A Sintra dos futebóis...
quase sem dedicação
Sintra, cuja prioridade autárquica deveria ser o desenvolvimento, corrigindo as carências mais prementes para o bem-estar colectivo, acaba por ser afectada – a uma cadência regular – por diferentes técnico-tácticas do entorpecimento.
Vive-se uma ansiedade deprimente, alimentada por medias estranhamente informados: - Vai, não vai? Avança ou recua? O futebol é que está a dar! O futebol está a ser utilizado para que fins? Para o quê? Porquê? Sintra correrá o risco de uma triste orfandade, perdendo quem tanto lhe prometeu mas pouco cumpriu?
Concomitantemente, expectativas escondidas estarão a alimentar blogues com campanhas e movimentos: - Para se ir embora temos de lhe reforçar o ego! Nasceu para aquilo! É o “Movimento”, é o “Queremos”, tudo a bem do futebol nacional. Alguém, talvez para ajudar ao empurrão, vai mais longe e, no Facebook, até aponta Belém. Futebol como empurrão para outros voos.
Fica-se sem capacidade de reacção, perante o risco da dedicação ser dividida ao meio: - Metade por cá, para garantir uns subsídios e metade por lá, é uma divisão que não deslustra. É salomónica e ajuda ao retrato, mesmo que seja só conversa.
Sintra, concelho usado como o mais populoso do País, poderá ser gerido a meio-tempo – futebolisticamente em duas partes – com uns fora-de-jogo pelo meio. Não será nada do outro mundo, melhor, dessa forma as desilusões por quase 10 anos de abstinência evolutiva ficarão reduzidas em 50%.
A ementa de feitos em prol do futebol é rica, bastando que a paciência nos valha para consultarmos o site da Câmara, essa cartilha democrática que publicita as boas acções enquanto que as propostas e opiniões da oposição parece que foram banidas(*).
Lá encontramos em 2009, o tal ano de eleições, contratos-programa (um com 245.000 euros para um campo de futebol) e apoios financeiros (mais 200.000 euros para um clube). Foram instaladas balizas. A 1ª Gala do Desporto de Sintra (única até hoje) para “atletas com marcas desportivas relevantes” na "época 2008/2009", agraciou um futebolista sem as ditas, mas que tinha sido convidado a candidato para uma Junta de Freguesia.
Claro que outras coisas foram noticiadas: - O Dia dos Avós (ternura que não se repetiu); o fantástico SATU para daqui a 10 anos; a cerimónia do lançamento da primeira (e única) pedra na fase 2 do campus da Católica; um subliminar “Óscar” de um actor que, por acaso, era presidente da comissão de honra da candidatura.
Enquanto se fazia propaganda avulsa, o número de desempregados no concelho de Sintra subiu de forma assustadora, registando em Dezembro de 2009 mais 2.926 do que em 2008 (17.362/13436). Em Dezembro de 2010 voltou a aumentar, agora para 17.965.
Em síntese, passados 10 anos sem políticas de desenvolvimento que incentivem a mais postos de trabalho, com dezenas de áreas clandestinas sem solução e tanto mais, falar de futebol é um óptimo serviço aos maus políticos. As fugas de informação (estilo escapadelas) funcionam como lebres da propaganda barata.
Foi nesta dedicação total que Sintra acreditou.
Fernando Castelo
(*) -Permitam os visitantes deste blogue que sugira uma visita ao site da Câmara Municipal de Sintra, entrando nas "DELIBERAÇÕES DA REUNIÃO DE CÂMARA", depois "Propostas Aprovadas" na reunião de 26 de Janeiro de 2011.
Notarão que, das 28 propostas aprovadas, 27 indicam explicitamente os subscritores. Apenas a primeira não faz essa indicação.
Pois bem, para que fique o registo, a Proposta para um Voto de Pesar pela morte do Coronel Vitor Alves, militar de Abril, foi apresentada pelo Partido Socialista.
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