Mozart,
duas Árias célebres [I]
Está visto que o dia 8 de Março era muito propício à manifestação do génio de Mozart no domínio das Árias de concerto. Com o intervalo de dez anos, datadas de 1781 e 1791, eis duas das mais interessantes composições do género, respectivamente, “Misera, dove son!“ – Ah! non son io che parlo“ para soprano, KV 369 e “Per questa bella mano” para voz de Barítono e Contrabaixo obligato, KV 612.
Portanto, estamos em presença não de uma mas de duas efemérides que nos cumpre celebrar através das melhores interpretações que me foi possível encontrar. Quanto à primeira, a opção «definitiva» é a de Gundula Janowitz. Como verificarão, com texto de Metastasio, nesta peça temos todo um curso de canto mozartiano. No meu caso pessoal, há quase cinquenta anos, lhe devo o melhor Mozart que ouvi desde então, sendo justo assinalar que faz parte de uma tríade de ouro, juntamente com a Schwarzkopf e Stich-Randall.
Aqui têm a primeira peça. A vossa atenção também para a segunda que vos é proposta, já de seguida, em post separado.Boa audição!
http://youtu.be/0AJ6M1EaQ6Q
Mozart,
Duas Árias célebres [II]
Quanto à segunda Ária, devo confessar-vos uma especial preferência. Neste caso, dentre as perfeitamente excepcionais características da composição, destacarei a mestria de Mozart no domínio daquele que, aparentemente, é o pesado contrabaixo, um quase mastodonte condenado à emissão dos mais graves registos das cordas que o compositor emancipa através de uma proposta fascinante.
Tenham em consideração que estamos em Março de 1791, o último ano da curta vida de Mozart.É a derradeira Ária de concerto que compõe. Ouçam como é possível fazer soar um contrabaixo, com tão inquestionável mas surpreendente ligeireza. E reparem como os graves registos do instrumento e da voz se encontram em terreno tão propício. Mozart, em Viena, começara a pensar em Die Zauberflöte [A Flauta Mágica].
Tinha à sua disposição a voz excepcional de Franz Gerl, o barítono que assumiria o primeiro desempenho de Sarastro e o virtuosismo de Friedrich Pichelberger, chefe de naipe dos contrabaixos da orquestra do Theater auf der Wieden onde aquela ópera seria estreada.
Acompanhem-me nesta obra sublime e verifiquem como o virtuosismo, quando não é apenas tecnicismo – aliás, absolutamente indispensável para atingir o efeito que Mozart pretende, através de uma imparável sucessão de arpejos e de cordas duplas em terças no contrabaixo – nos remete para as culminâncias da Arte mais cativante.
Nesta gravação que vos proponho Thomas Quasthoff é «a voz» e Christoph Anacker o contrabaixista. A orquestra é a da Staatskapelle Berlin dirigida por Julien Salemkour.Bom visionamento, boa audição!
http://youtu.be/00k1i07ys8A
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