[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 27 de novembro de 2012



Sintra,
nos nossos cuidados


Chamo a vossa atenção para o comentário do meu amigo Fernando Castelo, publicado no facebook, na sequência do meu post “Heliodoro Salgado, ainda por resover, parte II” - artigo também aqui no sintradoavesso - já que a sua leitura é indispensável ao entendimento desta minha réplica. Eis a sua transcrição:

Fernando Castelo Meu caro, como tenho outras preocupações maiores do que a circulação de automóveis na Heliodoro Salgado, entre elas a ameaça de extinção de freguesias com inegáveis prejuízos para os seus habitantes e os mais de 22.560 desempregados para os quais a Câmara Municipal não responde com planos de desenvolvimento, vou colocar um ponto final nesta discussão, por ser estéril.
Essencialmente porque, sendo um inculto cidadão, não estou preparado para “contestar soluções propostas por qualquer pluridisciplinar e presumida equipa técnica”. Eles são técnicos, eu não. Tão pouco imagino que eles se expressassem assim a seu respeito.
Por outro lado, estranho a sua tendência para exagerar a importância da Heliodoro Salgado, inclusive posicioná-la como se tivesse influência relevante na circulação e acesso à Vila Velha.A Estefânia é um bairro lateral, como sabe, embora com passagens de acesso.
A Visconde de Monserrate tem algo a ver com a Estefânia? Nada. O mesmo se diz quanto à área do Lawrence’s.
Como sabe, também quem desce de Chão de Meninos a caminho do Centro Histórico passa ao lado. Quem vem dos lados de Colares e passa na Correnteza, passa ao lado e desvia-se para a esquerda ou direita como sempre. Quem vem de Mem Martins, sim, poderia seguir sempre em frente na Av. Das Forças Armadas em vez de andar às voltas. Mas também não passa pelo interior da Estefânia.
Se na Câmara Pestana, se invertesse o sentido do trânsito- descendo - seria uma excelente medida já que no final cortaria à direita e rapidamente chegaria ao IC16. Diminuiria o tráfego na Correnteza.
Pelo que escreve, o tema esteja a suscitar o interesse local (no caso de automobilistas, estou certo) e ainda bem. Talvez algum dos mentores saiba do fontanário neo-manuelino da Estefânia, de que há 5 anos se espera a recolocação. Um abraço,
 
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Sintra,
nos nossos cuidados

 
Meu Caro Fernando Castelo,

para sistematizar a resposta, permita que o faça por temas, respeitando a ordem da apresentação do seu comentário. Assim:

1.Se há coisa com a qual não estou minimamente preocupado, a circulação de automóveis na Heliodoro Salgado é de certeza porque, pura e simplesmente não existe. Seria uma discussão estéril, perda de tempo inequívoca. Posso estar e, de facto, estou preocupado, isso sim, com uma estratégia de remediação para o infernal e labiríntico circuito que foi imposto como alternativa ao encerramento da Heliodoro Salgado, coisa radicalmente diferente. Tal estratégia, muito naturalmente, pressupõe o debate que for conveniente concretizar;

2.Para que dúvida alguma subsista, vejo-me na obrigação de citar os dois parágrafos finais do texto que o meu amigo teve a gentileza de comentar:

“(…) A exemplo do que aconteceu na Primavera de 2004, parece impor-se a necessidade de a designada sociedade civil promover umas novas Jornadas de reflexão sobre problemas da Estefânea em que, para além do cidadão comum, se possa ouvir a opinião de urbanistas, arquitectos, sociólogos e outros peritos. Saibamos adquirir as mais correctas noções de equacionamento das alternativas, sempre na perspectiva de que a Heliodoro salgado faz parte de um puzzle compósito e complexo, nunca como caso isolado.
Certamente que, também por essa via, tanto os cidadãos como os próprios decisores políticos locais, ficarão mais bem preparados para contestar soluções propostas por qualquer pluridisciplinar e presumida equipa técnica que, ao conceber uma estratégia de remediação para a situação da Heliodoro Salgado e do labirinto subsequente, volte a invocar, como patrona, a Nossa Senhora da Asneira de Sintra...”

E, depois da citação, apenas confirmar que tudo se passa no futuro, aliás, como é fácil constatar. Repare, e, sublinho “(…) qualquer pluridisciplinar e presumida equipa técnica que, ao conceber uma estratégia de remediação para a situação da Heliodoro Salgado (…)”. Portanto, como ainda não há qualquer estratégia de remediação, eu só podia estar a pensar no futuro, ou seja, se e quando qualquer equipa conceber um qualquer plano afim. Nessa altura, depois de todo o esclarecimento que se impuser, todos estaremos mais aptos a contestar ou a sancionar positivamente a sua qualidade e pertinência. Portanto, que não subsista qualquer ideia de que me estaria a referir aos técnicos e aos decisores autárquicos que nos deixaram como herança este lindo estado de coisas. É que, relativamente a esses, já me pronunciei oportunamente;

3.Autorizará o meu amigo que, neste derradeiro ponto, me pronuncie quanto a todas as considerações subsequentes ao segundo parágrafo do seu texto, já que observam a mesma e única unidade temática. E faço-o, muito sucintamente, apenas confirmando que o meu artigo observa uma perspectiva integrada de análise. Pois bem, nesse contexto, se o encerramento da Heliodoro Salgado provocou efeitos no tráfego de pessoas e mercadorias, quer a montante quer a jusante, então a aludida estratégia de remediação não pode deixar de contemplar toda essa rede de consequências. Mais, é nesse contexto de integração que as soluções terão de contemplar as outras medidas pelas quais me bato há tanto tempo, i.e., instalação dos parques periféricos e rede de transportes «integrada», encerramento ao tráfego de outros segmentos como será o caso da Volta do Duche, regime de cargas e descargas escrupulosamente observado, tolerância zero à prevaricação.

É por tudo isto que temos lutado. Como há tanto que fazer, é por tudo isto que se impõe continuemos a lutar, significando isto uma intervenção cívica a favor do bem de Sintra e nunca contra seja quem for.

Um abraço cúmplice
 
 

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