[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sábado, 27 de novembro de 2010

Empresas municipais?
E o fim aqui tão perto…

Quem acompanha o sintradoavesso e, em especial, nas passadas semanas, as tomadas de posição que aqui tenho subscrito a favor da supressão das empresas municipais, não se surpreenderá com o destaque hoje atribuído a António Capucho, Presidente da Câmara Municipal de Cascais. De um total de onze empresas, acaba ele de anunciar nada menos do que a redução para cinco! Com esta medida, poupará aos munícipes mais de um milhão de euros nas despesas do município em 2011. É obra!


António Capucho, podemos dizê-lo, é um senhor. É patente que os seus interesses fundamentais estão indissoluvelmente ligados à administração da coisa pública pelo que os resultados, cada vez mais positivos, são bem concretos em Cascais. Tão perto, a pouco mais de meia dúzia de quilómetros, aquele sucesso já faz parte de um país onde, tristemente, Sintra não tem lugar.


Tal como eu, muitos são os cidadãos de Sintra que acompanham e usufruem do êxito vizinho, com uma inveja que só é proporcional ao desejo de que, afinal, tudo ali corra o melhor possível. Entretanto – pois que fazer? – já nos rendemos à evidência de o projecto pessoal do presidente da Câmara de Sintra, afinal, não coincidir com os interesses de Sintra. Não é caso único no todo nacional e, enquanto o paradigma eleitoral não sofrer substancial mudança de figurino, muito dificilmente a coisa poderá melhorar.

Volto a Cascais. Senhor de uma sobriedade que nunca será excessivo sublinhar, ao tomar a avisada medida que economistas e analistas reclamam no sentido de contenção na aplicação das verbas que os munícipes colocam à disposição, o seu presidente acaba de confirmar como, no panorama nacional da administração local, é um autarca pouco comum, com uma estratégica visão do futuro. A sua formação de base, a sua educação de família, todo o investimento de uma vida discreta e frugal, tem ele sabido gerir e fazer render como na parábola dos talentos.

Pois é, em sentido inverso, sob a gestão de um executivo que já conta dez anos da mesma liderança, Sintra não pára de perder qualidade de vida e, tão desgraçada como infelizmente, o que ganha, isso sim, também em consequência da crise, é a miséria galopante de milhares de cidadãos que não conseguem fazer face às necessidades mais prementes do dia-a-dia.


Enquanto usa e abusa da comunicação social para dizer da fome das crianças de Sintra, Fernando Seara gasta o que não pode, com iluminações nas ruas que são uma afronta ao povo e, como se vivêssemos na abastança, tem o topete de nos pedir seis milhões de euros para se meter num negócio de sombrios contornos, como é o da compra da Quinta do Relógio, sem cuidar sequer de apresentar um programa de ocupação do espaço.

Inevitável perguntar se será azar de Sintra ou sorte de Cascais. Claro que nem uma coisa nem outra. Num caso, há alguém que está à altura das circunstâncias. No outro, enfim, é o que se sabe… A atestá-lo, enquanto Cascais acaba com as empresas municipais, em Sintra continua o esbanjamento, com tais entidades perfeitamente dispensáveis. Ah! É verdade, não estará António Capucho disponível para acolher Fernando Seara num estágio de boas práticas?
Estou certo de que, em face dos resultados, todos nós contribuiríamos para aquele peditório…



10 comentários:

Carlos Sousa disse...

Caro Prof. João Cachado,
Somos dos que se encontram no Paredão entre a Praia da Poça e Cascais e já temos falado da diferença tão grande em relação a Sintra. Parece que nos caíu uma praga. Cascais tem tido bons autarcas. Mesmo o Judas era muito melhor que a Edite e agora o Seara é uma sombra do Capucho.
Li a notícia nsobre a extinção das empresas municipais. Ele também não assegura nada a quem está com recibos verdes. Como o Prof. Cachado tem escrito os funcionários que anteriormente estavam na Câmara não têm nada a temer. Os outros que vão à sua vida.
Carlos Sousa

Vitor Lemos disse...

O Seara e o Capucho têm tanto em comum como o ovo e o espeto...

Vitor Lemos

Anónimo disse...

O Sr. Prof. está enganado...

O endividamento da Câmara Municipal de Cascais aumentou em quase 1000%! Vejamos bem o exemplo que o tal Capucho «sóbrio» que apresentou no seu post é para o país. Se fosse ele e a sua equipa no Ministério das Finanças, não só o FMI estava cá como estaríamos na bancarrota!

Isto tudo enquanto Cascais continua no evidente declínio. Só quem vive em Cascais o sabe dizer. Há cada vez menos equipamentos sociais e culturais. A Juventude é escorraçada para Lisboa a toda a oportunidade. Não há emprego no concelho, ao contrário do que acontece em Sintra, com um movimento pendular, quando comparado proporcionalmente à população, muito maior em Cascais do que em Sintra.

