[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 2 de novembro de 2011



A propósito
do Dia das Bruxas

A propósito de quem, com tanta pertinência se insurge contra esta praga do Dia das Bruxas, apetece perguntar também sobre o tão português Dia de São Valentim… Aflige-me como, com tanta falta de lucidez, o cidadão comum embarca nestes festivais do mais acéfalo comércio.


Não menos preocupante a maneira como a própria Escola colabora nesta farsa que acaba por assumir contornos de estratégia de aculturação, além de induzir práticas de consumo sempre criticáveis e, por maioria de razões, muito mais nos dias que correm. Espanta-me que a Confederação Nacional das Associações de Pais, sempre tão verborreica, não se pronuncia.

Claro que o comércio mais banal e bacoco é a mola real desta prática. E quem o põe em causa? Quem vai preocupar-se com um assunto destes, pois se as crianças gostam tanto e até ficam tão engraçadas, mascaradas de bruxas, fantasmas e quejandos? O que é preciso é vender, animar as lojas, vender, vender!

Vendem-se as emoções à mistura com objectos perfeitamente desnecessários, vendem-se os símbolos embrulhados em papel de lustro e, sem qualquer discernimento, troca-se o carácter genuíno de algumas das nossas tradições culturais pelo falsete de importações já em vigésima terceira mão...


Acham que devemos passar alegremente por cima ou ao lado de tudo isto, como cão por vinha vindimada? Lá no fundo, não há valores em jogo?


3 comentários:

Carlos Sousa disse...

Caro João Cachado,
Acabo de deixar um comentário sobre o nome de Wolfgang e venho agora às bruxas. Tem toda a razão. Está tudo mercantilizado. Ainda há umas vozes lúcidas e é o que nos vale. Obrigado pelos pontos nos ii.
Abraço, Carlos Sousa

Carlos Sousa disse...

A propósito do Dia das Bruxas, acabei de me lembrar da Sinfonia Fantástica do Berlioz. O João Cachado não acha que se pode relacionar?
Abraço,
Carlos Sousa

Sintra do avesso disse...

Transcrição de uma mensagem via e-mail:

Fico muito grato e feliz pela partilha de tão profunda inquietação em prol de um ser e de um estar, que combate a indiferença e nos anima a tomar o nosso lugar nestes dias, tão desassossegadamente estranhos, vazios e perversos...

Com muita estima