[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 19 de setembro de 2011



Madeira,
caso de polícia

A única e mais adequada classificação que encontro para o designado buraco das contas da Madeira – neste momento, de mil e seiscentos milhões de Euros, que parece poder aumentar substancialmente – é a de caso de polícia. É mesmo a única hipótese de tentar refrear e, de uma vez por todas, acabar com qualquer veleidade que esse senhor ainda mantenha de permanecer no poder, numa terra de cegos em que tudo fez para poder ser rei.


Bem vistas as coisas, aquele adágio popular até nem convirá a esta figura de truão. Muito mais a propósito, dir-se-ia que, isso sim, poderia ser o presidente de uma autêntica república de bananas – e a Madeira até as tem, bem saborosas embora pequeninas!... – se tivéssemos a sorte de que, finalmente, tão perniciosa personagem liderasse o tal movimento independentista insular, a ideia com que tem chantageado a medíocre classe política portuguesa do contnente, sem que, sintomaticamente, jamais alguém o tivesse posto no seu devido lugar.

Estamos perante um caso de polícia. Como decisor e gestor político, permitiu-se não só guardar mas também, verdadeiramente, sonegar informações absolutamente fulcrais e vitais para a República no seu todo. Jardim encheu o seu armário com tantos esqueletos que o transformou em incontida caixa de Pandora. Num dos momentos de maior aflição nacional, quando, goste-se ou não do modus faciendi, o país esbraceja por todo o lado, tentando dar a entender que actua com seriedade, eis que se solta a mentira e todo o mal escondido na caixa…

Perante tão lamentável e tremendo episódio, de acordo com o qual é todo um país que fica em causa, perdendo a face e o crédito, tanto a nível nacional como internacional, ainda é possível a actuação do Primeiro Ministro, Presidente da República, Parlamento, órgãos de soberania que não podem deixar de dizer ao povo que as instituições funcionam no Estado Democrático de Direito que reclamamos ser o nosso.

Quero eu dizer que, pelo menos, poderiam transmitir a todo uma população escandalizada que, apesar da sua vontade, não é possível impedir o indivíduo de se apresentar a sufrágio regional. Claro que conheço a Lei, conheço o caso do Isaltino… Mas, de todo em todo, em trabalho de bastidores, não é possível fazê-lo desistir, dando a entender ao país que lhe foi sugerida a óbvia demissão?

Imperioso se revela demonstrar publicamente que os interesses do PSD não se sobrepõem aos do país. É preciso dar sinais e satisfações a quem está a sofrer o que não deve e a arcar com as consequências de um desgoverno inaudito protagonizado por uma figura inclassificável.


PS:

Eis a transcrição da resposta que remeti a um comentário, sobre este mesmo texto, publicado na minha página do facebook:

" Ignorância! Primeiramente a ignorância descarada em que esse cacique ordinário tem apostado manter as populações madeirenses. O epifenómeno Jardim , meu caro LMCL, não tem nada de particularmente especial. Caciquismo, por um lado, a componente de demagogia barata, por outro, uma capacidade histriónica adequada aos 'grunhos' votantes, a democracia pervertida por todos estes ingredientes aos quais ainda se junta uma estratégia de chantagista, ameaçando a possibilidade de independentizar a ilha.

Tudo isto já teria sido devidamente desmascarado se, ao longo de mais de trinta anos, este senhor tivesse encontrado, entre os detentores dos órgãos de soberania da República, alguém que tivesse sabido pô-lo no devido lugar. Lá na ilha, a ignorância, e aqui, no continente, a falta de coragem para o exercício da autoridade democrática foram elementos bastantes para criarem esta situação tão constrangedora.

Deixaram que um paranóico, mitómano, esbanjador, se mantivesse incólume à frente de um governo, em roda livre, sem qualquer evidência de controlo democrático. Tem sido tratado como legítimo representante de um povo livre, que nele tem sucessivamente votado quando, afinal - e como tantos de nós ainda não nos cansámos de evidenciar - não passa de um truão. Teve artes de ridicularizar os poucos adversários que se lhe opuseram como o Padre Martins do Machico.

Quem se lhe opôs, aliás, mais não fez do que armar-se em Don Quichote, num terreno minado como aquele. Como nunca me abandona uma réstea de optimismo e crença na possibilidade de a verdade acabar por vir à luz do dia, creio que, desta vez, é capaz de acontecer qualquer coisa que modifique o quadro que tem vigorado. Enfim, veremos.
Sábado,18.09.2011, às 21:13"




4 comentários:

Sintra do avesso disse...

Transcrição de comentários do facebook:

Dina Baltazar
Passando os olhos pela sua página e lendo sobre esta situação que nos remete para maiores interrogações sobre o nosso adormecimento como povo, pois permitem-se tais aberrações até à exaustão, lembrei-me de um comentário feito pelo meu irmã...o
Carlos Baltazar ao mesmo assunto e passo a citar:

"Antigamente, havia nas cortes o posto de bobo, o inimputável que podia dizer o que os outros tinham de calar. Infelizmente este presumido inimputável diz o que lhe apetece, ofende adversários e enxovalha amigos políticos sem vergonha para lhe responderem. E nós, arraia miúda que das cortes só ouvimos notícias tristes? Calar e pagar. Foi preciso o tesouro do reino ficar vazio e vir a troika ordenar fazer o que a espinha vergada da classe política mandava esquecer..."

É triste... ter sido necessário cair bem no fundo para que se veja a sujidade há tanto escondida!!! E é assim em quase tudo o que actualmente assistimos em Portugal....e esse fundo ainda tem uns quantos quilómetros...sabendo que, por vezes, nem caindo nele, nasce uma lucidez necessária aos tempos em que vivemos...

Dina Baltazar Talvez descendo ao fundo seja subir ao alto...

Anónimo disse...

Ainda se fosse «só» na Madeira...

Rodrigues Parenter disse...

Amigo Cachado,
Segundo a revista Visão a Madeira é a «Grécia de Portugal». Acho muito bem classificado. Além de caso de polícia, é um escândalo para todos os alentejanos, beirões, minhotos, transmontanos, etc que se perguntam porque raio de razão é que o Jardim teve autorização para gastar daquela maneira escandalosa. Esta história tem de ser muito bem contada.Abraço forte,R. Parente

Anónimo disse...

Daqui a uns dias já vai estar tudo isto esquecido pelo povo, como já se esqueceu daquele banco do oliveira cavaco & sons. Os mídia lavam mais branco que o tide e este povo é bestial. Este povo, quero dizer aquele que vota no partido do arco da desgovernança (pspsdcds/pp). Os situados à esquerda do ps estão carregados de ineptos. Restam, com ganas de governar os belmiros martins & jerónimos de azevedos. Estou farto desta ineptocracia, das teorias de defesa do indefensável.