Ana Maria Bénard da Costa,
Foi na tarde do passado dia 16, na
Escola Secundária de Santa Maria em Sintra, que o Sindicato dos Técnicos,
Administrativos e Auxiliares de Educação, Sul e Regiões Autónomas, membro da
FNE/UGT, levou a efeito a primeira iniciativa de um ciclo dedicado à abordagem
de assuntos inerentes a vários domínios do Sistema Educativo. Desta vez,
considerou aquele Sindicato que, para início do seu programa pluridisciplinar de
animação socioeducativa, fazia todo o sentido propiciar uma reflexão no âmbito
da Educação Especial.
De facto, no
conturbado período que atravessamos, a opção do STAAE-Sul por este «território
de preocupação», decorre da apreensão com que se assiste à tomada de decisões
que comprometem a prossecução dos objectivos que, há dezenas de anos, se
consideram significativas conquistas, consubstanciadas no modelo da denominada Escola Inclusiva. Tendo em consideração
que a inquietação afecta todos os agentes educativos, ainda mais inquestionável
se revelaria o interesse da reflexão em
apreço.
Em Portugal, se alguém
há que possa testemunhar, desde a sua génese e até ao momento actual, como se
processou a prática de inclusão de alunos com necessidades educativas especiais
no ensino regular e se implantou, radicou, desenvolveu até adquirir estatuto
institucional, certamente que será Ana Maria Bénard da Costa, inequívoca mentora
do modelo, a quem o Sistema Educativo nacional reconheceu inquestionável
autoridade nacional.
Pois foi,
precisamente, Ana Maria Bénard da Costa quem o STAAE, Sul convidou com o intuito
de que apresentasse público testemunho do que foi a sua vida em defesa de causa
tão nobre. E, de facto, pretendendo abranger, indistintamente, professores e
pessoal de apoio educativo, o STAAE-Sul conseguiu congregar no grande auditório
da referida escola um atento grupo de várias dezenas de participantes que, muito
interventivos, se envolveram na proposta que lhes foi
presente.
Após as palavras de boas vindas a
cargo da professora Maria da Conceição
Coelho, Subdirectora da Escola Secundária de Santa Maria e de Cristina
Ferreira, Presidente da Direcção do Sindicato, eu próprio fiz uma apresentação
muito informal da convidada, tendo enaltecido as suas qualidades de lutadora,
tendo oportunidade de lembrar como tais características foram devidamente
distinguidas pela condecoração nacional que recebeu do então Presidente da
República Jorge Sampaio.
Ana Maria Bénard da Costa começou
por apresentar o filme “Child Friendly Schools”, produzido pela UNICEF, cuja
projecção foi seguida de debate muito participado durante o qual foi possível
aflorar as mais pertinentes questões da Educação Especial em todas as latitudes
do planeta. Sucederam-se as intervenções da audiência até que AMBC conduziu a
intervenção para o período em que concretizaria o objectivo fundamental da sua
comunicação.
Com uma simplicidade
tão tocante quanto eficaz, traçou as etapas fundamentais da sua vida
profissional, ao longo de quarenta anos, como professora e técnica, em
enquadramentos que se cruzaram, tanto no âmbito do Sistema Educativo como, por
exemplo, no da Segurança Social, nos sectores público, privado e cooperativo.
O seu percurso
coincide e confunde-se com o próprio percurso da Educação Especial no nosso
país. É todo um caminho pautado por marcas de singularidade que se evidenciam
através da permanente disponibilidade para a adequação do saber adquirido na
experiência do que ia fazendo, num fértil terreno de desafios como foi o de
Portugal desde os anos sessenta do século passado até à
actualidade.
No final, em troca de
impressões muito informais, entre outras conclusões deste momento de reflexão
propiciado pelo STAAE, Sul, os participantes deste encontro salientavam o facto
de terem adquirido e/ou confirmado, com AMBC, a fundamental distinção entre
“integração” e ”inclusão” e, em simultâneo, como a confusão de tão diferentes
perspectivas de trabalho, no domínio da Educação Especial, pode ser e, não raro,
tem sido perniciosa a vários títulos.
Além dos saberes
ventilados, que AMBC soube agitar no amplo sentido do que seja a animação
cultural, como atitude cívica que, mais uma vez, protagonizou, ainda ficou o
magnífico exemplo humano de alguém que, acima de tudo, valoriza a
disponibilidade mental para responder a determinados estímulos – na sua própria
expressão, quais curto-circuito ou,
outras vezes, choques eléctricos –que
é preciso saber identificar como radicais desafios à mudança do statu quo. Em suma, uma grande Senhora
da Educação que soube pôr em comum uma grande lição de vida.
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