Concerto Gulbenkian,
Igreja São Roque, 31 de Outubro 2013
Igreja São Roque, 31 de Outubro 2013
[Facebook, 30.10.2013]
Já amanhã, pelas 21.00, Ton Koopman dirigirá o Coro e Orquestra Gulbenkian num concerto exclusivamente preenchido com obras de Johann Sebastian Bach. Desta vez, em São Roque, um dos locais alternativos ao Grande Auditório da Av. de Berna que, como sabem, continua em obras de beneficiação.
No passado dia 3, aquando do concerto nos Jerónimos, também com o Coro e Orquestra Gulbenkian, em A Criação de Haydn, dirigido por Paul McCreesh, já a minha amiga Margarida Montenegro, Directora dos Serviços da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, me confessava enorme expectativa quanto ao sucesso do programa de amanhã.
Ela que, durante tantos anos, foi Directora e Conservadora do Palácio de Mafra, ali concretizando iniciativas estupendas no âmbito da animação cultural através da grande música, ela que foi uma das grandes responsáveis pela recuperação dos seis órgãos, alma mater do Festival de Música Mafra, é uma das pessoas que, em Portugal, melhor sabe o que é levar a cabo um programa como o de amanhã num templo, com as características da jesuíta São Roque, onde nos receberá como anfitriã.
Tudo o que dela depender, não tenho a menor dúvida, estará au point. Por outro lado, sabendo que Ton Koopman tem trabalhado nas melhores condições com todos os participantes, com particular destaque para os solistas, Joana Seara, soprano, Fernando Guimarães, tenor, e Hugo Oliveira, barítono, prevejo que teremos um magnífico e imperdível serão.
Em especial para os que não poderão estar presentes, proponho que acedam às peças através das gravações que imediatamente vos disponho, precisamente, através de leituras de Ton Koopman. Portanto, de Johann Sebastian Bach, sempre com a Orquestra Barroca de Amsterdam:
- Ouverture, Orchestral Suite No.3 in D major, BWV 1068 [I]; - Lobet den Herrn, alle Heiden, RIAS Kammerchor [II]; - Cantate BWV 127 - Alles mit Gott und nichts ohn' ihn [III] e Cantata BWV 140 Wachet Auf, Ruft Uns Die Stimme [IV].
Se me permitem, gostaria de vos citar um pensamento do místico renano Mestre Eckhart (1260-1328), que, em Ekstastische Konfessionen, nos remete para um estado de espírito o qual, creio bem, se articula com a síntese decorrente da audição das peças em presença:
"(...) Superei todas as minhas capacidades, até ao limite da força obscura. Aí, ouvia quando não havia som, via quando não havia luz. Depois, o meu coração ficou sem fundo, a minha alma sem amor, o meu espírito sem forma e a minha natureza sem substância (...)"
Bach, crente extremamente fervoroso, de certeza que percebeu não só esta mensagem de Mestre Eckart bem como a de S. João, na sua Primeira Epístola [Jo 4. 16.] "(...) Aquele que permanece no amor, permanece em Deus, e Deus nele. Quem não tem amor, não conhece Deus".
Em cada uma e na súmula destas obras, encontramos abundantes indícios destes saberes e do estado de «mística lucidez» que o compositor reflecte tão copiosamente. Procuremos entender.
Boa audição!
http://youtu.be/ER9IQF_p4uQ Abertura da Suite orquestral (I]
http://youtu.be/InrxMA1ID0I Lobet den Herrn alle Heiden [II]
http://youtu.be/Ts_s2GrylTg Cantata BWV 127 [III]
http://youtu.be/nbpGcwgpC7o Cantata BWV 140 [IV]
Ela que, durante tantos anos, foi Directora e Conservadora do Palácio de Mafra, ali concretizando iniciativas estupendas no âmbito da animação cultural através da grande música, ela que foi uma das grandes responsáveis pela recuperação dos seis órgãos, alma mater do Festival de Música Mafra, é uma das pessoas que, em Portugal, melhor sabe o que é levar a cabo um programa como o de amanhã num templo, com as características da jesuíta São Roque, onde nos receberá como anfitriã.
Tudo o que dela depender, não tenho a menor dúvida, estará au point. Por outro lado, sabendo que Ton Koopman tem trabalhado nas melhores condições com todos os participantes, com particular destaque para os solistas, Joana Seara, soprano, Fernando Guimarães, tenor, e Hugo Oliveira, barítono, prevejo que teremos um magnífico e imperdível serão.
Em especial para os que não poderão estar presentes, proponho que acedam às peças através das gravações que imediatamente vos disponho, precisamente, através de leituras de Ton Koopman. Portanto, de Johann Sebastian Bach, sempre com a Orquestra Barroca de Amsterdam:
- Ouverture, Orchestral Suite No.3 in D major, BWV 1068 [I]; - Lobet den Herrn, alle Heiden, RIAS Kammerchor [II]; - Cantate BWV 127 - Alles mit Gott und nichts ohn' ihn [III] e Cantata BWV 140 Wachet Auf, Ruft Uns Die Stimme [IV].
Se me permitem, gostaria de vos citar um pensamento do místico renano Mestre Eckhart (1260-1328), que, em Ekstastische Konfessionen, nos remete para um estado de espírito o qual, creio bem, se articula com a síntese decorrente da audição das peças em presença:
"(...) Superei todas as minhas capacidades, até ao limite da força obscura. Aí, ouvia quando não havia som, via quando não havia luz. Depois, o meu coração ficou sem fundo, a minha alma sem amor, o meu espírito sem forma e a minha natureza sem substância (...)"
Bach, crente extremamente fervoroso, de certeza que percebeu não só esta mensagem de Mestre Eckart bem como a de S. João, na sua Primeira Epístola [Jo 4. 16.] "(...) Aquele que permanece no amor, permanece em Deus, e Deus nele. Quem não tem amor, não conhece Deus".
Em cada uma e na súmula destas obras, encontramos abundantes indícios destes saberes e do estado de «mística lucidez» que o compositor reflecte tão copiosamente. Procuremos entender.
Boa audição!
http://youtu.be/ER9IQF_p4uQ Abertura da Suite orquestral (I]
http://youtu.be/InrxMA1ID0I Lobet den Herrn alle Heiden [II]
http://youtu.be/Ts_s2GrylTg Cantata BWV 127 [III]
http://youtu.be/nbpGcwgpC7o Cantata BWV 140 [IV]
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