[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Cena lamentável,
figurantes e figurões

Verdadeiramente digno e adequado à patusca personagem que encarna na cena da política nacional, ontem à noite, o PM soube capitalizar o efeito do anúncio das medidas que não estão no acordo com os credores internacionais, retirando campo de manobra aos intervenientes que terão de subscrever o documento de compromisso nacional.

Claro que se trata de mais um baratíssimo episódio da sua proverbial esperteza saloia. Claro que o afirmo sem pretender apoucar ou ofender os saloios sintrenses entre os quais, aliás, darão licença para que me considere incluído… De facto, sem qualquer hipótese, sem o mínimo de características, mas aspirando à subida condição de estadista, fica condenado, isso sim, a estas pífias atitudes apenas suscitando comentários como aquele que, neste momento, subscrevo.

Perfeitamente à altura de quadro tão lamentável, logo apareceu o Prof. Eduardo Catroga que, para todos os efeitos, é ele e muito mais do que ele, já que protagoniza o papel que o Presidente da República lhe terá atribuído, ou seja, o da voz de Belém. Em vez de, prudentemente, se eximir a comentários antes de conhecer os completos detalhes da proposta do acordo, não entrando no jogo que José Sócrates acabara de suscitar, escorregou para um terreno que, de modo algum, é o que interessa aos cidadãos.

Quem está a capitalizar todo este núcleo duro da asneira institucionalizada é o CDS e Paulo Portas. Com uma postura de reserva calculista, de estudada discrição, está o partido mais à direita do arco governativo a tirar dividendos da falta de capacidade de investimento dos dois partidos à sua esquerda.

Se o PS não conseguir apresentar uma alternativa de liderança a José Sócrates – que, em termos do futuro governo, possa emparceirar com os outros dois ou um dos partidos à sua direita – o país encontrar-se-á numa encruzilhada perante a qual é imprevisível se o Presidente da República terá capacidade bastante para impor a solução que mais interessa.

Bem, como se vê, estamos num embrulho muito complicado de desfazer. E, infelizmente, ainda desconhecendo se, finalmente, é a partir deste momento que se vai atacar a sério a economia paralela, que representa um quarto da riqueza nacional e, por outro lado, que estratégia vai ser seguida para proceder ao famoso emagrecimento da pesada e cara máquina do Estado que tantos recursos subtrai para além daqueles que seria justo esperar.





13 comentários:

I. Ribeiro disse...

Colega,

Estou verdadeiramente encantada com esta sua faceta de "politólogo". A brincar, digo-lhe que não tenho visto muito melhor nos debates a que vou assistindo.
Abraço,
I. Ribeiro

Fernandes Rosa disse...

Caro Prof. Cachado,

Na realidade como está visto que os outros não querem alinhar com o Sócrates o PS tem que apresentar alguém que possa integrar um futuro governo com os outros partidos. Se isto não acontecer o PS que é um partido do centro perde votação e fica condenado a fazer oposição com dois partidos que na esquerda são muito mais
capazes.
Fernandes Rosa

Rui Freitas disse...

Olá João,
Estou farto da esperteza saloia do Sócrates. Estou farto da falta de jeito do Passos Coelho. Estou farto da prosápia do Portas. Estou farto da cassete do Jerónimo. Estou farto das lições de moral do Louçã. Vou votar branco e aconselho todos os que estão fartos como eu a fazerem o mesmo.
Rui Freitas

Anónimo disse...

Apoiado, caro Rui Freitas.
Em alternativa, poderá anular-se o voto.
Estes políticos não merecem o voto dos cidadãos; antes, sim, estão a merecer (há muito)o protesto dos cidadãos ou, se preferirmos, o desprezo dos cidadãos manifestado num voto (branco ou nulo)

Teresa Rodrigues disse...

Acho que devia fazer-se um movimento a favor do voto em branco. Eu apontava já o mais notável adepto que é o Prof. Doutor Jorge Miranda, o constitucionalista que noutro dia advogou esta causa numa entrevista. E como Presidente honorário o escritor José Saramago que também propunha o voto em branco como forma de protesto.
Teresa Rodrigues

C. Santos Cunha disse...

Amigo e colega,
Alinho em tudo o que tenha a ver com voto em branco. Não me sinto representado pela miserável classe política que se perfila para nos sacar o voto dentro de um mês. Por isso vou à minha secção de voto - não me abstenho, isso JAMAIS - dizer que pensem muito bem no significado da atitude de todos os que estão prestes a fazer como nós. Pelo branco,
Abraço, Santos Cunha

Clara Lopes disse...

Alguns dstes indivíduos são "figurinhas" completamente insignificantes. Outros são "figuras" tão medíocres que, em qualquer país mais desenvolvido nunca teriam notoriedade. Outros como escreve o Cachado são grandes "figurões", oportunistas de primeira categoria e juntamente com os restantes são todos "figurantes" deste filme horrível em que participam todos porque têm o desejado cartão do partido que abre as portas todas.
Por isso alinho na estratégia
do voto branco. Se formos
mais alguns talvez dê para
perceberem que devem
escolher outro cenário e outro
encenador...
Colega, parabéns pelo seu texto, é dos poucos blogues onde entro
e me dá vontade de comentar.
Saudades, Clara Lopes

Anónimo disse...

A figura do costume. Li hoje no Correio da Manhã que o concelho de Sintra não tem uma unica praia classificada com bandeira azul. Será verdade?

Anónimo disse...

Vejam lá se com tanto voto branco o tiro não sai pela culatra...

Anónimo disse...

Os votos brancos não fazem o jogo que interessa jogar neste momento em que temos de arrumar com o Sócrates definitivamente. Tem que se acabar com a peçonha de quem
conduziu o país a esta catástrofe que agora envergonha todos os portugueses. Por favor não votem branco.

Carlos Sousa disse...

Na realidade, o PR conseguiu arranjar maneira de se fazer ouvir. É através do seu amigo Catroga que com um estilo completamente diferente de Cavaco, agora é «a voz do dono» ou na versão mix, "His master's voice"... Agora Cavaco já diz o que pensa mas através de um porta-voz, como diz o Cachado, a voz de Belém. Só faltava mesmo este cromo para compor o ramalhete.
Abraço,
Carlos Sousa

Anónimo disse...

Por todas as razões e mais aquela que quiserem, não votem branco. Não desperdicem a possibilidade que está nas vossas mãos de liquidar qualquer hipótese de continução da actividade política de Sócrates e companhia.

Anónimo disse...

São gente medíocre e o melhor é não perder tempo com gente desta. Por mim o voto é branco (se lá for...)