Cidadania activa
Na sequência de um encontro da passada quarta-feira, durante o qual o meu amigo Fernando Castelo me mostrou o cenário, em directo e a cores, relativo ao post no seu blogue que aqui partilho, passo a desenvolver um pouco mais as impressões que, logo na altura, lhe transmiti. Chegar a este ponto de desleixo é, de facto, resultado de uma gestão problemática, polémica e, portanto, criticável.
Mas, repito, tal como anteontem me interrogava, como classificar a atitude dos cidadãos ali residentes? Perante o desconchavo, reclamaram na Junta de Freguesia ou Câmara Municipal de Sintra? Como veicularam o seu desagrado a quem de direito? Por outro lado, igualmente, cabe perguntar o que poderiam ter feito tais cidadãos, eles próprios, no sentido de resolverem o caso, mesmo debaixo dos seus narizes, à porta de sua casa, sob as suas janelas?
Não estamos a referir terrenos abandonados, com uma ou outra ruína, nem baldios, situações estas que, por perto, na mesma Abrunheira, também abundam. Não, aqui trata-se de espaços contíguos às residências, nuns casos prédios e, noutros, de moradias. Espanta que tais pessoas consigam viver, conviver, com tal quadro à porta, inclusive, com uma situação de falta de higiene propícia ao aparecimento de carraças e outros parasitas nocivos e que põem em causa a saúde pública.
Em contraponto, felizmente, até através de reportagens televisivas, vamos sabendo de casos de cidadãos que, perante situação idêntica, se organizaram para a limpeza e até ajardinamento das áreas circundantes das suas habitações. Sempre que se justifique, há coisas que os próprios podem fazer - ainda que tenham direito ao serviço público correspondente aos impostos que liquidam - atitudes que, por outro lado, podem revestir carácter pedagógico pelo eventual envolvimento de crianças e de jovens que tudo têm a lucrar com tal exemplo de cidadania activa.
Esta, tenho eu a certeza, é outra vertente da questão que não podemos deixar de conjugar quando se nos deparam cenas congéneres, tão desagradáveis. Ou seja, não só se impõe que os cidadãos reclamem e saibam fazê-lo, junto das instâncias competentes, mas também, em função da inoperância das mesmas, que eles próprios actuem a contento, para resolução de determinado caso concreto, na justa medida das possibilidades, de modo a não comprometer a própria qualidade de vida.
Naturalmente, tal como, tantas vezes tenho evidenciado, a elevada taxa de iliteracia dos cidadãos portugueses é decisivo factor indissociável de uma análise mais demorada.
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