[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 7 de abril de 2013



Episódio Relvas,
desfecho histórico


O desfecho do caso Relvas pode ter efeitos colaterais extremamente positivos. Vejamos. Em Portugal, nunca se foi tão longe na investigação de uma questão que, tão directa e inequivocamente, atingia uma figura de topo do executivo.

Lembram-se ou, como a memória é curta, já se esqueceram da trafulhice «partidariamente simétrica» da licenciatura de Sócrates? T
ambém tinha buracos por todos os lados – exames feitos ao domingo, o amigo reitor a fazer exames ao candidato, professores comprometidos por afinidades incríveis – mas em nada resultou a investigação.

Com Relvas, felizmente, as coisas correram muito melhor. Foi-se muito mais longe, a pesquisa tão profunda como deveria, pelo que a conclusão não podia deixar de comprometer a permanência do ministro no elenco governativo. Porém, se parece que o caso está encerrado, a realidade exige outra abordagem.

Atenção. Se, apesar do flagrante escândalo, José Sócrates, um dos mais talentosos chicos-espertos portugueses, conseguiu safar-se, o Miguel Relvas, paradigma do fura-vidas habilidoso e cheio do talento dos bacocos, tramou-se, perdeu-se. Olhem que isto, na lusa latitude, não é coisa pouca.

Desta vez, os cidadãos viram satisfeito o seu direito ao lógico desfecho das vigarices descobertas. Independentemente da sua pública notoriedade, Relvas sofreu as consequências da trampolinice que suscitou.

Ora bem, e a outra parte «contratante» da vigarice, a Universidade Lusófona? Será que, entregue ao Ministério Público, a questão também irá tão fundo como é preciso que vá, ou os «compromissos» da sua administração com certas e bem conhecidas redes de negócios (vd. meu artigo de ontem, em particular, a transcrição do texto II) conseguirão «aliviar» o impacto?

Fundamental é o exemplo que se oferece à comunidade. Ou seja, mesmo perpetrado por um «poderoso», o crime não compensou… Isto, de facto, tem um alcance imenso. Não pode deixar de constituir um passo de progresso para a dignidade. Hoje, em suas casas, amanhã, nas escolas, pais e professores podem e devem aproveitar este episódio, extraindo as conclusões afins da justiça e da ética. Isto, repito, não é pouco. É imenso.
 
 

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