[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Eu, devedor, me confesso…

Segundo fontes usadas para papaguear desgraças, devo a incertos qualquer coisa como 14.000 euros, valor que não pára de crescer. Para sossegar, dizem que mais uns largos milhões de portugueses são vítimas da mesma maquinação.

Só a nível local, à nossa conta de devedores, têm viajado equipas de futebol masculinas e femininas, em vez de bibliotecas para a cultura pagaram-se relvados para futebol, e tudo isto enquanto as viaturas autárquicas servem para os mais variados fins particulares. E o que dizer das luzes, ribaltas, promoções disto e daquilo ou do compromisso de jornais e jornalistas?

Políticos mais patriotas do que eu e tantos outros cidadãos, ao aceitarem lugares em administrações e mordomias complementares, fazem-no, certamente, para minar por dentro os inimigos de classe e recorrem a carros de status, exactamente, só para os destruir...

Teremos, pois, gestores a viver num silêncio angustiante, nada dizendo sobre o inevitável fim de tais empresas, mas talvez preocupados com o seu próprio interesse partidário.

Como compreendo aquele pedaço de prosa numa frase do actual Presidente da Câmara de Sintra: “(…) hoje em dia o silêncio vale muito dinheiro (...)”.

À nossa custa, os dinheiros públicos têm servido os mais escondidos objectivos.

Na desenfreada caça a votos, pagaram-se estudos que nada resolveram mas justificaram elevados honorários, protocolos, contratos-programa, Assinaturas disto e daquilo, Promessas de ontem, que não foram cumpridas, mais não sei quantas de hoje, que vão ficar pelo caminho…Que azar o nosso? Não, que sina a nossa!!!

De calças rotas, cheios de dívidas, vemo-nos ao espelho na Quinta do Relógio e quejandas, nos mecenas de duvidoso oportunismo, no atrofiamento de uma sociedade cheia de habilidosos.

Bem reais são os milhões que, a vários títulos, têm sido distribuídos. Em contrapartida, na evolução da sociedade e do bem-estar colectivo, as estrelas que cintilam são tão virtuais que nem para a árvore de Natal servem.

A isto chegámos e piores dias se avizinham, sem que se vislumbrem quaisquer intenções de arrepiar caminho. Tanta cumplicidade escondida nos bastidores! Porque, na prática, o satisfazer a pedinchice é que está a dar…votos. Mas sempre, sempre com o nosso dinheiro!

Ao menos escutem-nos!!!

Fernando Castelo


2 comentários:

Sintra do avesso disse...

Meu Caro Fernando Castelo,

Acabo de publicar um comentário no espaço afim do texto anterior. Por me parecer que a recomendação também vem a propósito deste post de sua autoria, pois aí vai.

:.:.:.:.:.:.:.:.

Amigos leitores,

Aconselho toda a gente a ler o livro «Como o Estado gasta o nosso dinheiro» do Dr. Carlos Moreno, Juíz jubilado do Tribunal de Contas, onde se descobrem os truques de todos os habilidosos que, em nome do Estado, nos últimos anos, em sucessivos governos, com o actual à cabeça, comprometeram o futuro das novas gerações.

Fizeram-se autênticos crimes sob a capa da legalidade. A imoralidade veio à ribalta e conquistou a praça pública, em tempo da maior perversidade na gestão dos bens patrimoniais comuns, como dificilmente, no passado, alguma vez terá sido feito com tal dimensão.

Homens como o Juíz Carlos Moreno, são raríssimos. Ele sabe pôr o dedo na ferida, apontar os vícios e descodificar as manigâncias de que tem sido vítima a comunidade portuguesa às mãos de uma classe política repleta de incompetentes, acoitados a partidos que não têm o pudor bastante para apagarem das suas designações conceitos tão nobres como o do socialismo...

Vivemos um momento de tremendo desequilíbrio social, económico e financeiro, cujas consequências dificilmente se imaginam no médio e longo prazos. Impõe-se que, cada vez mais, nos apetrechemos dos instrumentos mais ao alcance com os quais consigamos conhecer melhor a realidade à nossa volta.
Daí que não hesite no conselho que reitero, ou seja, o de não perderem esta oportunidade de se enriquecerem pessoalmebnte e de se tornarem mais lúcidos. Leiam o livro do Juíz Carlos Moreno. Impõe-se.

João cachado

Sintra do avesso disse...

Ainda a tempo.

Esqueci-me de chamar a atenção para a entrevista que o Juíz Carlos Moreno concedeu ao semanário Expresso, publicada na edição do passado sábado, dia 9 de Outubro. Claro qé é elequente. Creio que estará acessível na net.

João Cachado