[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 17 de novembro de 2013


Sintra,
Mercados de Natal 


A este texto e ilustrações do meu amigo Fernando Castelo, gostaria eu de acrescentar mais algumas considerações na tentativa de não deixar passar impressões que, talvez, possam ser tidas em consideração se, algum dia, em Sintra, houver vontade de fazer algo de semelhante àquilo de que, tanto ele como eu, gostamos de ver e acolher nas nossas andanças na Baviera e também em Salzburg.

 
Devido à minha relação tão especial com esta cidade, conheço-lhe todos os meandros e, portanto, também uma explicação para uma especialíssima celebração da quadra natalícia. Gostaria de deixar mais um ou outro detalhe. O negócio dos adornos e decorações natalícias é de tal modo importante e florescente em Salzburg que, há muitos anos, existem lojas especializadas, instaladas no casco histórico da cidade, de porta aberta durante todo o ano, onde gente de todo o mundo se abastece in loco.

Aquele «in loco», cumpre não esquecer, tem a ver com o facto de ter sido em Oberndorf, nas imediações da cidade, que Franz Gruber e Joseph Mohr compuseram e fizeram cantar a famosa Stille Nacht, Heilige Nacht (Silent Night), pela primeira vez, em 24 de Dezembro de 1818 (sei de cor a data), na capelinha onde continua a celebrar-se o evento, com um museu a ele dedicado. Portanto, se nalgum lugar se podem reclamar pergaminhos de celebração do Natal, também em Salzburg, e de que maneira!... E fecho o parêntesis.

Em Sintra, mercado de Natal, tal como o meu amigo Fernando Castelo dá a entender, vejo-o, precisamente, na Volta do Duche, no nosso «Terreiro do Paço», ou seja, o Largo Rainha D. Amélia, em frente ao Palácio da Vila. Já na Heliodoro salgado, só e quando a requalificarem devidamente. Tal é o estado de degradação que, mesmo com o «barulho das luzes», o ambiente não é nada propício.

Mas existem outros locais, adequadíssimos, em Queluz, Colares, Belas, etc. Uma coisa que, sendo certa, é preciso sublinhar com veemência: nestas situações, não pode haver qualquer cedência à qualidade. Todo o cuidado é pouco com «saltimbancos» - perdoe-se-me o termo que uso apenas por comodidade de expressão - que estão sempre à espreita de oportunidades que tais para armarem arraial.

Os mercados de Natal, acerca dos quais escrevemos, são momentos, não para a élite, mas de inequívoca qualidade, de bom gosto, onde não haja qualquer indício de cultura de desleixo. Por isso mesmo, pressupõem a existência de uma comissão técnica municipal que se encarregue de zelar no sentido de que tais princípios sejam respeitados. Sintra merece.

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