[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 19 de agosto de 2012

Maçonaria,
coerência ou hipocrisia?



À pergunta "Sois Maçon?", quantos iniciados poderão responder de acordo com a substância da réplica canónica "Os meus Irmãos, me reconhecem como tal"? 

Enquanto os mais radicais valores e princípios maçónicos não determinarem os maçons das várias obediências às indispensáveis operações de separação das águas – natural e necessariamente, sempre concretizáveis no quadro das instituições maçónicas previstas para o efeito – o que, em muitas Lojas, vai prevalecendo é uma flagrante situação de hipocrisia nada articulável com os valores e princípios com que cada um está comprometido.

 N
o meu caso particular, por exemplo a multiplicar pelo de muitos outros Irmãos, não tive outra solução que não fosse a de solicitar o quite, tal não significando que, juntamente com aqueles que estão na na mesma situação, não me empenhe na alteração do actual estado das coisas. Aliás, com o maior desassombro, cumpre dizer que, ao contrário do que, infelizmente, até parece, a Maçonaria Portuguesa não é um cói de oportunistas desqualificados.

De facto, aliás como em todas as instituições em que a fraqueza humana tem fértil terreno para evidenciar o que de pior suscita, há membros da maçonaria – ambiciosos espiões de terceira categoria, politiqueiros que mais se assemelham a fanqueiros de capelista ordinária, gente capaz de cozinhar uma licenciatura em três tempos e de outras habilidades tão ou mais causadoras de escândalo – que foram iniciados na Augusta Ordem Maçónica por puro engano de quem tinha o dever de zelar pela qualidade das admissões.

Urge que, sem qualquer margem para equívoco, aconteça o indispensável, ou seja, que as instituições maçónicas funcionem de acordo com a Constituição e Regulamentos maçónicos, limpando dos seus quadros os obreiros que, manifestamente, por falta de qualidades mínimas, tanto prejuízo têm causado a uma organização que, afinal, ao longo de séculos, tantos motivos de orgulho tem para declarar, quer a nível nacional quer internacional.

De uma vez por todas, tem de funcionar o mecanismo de defesa institucional que garanta a qualquer maçon digno da sua filiação, a possibilidade de não se confundir com trafulhas, traficantes e quejandos habilidosos, sempre à espreita da oportunidade de se infiltrarem no seio de grupos de cidadãos, como a Maçonaria, que, com a sua probidade, lhes cubram os desígnios mais baixos. Em geral, perversamente, tais trafulhas, traficantes e outros habilidosos, não são encarados como tal por uma sociedade em crise, pouco atenta aos valores éticos e prestes a aceitar tais manigâncias como testemunho de empreendedorismo, de espírito de iniciativa e capacidade de decisão.

Suicídio seria manter, integrados na Ordem, tais indivíduos como se, na realidade, algo de inadmissível, não se tivesse passado. Se a opinião pública tem direito à plena satisfação do esclarecimento que se impõe, então, muito mais determinantemente, a esmagadora maioria dos maçons, deseja-o a todo o transe.

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