[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 5 de abril de 2013



Ainda a propósito do Relvas maçon

[texto publicado no facebook em 04.04.2013]


Também foi por causa do Relvas, e de outros casos mais ou menos sonantes, que resolvi suspender a minha actividade Maçónica no Grande Oriente Lusitano, onde fui iniciado ainda no século passado. Fartei-me de ser interpelado pela família, por amigos e conhecidos que não entendiam o meu enquadramento na Maçonaria que, para eles, era sinónimo de afectação a um cói de oportunistas.
No fim de 2011, solicitei o quite, ou seja, a autorização para me desligar da vida maçónica. Nada me obrigava a fazê-lo mas apresentei, por escrito, no devido lugar e, em tempo oportuno, as razões que me assistiam e que me levaram a protagonizar decisão tão grave. Tive a veleidade de esperar que a minha atitude pudesse suscitar, pelo menos, junto dos Irmãos que me eram mais próximos, alguma reacção que a afinidade de valores e princípios justificaria.

Mas tal não sucedeu. Senti que a minha era, afinal uma atitude quixotesca. Entendi, como não podia deixar de acontecer, que aquela a ausência de sintonia não podia deixar de revelar um acomodamento dos meus Irmãos a um statu quo que, a mim, de modo algum, me convinha. Com a Maçonaria, tenho eu uma relação que nada tem a ver com objectivos de pertença a quaisquer lóbis e, isso sim, com uma necessidade de filiação num legado cultural nobilíssimo.

Liberdade, Igualdade e Fraternidade, tríade da Revolução que está na origem do Estado Democrático de Direito, encerra valores e princípios que respeito maximamente, que estão a montante da minha intervenção cívica de sempre, com a máxima discrição, e no respeito de todos os actores em presença, sem ofensa seja de quem for, no respeito pelos adversários e, consoante as circunstâncias, sancionando positiva ou negativamente, os autarcas e outros políticos que protagonizem as decisões objecto da minha atenção e intervenção.

São os princípios da Maçonaria que, repito, têm norteado e continuarão a enquadrar a minha actividade cívica. Maçonicamente fui iniciado e, portanto, Maçon serei para sempre. Porém, iniciado também o fui na Igreja Católica Apostólica Romana. Sou baptizado Católico, crente de uma Fé que me determina à prática de atitudes que exploram o melhor que há em mim. E, ao contrário do que, não raro, ainda vou lendo, convém esclarecer não haver a mínima incompatibilidade na pertença simultânea às duas entidades.

Se, jamais, admiti que a minha Igreja traísse os princípios que afirma ‘urbi et orbe’, muito menos estou disposto a admitir que falsos Maçons protagonizem atitudes que traem o legado de personalidades tão exemplares e, para mim, tão determinantes como Gomes Freire de Andrade ou Fernandes Tomaz. O Relvas, a ele volto en passant, não passa de um epifenómeno. Como ele, no GOL, há dezenas de membros da Maçonaria acerca dos quais, o mínimo que se pode afirmar, é que entraram por interesse e, portanto, por engano.

De acordo com os seus instrumentos jurídicos e jurisdicionais, nos termos da sua Constituição e Regulamento, a Augusta Ordem dispõe de todos os meios para fazer a barrela que se impõe. Se não o faz também é porque, entre outros factores limitativos, é liderada por um Grão Mestrado que, por natureza, não parece ter qualquer intenção de o fazer. E, enquanto assim acontecer - como, sem êxito, tentei fazer alguma coisa, lá dentro, que pudesse suscitar qualquer mudança - sinto-me muito confortável na minha posição de reserva.
 
 

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