[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 19 de outubro de 2010

HP... o quê?

Não são poucos os textos que, nos últimos anos, aqui tenho publicado acerca da necessidade de extinguir as empresas municipais. Para o efeito, tenho-me louvado das muitas razões que assistem à minha posição e que, à discrição de quem se der ao trabalho de as compulsar, circulam em diferentes instâncias que, com maior crédito público, nas esferas da economia e finanças ou da justiça, se têm dedicado à avaliação da pertinência deste modelo.

Mais frequentemente, tanto se põe em causa a sua adequação ao Direito Público - a exemplo do Dr. Fernando Seara, em 1 de Março de 2002, na tomada de posse dos conselhos de administração das EM - como a consequente duplicação de serviços, ou o nepotismo que desencadearam, bem como o alegado despesismo que suscitam e, ainda, acrescento eu, a possibilidade que as EM oferecem aos autarcas de se escudarem na cadeia de sucessivas plataformas de intermediação, furtando-se ao directo escrutínio dos munícipes.

Todavia, pelo menos tão pertinentes como estes, se evidencia o argumento da real quebra de qualidade dos serviços prestados à comunidade por tais empresas, cuja declarada origem radica na pretensa necessidade de agilizarem os circuitos administrativos da Administração Pública, acabando, isso sim, por se subtraírem aos seus mecanismos de controlo.

Em Sintra, à excepção dos próprios envolvidos e interessados, não haverá munícipe que possa afirmar ter a sua qualidade de vida melhorado com o advento e manutenção das empresas municipais. Faça-se o esforço que se fizer, sem quaisquer preconceitos, e, provavelmente, não se encontrará caso algum que sustente a continuidade da operação de tais entidades. A propósito, não deixarei de lembrar que, há uns anos, eu próprio me convenci da possibilidade de subsistência de uma ou outra das empresas municipais de Sintra. Contudo, o tempo se encarregou de me retirar a razão.

O caso do dia

Infelizmente, não é difícil documentar como a referida falta de qualidade se manifesta, com cópia de casos, por toda a comunidade. Tentando não me dispersar, só na sede do concelho, assinalarei alguns factos contra os quais não há argumentos. As fotos que se seguem ao texto testemunham situações concretas da manifesta falta de qualidade do serviço prestado pela HPEM, a empresa que, além do lindo trabalho que as cenas documentam, ainda se permite brindar os residentes e visitantes com outros desacatos.

No bairro da Estefânea, a lindíssima calçada à portuguesa da Correnteza acumula trampa e gordura que as varredelas não conseguem remover. Como o pavimento nunca é lavado, basta haver alguma humidade para se tornar extremamente escorregadio e mesmo perigoso. Trata-se de uma zona espectacular, de nítida vocação para o lazer, onde as famílias cuidadosas evitam levar as crianças a brincar pela inconveniência da falta de higiene.

Ainda neste contexto de periculosidade do pavimento, por manifesta falta de lavagem, idêntica situação se verifica na Volta do Duche, sempre que a humidade marca presença e, em especial, pela fresca matinal. Não exagero. Nem isto escrevo porque me contaram. Na realidade, todos os dias circulo por estes caminhos e, por isso mesmo, o testemunho é não só directo e inequívoco mas também de enorme desgosto.

Outros casos poderia ainda trazer à colação. No entanto, circunscrevendo-me apenas às freguesias da sede do concelho, não resisto a contar o que aconteceu, há precisamente um mês, no dia 20 de Setembro, cerca das onze da manhã, junto à Quinta da Regaleira, em consequência do funcionamento de um veículo que ia na sua faina de aspirador da sujidade acumulada nas bermas do caminho.

Além da poluição sonora que ia causando, o ar ficou irrespirável, afugentando uma série de forasteiros, tal como eu incomodados pelo despautério, defendendo olhos, nariz e boca das agressões. Claro que, ao operador do equipamento, faltaria formação adequada. Mas o que dizer dos senhores administrador da HP e Vereador responsável? O que lhes faltará? Não faço acusações torpes, não me move a animosidade de qualquer processo de intenção. Perplexo e inconformado apenas questiono, civicamente interessado no melhor quadro de serviço à comunidade.

Concluindo…

Ontem à noite, durante o programa Prós e Contras do canal um da RTP, falando acerca do dificílimo momento que atravessam as finanças nacionais e locais, e da consequente necessidade de cortes na despesa pública a todos os níveis, o Presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha dizia, alto e bom som, da necessidade de acabar com as empresas municipais.

Por todo o país há aliados desta causa a favor da extinção das EM. Basta estar atento aos debates que a comunicação social vai proporcionando para constatar que, entre eles, estão autarcas dos vários partidos com representação parlamentar. Renderam-se! Eles próprios concordam em acabar com algo que, ao fim e ao cabo, lhes saiu como o tiro pela culatra. A todos,munícipes
contribuintes, nos sai do bolso.

Se nos insurgimos, razões não faltam. Temos todo o direito porque se trata não de entidades privadas mas de empresas em que cada centavo gasto sai dos impostos que liquidamos com enorme sacrifício. Em tempo de tanta míngua de recursos podemos dar-nos ao luxo de autorizar a continuidade de uma situação tão controversa?

Haja decência e resolva-se o que não pode deixar de ser! Entretanto, irei trazendo ao sintradoavesso outros casos do dia relacionados com outras empresas municipais. Como sabem e calculam, matéria é coisa que não falta... Por agora, fiquem-se com estas imagens.






















