Gulbenkian,
ontem, a cumprir programa
Em fim de ciclo, esperar-se-ia que, no
contexto de trabalho com o Coro e Orquestra Gulbenkian, músicos que tão bem
conhece, Lawrence Foster tivesse sido capaz de produzir um melhor resultado do
que o de ontem à noite, em que foi manifesto não conseguir alcançar objectivos de tão manifesta qualidade como os evidenciados por
sucessivos dirigentes convidados.
Como é sabido, durante o concerto, a atitude de
qualquer maestro denuncia tudo o que esteve a montante daquele momento. Pois
bem, é perfeitamente entendível que, durante os ensaios – é aí, muito mais do
que perante o público que o maestro se revela – não houve ‘chama’, ou seja,
percebe-se que Foster não pediu tudo o que a orquestra é capaz de produzir
quando bem liderada.
Assim sendo, ontem apenas se cumpriu programa.
E o programa bem merecia outra prestação. ‘Egmont’, terá sido a peça mais
prejudicada, em especial no quarto entreacto, em que o ‘Largheto’ não atingiu,
de modo algum, a serenidade que seria necessária para contrastar, não só com o
subsequente ‘Andante agitato’, em que Clara tenta convencer o povo a resgatar
Egmont, mas também com o epílogo.
Por outro lado, conhecendo bem a obra,
discordo da alteração que o maestro introduziu, relativamente à sequência das
secções e dos Lieder, fazendo saltar ‘Die Trommel gerühret’ da primeira para quarta posição. Michaela
Kaune, soprano, a dar conta do recado, Fernando Luís pouco eficaz como
Narrador, cabendo-lhe uma responsabilidade não despicienda para o resultado que
aponto.
Quanto à outra peça do concerto, ainda que não
tenha o fôlego da posterior obra-prima que é a “Missa Solemnis”, a “Missa em Dó
Maior” op. 86 é uma obra interessante que, durante toda a interpretação, merece
o empenho que Foster apenas conseguiu evidenciar no ‘Agnus Dei’ e no ‘Dona
nobis pacem’ em que, na verdade, tudo correu muito bem.Portanto, durante o serão que, ontem de manhã, vos tinha anunciado, com uma ou outra excepção, à noite, apenas se cumpriu programa. É pouco. Vem aí Paul McCreesh, o novo maestro titular. Estou certo de que tudo vai melhorar
Para me compensar e vos
beneficiar, eis uma excelente interpretação da Missa em Dó Maior, 2ª parte. Atenção
ao Agnus Dei.
Soprano: Katherine
van Kampen Meio-soprano: Ingeborg Danz
Tenor: Keith Lewis
Barítono: Michel Brodard
Coro: Gachinger Kantorei Stuttgart
Orquestra: Bach-Collegium Stuttgart
Maestro: Helmuth Rilling
Boa audição!
Sem comentários:
Enviar um comentário