Francisco,
luz que brilha sobre o mundo
Há pouco mais de vinte e quatro horas, nada ou
quase nada sabia acerca de Francisco, o Papa. Mas os sinais que tem dado, a
palavra, a atitude prometem o que, por enquanto, não ouso confessar. Como
crente católico, sempre tenho vivido na esperança do Evangelho espelhado no
concreto dia, deste meu tempo, em que Jesus - Deus homem e Espírito Santo –
Jesus o Ungido [tradução do grego Χριστός
(Khristós)] me pede a
Cruz como ponte para o amor.
A verdade do Evangelho, a crua simplicidade da
mensagem do Ungido, a loucura mais radical
e desafiante de todos os tempos, eis que, desde ontem, se insinua nos sinais de
Francisco, o Papa. Sei que só os passos da Cruz fazem O
caminho, mas ele sentiu a importância de mo lembrar, desde logo, nas primeiras
horas que partilha connosco.
Não deixa de ser curioso que, tal como ele, o Francisco
cujo nome e sinais decidiu assumir, também não se chamava Francisco mas, isso
sim, Giovanni di Pietro di Bernardone
(Assis,5.7.1182 -3.10.1226), o cidadão rico e de vida fácil
que, por obra e graça de Deus, se transformou num outro Cristo, num
revolucionário, o santo, cujo exemplo de vida é essencial imagem de marca, para
um pontificado em que se impõe viver o despojamento digno, de meios e de propósitos,
a caminho do Homem que apenas aspira Ser.
De São Francisco, disse Dante Alighieri ter sido uma "luz que brilhou sobre o mundo".
Luz que tal, jamais se apagou, já que é a luz do Ungido, ou seja, do próprio Khristós.
Ontem na loggia da Catedral de São Pedro, antes de conceder a sua bênção
apostólica ‘urbi et orbe’, Francisco, o Papa, actualizou essa luz, pediu e recebeu-a através da bênção que, em nome do Ungido, o povo lhe transmitiu. Só então se sentiu autorizado – portanto, revestido da autoridade bastante – para, depois, também ele poder devolver
o gesto da Cruz.
Aos sinais de Francisco, que são inequívocos, aos
simbólicos gestos e palavras destas horas, seguir-se-á, tão só, aquilo que
todos nós, católicos, quisermos que se concretize. A Francisco, o Papa, que não
é dono nem senhor da Igreja, os sinais, o gesto, a palavra. A nós, que, com ele, somos
Igreja, a atitude evangélica, em cada dia, sem medo, sem vergonha do sinal da
Cruz, nossa marca iniciática pelo
Sacramento do Baptismo.
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