18.10.2010, 16,00 horas, São Pedro,
a caminho do Ramalhão































18.10.2010, 15,50 horas, Largo de São Pedro































18.10.2010, 15,40 horas, perto da Casa dos
Avellares, Santa Maria
































18.10.2010, 15,30, igreja de São Martinho
































18.10.2010, 15,20, Rua Dr. Alfredo da Costa















15.10.2010, 14,30, Av. Heliodoro Salgado




8 comentários:

Fernando Castelo disse...

Meu caro João Cachado,

Este é um tema que tantas vezes tem sido abordado que, com mágoa o digo, me faz recear pela ausência de pudor dos responsáveis.

Fala-se, diz-se, informa-se, mas esta gente que anda por aí a gastar o nosso dinheiro denota a sua baixa capacidade para resolver o que quer que seja.

Antes que o meu Amigo receba no blogue outra Carta Aberta, a propósito do lixo que se acumula pelo concelho todo (dizem que o lixo é tão bom negócio que há alguns políticos da nossa praça que andam desejosos de o gerir)a recente votação para as 7 Maravilhas não pode ter deixado de ser influenciada pelo dito.

Claro que agora é fácil, num acto de malabarismo, dizer-se que Sintra perdeu "porque não fez batota". Batota seria premiar o lixo e a incúria a que todos os dias assistimos.

Mas voltando ao lixo que nos rodeia,a empresa responsável (que tem a cobertura do Senhor Presidente da Câmara, é bom dizer-se) promoveu umas Jornadas Internacionais de Higiene Pública, veja bem. Até foram desvendados alguns segredos...por parte de quem quer vender os equipamentos.

Sobre a HPEM soube-se que "foi a primeira a instalar um sistema de georeferenciação" e "recolha lateral do lixo". Passou, até, a esvaziar contentores em "50 segundos com a recolha lateral".

Já agora, nas tais jornadas, juntaram-se autarcas e "os maiores fornecedores mundiais de soluções tecnológicas do sector".

Tudo em grande, como vê, certamente à espera de mais um pedido de empréstimo de uns milhões a exemplo da Quinta do Relógio, para quem não consegue limpar o lixo que anda por aí.

É assim Sintra. E quem está nas administrações, quem é?

Anónimo disse...

Boa, João Cachado, de facto contra factos não há argumentos. Todos os dias aqui na Avenida Heliodoro Salgado ou na Vila junto a São Martinho há cenas como estas.
Estas empresas comem-nos o
dinheiro que as alimenta
e a paga é esta nojeira.
Uns são do PSD, outros são do PS
e há estes da CDU que
vão à mesma manjedoura.

Sérgio Serra disse...

Boa tarde João Cachado
Esta HP é talvez a empresa municipal que está mais exposta aos cidadãos. Mas os SMAS também têm muito para lhes apontarmos.
A Sintraquorum responsável pelo Olga Cadaval foi a que enterrou o festival de Sintra que o João Cachado tem denunciado.
Há muito para conversar sobre estas e as outras empresas
que não trouxeram
nada de bom a Sintra.
Estão falidas e prestam maus serviços com um dinheiro que podia ir para outros gastos.
Também vi o Presidente da CM das Caldas a pedir que se acabe com as EM e em Faro o Macário Correia também. Afinal são do mesmo partido mas o Seara que até estava contra as EM agora está muito calado.
Sérgio Serra

Isabel Rosa disse...

Acabo de passar à igreja de São Martinho e o que vi hoje ainda é pior do que a foto que o Dr. Cachado publicou. Os contentores verdes transbordam de tampa meia aberta. Vê-se que não serve, que devem ser pequenos e que não deviam estar naquele sítio.
Parece que a empresa que
remove o lixo é que
ainda não percebeu.
Isabel Rosa

Anónimo disse...

Informaram-me que uma das questões que causa mais prejuízo aos munícipes é o outsourcing que as empresas municipais praticam num regabofe que precisa da maior atenção e controle. É um vício de gestão que dá muito jeito às empresas municipais que alastra em Sintra e que devia ser muito bem esclarecido.

Carmo Trigo disse...

Espero pelas mazelas das outras conforme promessa do João Cachado. Nem todas dão para fotografias como estas dos lixos. Mas os lixos andam por todo o lado, na Educa, Smas, Sintraquorum, Cultursintra e talvez mais. É preciso denunciar e pôr a claro as porcarias dos lixos que têm agarrados a elas.
Neste blogue sei que encontro as denúncias que raro aparecem noutros.Obrigada, Carmo Trigo

Fernando Figueira disse...

Atenção,
É preciso esclarecer que a Monte da Lua não é uma empresa municipal. O Dr João Cachado que conhece bem a PSML poderia tratar deste assunto. Hoje mesmo assisti num café de Sintra a uma conversa em que percebi o desconhecimento da situação.
Fernando Figueira

José Fernandes disse...

Como é que a Quinta da Regaleira e o Olga Cadaval podem manter-se sem estacionamento organizado é uma coisa que me faz
muita confusão.
Vivi alguns anos na Suiça alemã perto de Zurique.
Próximo do meu bairro havia um auditório sem estacionamento próprio mas tinha um
contrato com um parque silo automóvel para onde os espectadores eram conduzidos
sendo que o preço dos
bilhetes do espectáculo já tinha incluído o parque e o transporte de ida e volta em camionetas que iam e vinham quando estavvam cheias.
Aquilo funcionava sem problemas. Cada vez que há espectáculos no Olga Cadaval é um problema
muito sério e as poessoas
nem ima ginam os perigos
que correm. Na Suiça isto era impossível.
Portugal está muito atrasado e também não percebo como é que a direcção do Olga Cadaval
que é uma empresa
municipal pode estar descansada.
JoséFernandes