[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 25 de abril de 2013



Cartaz de Abril,
história de Abril



O cartaz reproduzido no postal foi resultado de um concurso nacional promovido pelo Ministério da Educação, no âmbito das comemorações do quinto aniversário do 25 de Abril, que tiveram Vasco Lourenço como coordenador geral.

Na altura, era eu membro do gabinete da Dra. Alice Nobre Gouveia, então Secretária de Estado dos Ensinos Básico e Secundário. Fui indigitado como representante do Ministério para integrar a Comissão Nacional, onde tive contactos interessantíssimos, dentre os quais gostaria de destacar o Pintor João Vieira que, por seu lado, representava o Secretário de Estado da Cultura, Dr. David Mourão Ferreira, além de vários Conselheiros da Revolução como o próprio Vasco Lourenço, que já conhecia, e Pezarat Correia.

De qualquer modo, a minha especialíssima memória desse trabalho, prende-se com a possibilidade que, à minha medida, tive de fazer justiça a um homem de quem continuo a guardar um respeito intocável. Tinha sido Director-Geral mas, devido ao seu manifesto enquadramento de esquerda, acabara mais ou menos saneado, para ocupar uma «prateleira dourada» na então Inspecção Geral da Educação.

Pois, para Presidente do júri do referido concurso, tive o enorme privilégio de propor, e de ver despachado favoravelmente, o nome do Prof. José Maria Noronha Feyo. Não foi fácil, tive de justificar a minha «ousadia», pessoalmente e por escrito. Naturalmente, o meu melhor argumento passou por afirmar que não fosse pertinente a minha proposta, então o 25 de Abril não tinha valido a pena...

O Noronha Feyo, sabe quem o conheceu, era um esteta, um diletante, na mais genuína acepção do termo, um homem perfeitamente à altura do trabalho para o qual me ocorreu propô-lo e que, de facto, constituiria pretexto e factor decisivo para a sua «reintegração» de tal modo que os serviços pudessem continuar a beneficiar do seu enorme saber.

O cartaz que acabou por vencer o concurso nacional, sob a presidência de Noronha Feyo, foi inequivocamente considerado de excepcional qualidade. Aí está a sua reprodução, em formato diminuto. E, para que conste, uma história que pude contar na primeira pessoa e que bem quadra nesta efeméride.
 

Sem comentários: