coragem e urgência!
Volto a considerar o tema das empresas municipais de Sintra, acerca do qual, directa e explicitamente, nunca me eximi a exprimir uma crítica opinião em relação à sua génese, permanência no tempo, apesar de tantos protestos e necessidade de, uma vez por todas, resolver uma questão que, infeliz e quase tragicamente, se arrasta sem qualquer mérito*.
Perante a inequívoca e manifesta intenção do Governo de, rapidamente, concretizar o objectivo constante do Memorandum de Entendimento que, a propósito daquela questão, vai no sentido de, pura e simplesmente, suprimir e, quando muito, se justificável, concentrar as unidades com um mínimo de viabilidade, não gostaria de deixar passar a oportunidade sem voltar a expressar um voto, cujo directo, destinatário é o Senhor Presidente da Câmara.
Com a maior sinceridade, neste momento especialmente difícil da vida nacional e municipal, espero bem que ao Prof. Fernando Seara não faltem a coragem e a lucidez para a tomada da decisão que, em definitivo, se impõe. Sem tibiezas, doa a quem tiver de doer, sempre no respeito da legalidade e no exercício da autoridade democrática de que está investido como cidadão eleito, o Presidente da Câmara Municipal de Sintra está em condições de fazer o que lhe compete.
Acabou-se! A lógica empresarial e a lógica da Administração Pública directa são realidades que não podem confundir-se, à espalda de subterfúgios cujas consequências estão bem à vista através do escândalo nacional que, no quadro das empresas municipais, foi o dispêndio de verbas em duplicidade, a admissão de boys e girls, as mordomias incompatíveis com a realidade dos recursos disponibilizados pelos cidadãos. Não há que hesitar quando tantos sacrifícios estão sendo exigidos .
O Prof. Fernando Seara, como homem de Direito que é, cauteloso e inteligente, não precisa – nem de facto nem, muito menos, de jure – quer dos meus quer dos conselhos seja de quem for, que o habilitem à resolução que, ele próprio o sabe, não pode tardar mais. O tempo urge. O exemplo da decisão que vier a protagonizar, como autarca gestor de um dos maiores e mais difíceis concelhos do país, ainda mais determina que actue sem mais delongas.
Coragem! E que bonita, que exemplar pode ser a coragem!...
* Muitos são os textos que, a propósito, foram publicados neste mesmo blogue. Para consulta do arquivo basta introduzir as duas palavras do tema no rectângulo superior esquerdo do painel. No sentido de facilitar a busca, eis alguns dos escritos, por ordem cronológica: 02.06.10; 13.06.10; 06.10.10; 19.10.19; 22.10.10; 27.10.10; 08.11.2010; 27.11.10; 29.11.10.
6 comentários:
Se não fosse a troika ainda tínhamos de aturar as empresas municipais por muitos anos. Não há mal que não venha por bem.
André Rodrigues
Meu caro João Cachado,
Em tese, a solução de encerrar as empresas municipais é a forma mais fácil de resolver o problema.
Mas, tal opção, terá a vantagem de encobrir tudo o que tem sido feito de negativo e que tem merecido todo o apoio do actual presidente da Câmara e da sua equipa de dedicados políticos e administradores.
Evidentemente, o acabar depressa com certas empresas, evitará outras situações que merecerão ser esclarecidas. Isto é, fica logo uma pedra em cima e as consciências limpas...até à próxima.
Um abraço,
Fernando Castelo
Caro Prof. Cachado,
Ouvi ontem o Prof. Marcelo afirmar que o governo tem que legislar para que as Câmaras Municipais possam extinguir as empresas municipais. Parece que assim as coisas nunca mais acabam. Abraço
Carlos Sousa
Meu caro Amigo João Cachado,
Em complemento do meu "post" de ontem, remeto para o meu blogue http://retalhos-de-sintra.blogspot.com/2011/08/sintra-camara-educa-hpem-e-dividas.html
alguns dados para apreciação.
Com efeito, há 10 anos que a conversa das empresas municipais anda por aí, mas a tal "autoridade democrática" de que fala não tem impedido o agravamento dos números.
Aliás a "autoridade democrática" a que alude, também está legitimada para a compra da Quinta do Relógio; permitir autocaravanismo selvagem junto ao Centro Histórico; ou para a nomeação de tantos assessores que pagamos;isto para não se falar do triste caso de Belas;
Citações de "autoridade democrática", "julgamento em eleições" e "legitimidade democrática" são bonitas e muito utilizadas por políticos que o são graças a uma revolução...que não foi feita por decreto.
Um abraço,
De si podem dizer muita coisa mas nunca que andou distraído... Segui e sempre concordei com o que escreveu acerca das empresas municipais de Sintra. O Dr. Cachado fez o que pôde acerca do assunto. Agora, quem, de facto, pode resolver que não adie por mais o que há muito já devia estar feito. Abraço amigo, Pedro Lemos
Meu caro Amigo João Cachado,
Certamente - nestas coisas da internet tudo é possível - perdeu-se um comentário que enviei na continuação do meu anterior (de 28) aqui já reproduzido.
Pretendia eu completar o anteriormente escrito, indicando que no meu blogue
http://retalhos-de-sintra.blogspot.com
tinha desenvolvido o tema.
Ao mesmo tempo, referia que "autoridade" e "legitimidade" "democráticas", bem como "nas eleições é que somos julgados" são citações muito usadas por quem, graças a uma revolução que não foi legalizada por decreto, agora podem decidir da vida de todoa nós.
Abordei, ainda, que o Presidente da Câmara também foi "legitimado" a adquirir a Quinta do Relógio, com a qual nos iria endividar ainda mais.
Da mesma forma, a autoridade democrática tem permitido o autocaravanismo selvagem junto ao Centro Histórico de Sintra.
Tal como, há 10 anos, que as empresas municipais têm estado para ser avaliadas, e o que tem sucedido é o progressivo agravamento das situações financeiras.
Mais ou menos isto o pretendido. Foi uma pena ter-se perdido.
UM abraço,
Fernando Castelo
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