[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 30 de julho de 2013



Abegoaria da Pena,
novo espaço cultural de Sintra 


 [artigo publicado na edição do 'Jornal de Sintra' de 19 de Julho de 2013]


 No contexto de um notável programa de recuperação de bens patrimoniais sob sua tutela, a empresa Parques de Sintra Monte da Lua (PSML) deu-nos mais outra alegria quando, em fins do passado mês de Junho, após um período de obras de beneficiação, pôde reabrir e disponib...ilizar para visitas a Abegoaria do Parque da Pena.

De facto, falar de alegria, fica muito aquém deste sonho concretizado, depois do pesadelo de dezenas de anos, durante os quais edifício principal e anexos se degradaram até a um amontoado de ruínas. Convém não esquecer que, em idêntica situação se encontravam o Chalé da Condessa e respectivo jardim – entretanto recuperados com tanto sucesso – bem como a horta, estufas, o pombal, viveiro de plantas, monte do chá que, actualmente, continuam em fase de intervenção.

Portanto, preciso é ter em consideração não ser coisa desgarrada o investimento na Abegoaria , compreendendo a instalação de estupendas boxes para várias cavalgaduras, cómodos para tratador e equitador, em articulação com um espaço, muito bem dotado de todas as infra-estruturas, que se pretende funcione para a realização de exposições, conferências e auditório.

Neste sentido, se bem entendem, a Abegoaria faz parte de um programa integrado de intervenções, através das quais a PSML tem o propósito manifesto de recuperar aquele que foi o plano de D. Fernanbdo e da Condessa d’Edla para toda a zona do parque, no qual esta instalação se articula com os já referidos e outros tantos motivos e centros de interesse, proporcionando ao público visitante a possibilidade da leitura e interpretação de páginas tão sugestivas às quais se acrescenta uma vertente outra, ou seja, a da animação cultural.

As actividades e atitudes de recorte cultural deverão pressupor o grande painel de referência que constitui o enquadramento local. Começando a uma cota mais elevada, o cenário conta com o próprio Palácio da Pena e vai descendo, muito docemente, até aos lagos, passando pelo Chalé da Condessa e jardim circundante, prolongando-se pela quinta e espaços com a qual articulam, continua por um labirinto de cantos e recantos do maior encanto, num estupendo parque de aclimatação de espécies botânicas, suscitando interminável e enleante programa de sugestões estéticas.

Hoje em dia, tal como se encontra e a podemos usufruir, a Abegoaria é um incontornável e determinante elemento deste Jardim de Klingsor, com o sacrossanto lugar do Graal mais acima. Se, de acordo com estas referências, o deslumbrado Richard Strauss veio encontrar, na Pena, o concreto ambiente de Parsifal de Richard Wagner, pois me parece que não só essa mas também outras conotações coincidentes poderão aproveitar-se como espalda para as iniciativas a programar para estas recuperadas e tão propícias instalações.

Mais uma vez, não posso deixar de sublinhar que, para tudo isto concretizar, a PSML dispõe de uma equipa motivadíssima de jovens técnicos, nos mais diferentes domínios, que se desdobra por todos os espaços onde a empresa tem interesses. No caso da Pena, entre outros colaboradores, ao Engº Nuno Oliveira todos nós devemos imenso pelo inexcedível empenho com que tem coordenado as actividades relacionadas com a silvicultura, a horticultura biológica, a jardinagem, a pecuária, por exemplo, na sua vertente dos Ardenais, equídeos de raça pesada que tanto sucesso conhecem nestas paragens.

E, continuando na Pena, na preparação de actuais e futuras iniciativas culturais, já a pensar no aproveitamento pleno das características únicas da Abegoaria, deverei lembrar a Dra. Ana Oliveira Martins e, noutra plataforma de actuação, o Arq. António Nunes Pereira, Director do Palácio, actualmente tão envolvido nas sofisticadas obras de recuperação em curso no seu interior e que, imagino, estará contando com uma preferencial articulação entre esta «sua» casa e o outro espaço.

Desde o Conselho de Administração aos colaboradores, não há dúvida de que, à partida, funciona um núcleo de entusiastas na PSML que, em cada um dos seus contextos de actuação, farão as melhores propostas para rendibilização plena de todas as invejáveis potencialidades da Abegoaria da Pena, nos diferentes campos de animação pela Arte, nas vertentes da Literatura, da Música, das artes plásticas. E, deixem que confesse, como amigo desta boa gente, estou desejoso de poder dar o contributo ao meu alcance.

[João Cachado escreve de acordo com a antiga ortografia]
 
 

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