às 20,35 a mesma só se verificou às 24 horas!!! Nada mau, para uma companhia que nem é de voos "charters" nem "low-cost".
Não admira, pois, a falta de respeito institucional que se instalou, com a inacreditável falta de sensibilidade para aquilo que todos os dias se aponta. Ao menos corrigissem alguma coisa...
O Dr. Passos Coelho anda na cruzada da redução da despesa pública, mas parece que não sabe desta história, ainda muito mal esclarecida ou mal contada, da compra da Quinta do Relógio e do empréstimo bancário onde, para encher olhos, se misturaram obras nalgumas escolas.
Sintra não dá sintomas de melhoria, mas também não terão o silêncio de que tanto precisam.
Cá estamos para inaugurar a nova época.
Um abraço para todos,
O Sr. António Medina Júnior, deve andar às voltas no túmulo com o que lhe andam a fazer ao seu querido Jornal de Sintra.
Sobre Sintra propriamente dita,
já foram focadas aqui muitas nódoas negras que Sintra tem, vou chamar a atenção de mais uma:
-Desçam as Escadinhas do Hospital e vejam aquele quadro de desleixo, que começa no vandalismo às janelas do ex-Hospital da Misericórdia, até aos prédios das Escadinhas de um lado e do outro completamente a cair. Tudo isto paredes meias com o Centro Histórico, visitado todos os dias por milhares de estrangeiros.
Quem é essa ADPS?
Defende o quê?
Quantos mais anos vamos ver a antiga escola do Gandarinha ficar aos ratos?
O que é que está planeado para o edifício onde era a Protecção às Raparigas no Arrabalde?
A antiga pensão Bristol é para ficar assim?
Quem é que está a defender o património sintrense?
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