[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 18 de abril de 2012




Sintra, dezoito de Abril,
Dia Internacional dos Monumentos e Sítios



No Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, a celebração que, a nível pessoal, pretendo assumir, numa terra tão pródiga em vestígios patrimoniais importantes e sofisticados, não pode deixar de se conjugar, quer com o que de melhor se faz a nível nacional e internacional no que à preservação e recuperação do património natural e edificado diz respeito, quer com a memória de um atentado cujos efeitos ainda estão por resolver.

Se, por um lado me refiro à empresa de capitais públicos Parques de Sintra Monte da Lua, cuja competência abrange os bens patrimoniais mais conhecidos de Sintra, por outro, mais uma vez, lamento o tristíssimo destino do tanque de Seteais, lugar geométrico de um lazer ancestral de dois séculos, transformado num prosaico e indigno armazém de maquinaria que, a seu bel-prazer, o concessionário do Palácio Hotel concretizou.

O que mais lamento é que tivesse sido a incúria e desvergonha do próprio IGESPAR, entidade pública e oficial afecta ao Ministério da Cultura, cujo objectivo último é zelar pela preservação do Património Cultural, que autorizou e deu aval a um despautério que, como é do conhecimento geral, em resultado da luta que levei a cabo em 2008, foi coroado pela recepção de uma caricata resposta oficial.

Nesta data, lembrar o episódio, também pressupõe o pedagógico objectivo de funcionar como alerta contra a possibilidade de análogas situações. E se isto afirmo é porque não consta que tivesse sido banida a incompetência e a ignorância que enquadraram a aludida resposta, sob forma de ofício subscrito por um Arquitecto Assessor Principal, em que teve o topete de me sossegar com a ideia de que a intervenção seria compensada através da instalação de um espelho de água ilusionista, a instalar sobre a cobertura que, entretanto, tinha sido construída para fechar o tanque e consumar o crime…

Está tudo documentado, fazendo parte de um arquivo que também preservo no meu património das ignomínias que vou tendo conhecimento. Sei, contudo, que o caso não está esquecido e também sei de cidadãos sintrenses que, proximamente, tomarão uma interessante iniciativa lembrando como urge resolver o assunto.

Apesar de uma certa letargia, agudizada pela situação de crise vigente, há pessoas que não deixam cair os braços, para quem a defesa e recuperação do património não se reduz à emissão de estéreis declarações de intenção como as que hoje lemos por tudo quanto é meio de comunicação social. Ainda são honrosos resquícios de uma cidadania que teima afirmar-se, num Portugal cujos índices de analfabetismo e iliteracia são tão desgastantes e preocupantes.

PS:

Pedi ao meu amigo Fernando Castelo, cúmplice desta luta de vários anos pela preservação e, actualmente, recuperação de um bem patrimonial sintrense e nacional, que introduzisse na minha cronologia os seus documentos visuais e audiovisuais que bem ilustram estas palavras. Aqui fica o meu antecipado agradecimento.

1 comentário:

Fernando Castelo disse...

Meu caro Amigo,
Sem jeito e muito menos arte, coloquei fotos adequadas às nossas preocupações.
Mas, estou certo, os leitores complacentes compreenderão.
Um abraço,
FCastelo