Enquanto Cascalense, peço: SALVEM-NOS do dr. CAPUCHO, bruxo que está a levar Cascais para o fundo do poço.

Anónimo disse...

Já desconfiava!|Cascais pareceu-me bem demais. É que este D'Orey Capucho é o homem das elites, que cheiram a água benta e oiro. Muito nos enganam os olhos! Julio Santos

Anónimo disse...

Quem é que criou as empresas municipais? Foi ele, o António Capucho! Havia 2 e agora são 11, mas vá lá vai reduzi-las para 5, quem está recibos verdes - VAI PARA A RUA, quem através da filiação partidária agarrou no tacho, ficará para lá na fusão que vai ser feita a viver à conta de todos nós. Já agora, ai em Sintra não querem o Capucho o Carreiras e a companhia toda? Arranjamos autocarros para os levar para cima de borla.

Carlos Sousa disse...

O comentário anterior é muito jacobino p'rá minha sensibilidade. A água benta incomoda o Sr. Santos. Talvez seja da sua presunção... Já ouviu certamente dizer que presunção e água benta cada um toma a que quer.
Claro que o António Capucho pertence à elite. Ainda bem, Sr. Santos, mal do país que não tem elites. Por definição, a elite é esclarecida o que é muito conveniente aos povos.
Claro que Fernando Seara não pertence a qualquer elite e Sintra sente o resultado dessa falha...
Carlos Sousa

Anónimo disse...

Já vi que o Sr. Sousa confunde presunção com água benta e que da primeira tem tomado em demasia. Também não entendeu que a elite a que me refiro não é a da cultura, é a da direita que de tolerante tem muito pouco. Jacobino? E porque não? Será por ventura Vossa Excelência juiz dos credos ou filosofias alheias? Que fique claro, em Cascais Antonio D'Orey Capucho encontrou 2 empresas municipais, hoje existem 11 que seguramente têm dado bons empregos à tal "elite". A politica é uma ilusão, por cá o nosso "mágico" não consegue tirar o coelho da cartola, em Cascais lá têm saído alguns... Julio Santos

Carlos Sousa disse...

Julgo que o Sr. Santos deverá dirigir-se ao Dr. João Cachado.Ele é que é o autor do texto e de elogio ao Presidente da Câmara de Cascais.

Carlos Sousa

Anónimo disse...

Tanta coisa mal com as empresas municipais e outras... A Empresa Castros Iluminações Festivas é de Sintra ou de Vila Nova de Gaia? Se não tiver o trabalho das iluminações em Sintra vai despedir funcionários???... (Coitadinhos o Presidente da CMS está mesmo preocupado com eles!!!!).

Pois claro que vai mas em vez de despedir funcionários, se calhar até podia reduzir custos de outra maneira? -Será?....
"Fernando Seara gasta o que não pode, com iluminações nas ruas que são uma afronta ao povo e, como se vivêssemos na abastança, tem o topete de nos pedir seis milhões de euros para se meter num negócio de sombrios contornos, como é o da compra da Quinta do Relógio, sem cuidar sequer de apresentar um programa de ocupação do espaço."

Obrigada Sr. Cachado pela sua persistência em divulgar a falta de coerência, honestidade, humildade, etc, que falta a tantos políticos.

Saloio Mas Não Parvo disse...

Acho engraçado quando pessoas de Sintra se queixam do estado a que chegámos na gestão autárquica... E acho graça porque tivemos uma PRESIDENTE DE CÂMARA que deixou obra e que foi atacada a torto e a direito pelos mesmos que abriram a porta ao Dr.Seara e Companhia Ldª! Chama-se Edite Estrela e só a citação do nome parece que ainda gera urticária em quem mais não fez do que contribuir para o estado a que chegámos, quando elegeram como "alvo abater" a referida autarca e o partido a que pertence. Apetece dizer: "não foi assim que quiseram? Então não se queixem, têm o que merecem!" Realmente a "elite" sintrense acha que o Concelho é a Volta do Duche e arredores e o resto é paisagem, aliás, é "subúrbio" e até se sentem vagamente tontos de ansiedade... Edite Estrela fez OBRA neste Concelho, que ainda aí está bem visível, mas não apaparicou os egos desmedidos de gente que se considera "bem", "elitista", "superior" e isso foi-lhe "fatal". Já repararam os leitores deste blogue que a comparação entre Sintra e outros municípios acaba quase sempre numa comparação com Cascais, essa vila de "tias" e "queques"?... Essa parece ser a bitola de alguns e com essa bitola apenas nos têm "enterrado", contribuindo para eleger outros "tios" e "queques" que falam muito, vestem bem, olham os munícipes do Cacém e de Queluz como "indigentes" mas papagueiam a "música" que uma minoria gosta de ouvir. Pobre Sintra! Até quando?...