[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 1 de março de 2012


Parsifal,
o máximo


Ora aqui têm os meus amigos uma leitura do Prelúdio ao primeiro acto de "Parsifal" de Richard Wagner. É Barenboim quem conduz a estupenda Orquestra do Festival de Bayreuth que, como sabem, é constituída pelos melhores músicos, provenientes das melhores orquestras alemãs, recrutados para o efeito do festival, entre fim de Julho e Agosto. Só por curiosidade, em 1987, tive oportunidade, em Bayreuth, de ouvir esta mesma ópera, sob direcção de Daniel Barenboim.
Lá mesmo, tenho ouvido outras melhores e outras piores abordagens de "Parsifal".

Não deixa de ser curioso que o grande 'arquitecto' que Richard Wagner também foi, tivesse pretendido que, no seu teatro, em Bayreuth, nem orquestra nem maestro aparecessem aos olhos do público no sentido de evitar um factor distractivo e que, nesta gravação, toda a atenção esteja focalizada no maestro...Enfim, não deixa de constituir uma certa forma de perversão dos propósitos do Wagner, grande demiurgo.

Quanto à música, chamaria a vossa atenção para a concepção helicoidal, no sentido ascencional, que, desde os primeiros acordes, nos vai elevar à plataforma superior onde, durante horas, permaneceremos imunes à contaminação dos parasitas com que a mundana realidade nos afecta a todo o momento.

Talvez fosse esta - ou, melhor, não só este início mas toda a ópera "Parsifal" - a grande obra dentre toda a Música que conheço, a levar para não sei onde se apenas uma me fosse permitido. Está lá tudo como, por exemplo, a nível da Literatura, o mesmo acontece com "Guerra e Paz" de Tolstói ou "À la Recherche du Temps perdu" de Proust.

Boa audição!

http://youtu.be/7w17MamPY7A
Wagner - Parsifal Act I Prelude_1 youtu.be



2 comentários:

Sintra do avesso disse...

Transcrição do facebook

Chábeli de Castro-Camacho, Luis Miguel Correia Lavrador e 3 outras pessoas gostam disto

Natalia Carvalho

Maravilhosa,tenho que a guardar tal como as outras,para volyar a escutar; me dá uma tal paz de Espírito!!!!!!!!!!!!!obrig​ada♥
Segunda-feira às 10:58

Luis Miguel Correia Lavrador

É necessário atravessar este jardim mágico, tal como Parsifal fez. Percorrer toda a ópera sem esquecer que ela é do palco, só dele, com enorme júbilo e alegria, que podem ser em forma de aplauso, ou não. Gostei da ligação aos exemplos literários que deu, João. Mas a música é aqui, na minha opinião, sagrada. É comunhão! Um dia, eu vou a Bayreuth, comungar nes
Segunda-feira às 13:49





Luis Miguel Correia Lavrador ‎

(...)comungar nesta eucaristia. Enorme abraço
Segunda-feira às 13:50

João De Oliveira Cachado

Como bem sabe, Luís, é outra Iniciação, essa da travessia do jardim de Klingsor. E completamente de acordo em relação ao entendimento da própria música como via mais propícia de acesso ao sagrado. Aqui chegados, estamos muito perto de Wagner/Nietzsche, do tempo em que souberam coincidir. Quanto à ida a Bayreuth, claro que sim. Mas o melhor é começar já a pensar nisso porque é de doze anos o prazo de espera, sem manigâncias, para se candidatar a um bilhete legal... Se pensa realizar esse projecto, o melhor que tem a fazer é inscrever-se imediatamente como membro de um Círculo Richard Wagner, começar a pagar as quotas e esperar que o rateio dos bilhetes anualmente concedidos o contemplem. No ano que vem, se Deus quiser, depois de uma estada em Leipzig, lá estarei a comemorar os duzentos anos do nascimento de RW. Claro que, neste momento, já está tudo comprometido, tudo esgotadérrimo. Mas, como o Luís é muito novo, há muita efeméride wagneriana a ter em consideração e, inclusive, no seu caso, a possibilidade de ir comemorar os duzentos e cinquenta anos do nascimento... Abraço
Segunda-feira às 19:42

Sintra do avesso disse...

mm