Ao correr da pena
[Texto publicado no facebook em 15.02.2013]
No Parlamento, sucedem-se as mais descabeladas tentativas de branqueamento do passado, recente e mais longínquo. As que o Partido Socialista tem protagonizado são tão indigentes que metem dó, são rasteiras, foleiras, deselegantes.
Nestas situações, a sofisticação faz imenso jeito. Para isso, no entanto, preciso é que haja um certo lastro cultural - que o PS actual tem vindo a perder à medida que tem perdido militantes de grande gabarito, na maior parte dos casos, pela lei natural da vida - lastro cultural em que radica a enorme diferença relativamente a posições atávicas e com falta de nível com que, diariamente, somos confrontados.
No entanto, que fique bem claro, ao subscrever estas palavras, não avalizo, de modo algum, a política suicidária que o actual governo tem vindo a conduzir a partir do estado de desastre e de bancarrota em que tomou conta do país.
Infelizmente, como se previa, o actual executivo é incapaz e a sua incapacidade é directamente proporcional à capacidade de destruição do governo Sócrates.
E, meus caros amigos, como tantas vezes tenho opinado, isto assim continuará enquanto não mudar a actual Lei Eleitoral na base da qual esta classe política se perpetua no poder, na sequência de arranjinhos cozinhados pelas cliques partidárias.
Para que tal possa vir a acontecer, urge trabalhar muito e sistematicamente. Podem algumas pessoas não gostar do que passo a escrever mas é preciso actuar «à alemã», diagnosticando, problematizando para, finalmente, actuar sem tibiezas nem desvios.
Por cá, perante a manifesta ausência de tal disciplina programática, tem-se privilegiado a ida à rua. Manifestação cívica, pois, com certeza; essencial, é verdade; absolutamente legítima e necessária no Estado Democrático de Direito, no sentido de sinalizar o descontentamento, sem dúvida.
Mas, depois de dar todos os sinais de desagrado, é preciso ser consequente e fazer o trabalho cívico de secretária, dos grupos de estudo «à sueca», envolvendo o maior número possível de cidadãos nas suas comunidades, um importantíssimo «trabalho de sapa» que, esse sim, é de todas as latitudes e sem o qual não acontece a mudança.
Se bem se lembram, era neste sentido - e não noutro qualquer, de apressada leitura e interpretação que, demagigicamente, dá imenso jeito - que o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, se pronunciou oportunamente acerca das manifestações de rua que, em si, de facto, não resolvem o que só o empenhado trabalho cívico consegue.
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