Jovens músicos,
fantásticos músicos
fantásticos músicos
[Salzburg, 24.01.2014] Façam o favor de espreitar o programa dos eventos de hoje, publicado esta manhã, já que me dispensa de o repetir neste momento em que, regressado do concerto da tarde, vos passo a transmitir impressões muito rápidas. Mais uma vez, a Orquestra da Universidade Mozarteum, hoje dirigida pelo jovem Maestro Conelius Meister, acaba de confirmar como está assegurada a continuidade da «escola» de Salzburg, no respeito escrupuloso das leituras das obras de Amadé.
Os jovens estudantes e graduados académicos do Mozarteum comovem-me todos os anos, pelo seu entusiasmo, dedicação, entrega e procura de Mozart, nas linhas dos pentagramas, nos interstícios das pautas, conduzidos por óptimos e atentos professores. Por isso, esta universidade é tão cobiçada e demandada por interessados de todas as latitudes. As provas de acesso são proverbialmente exigentes, os cursos não menos. Mas o ‘cartão de visita’ com a marca do Mozarteum de Salzburg abre portas em todo o lado…
É no contexto destas considerações e no absoluto e estrito respeito por esta significativa presença de Mozart em Salzburg, que convosco partilho aquela certeza. Duas foram as obras, Abertura de “Le Nozze di Figaro” e Sinfonia em Ré Maior, KV. 297, ‘Paris’, através das quais provaram a impecável preparação que recebem para a leitura e interpretação musical, em geral, e da obra mozartiana em particular.
Como nada ficou aquém do que as peças exigiam, apenas partilho o gosto de ter assistido ao resultado, em palco, do trabalho de bastidores de Cornelius Meister, num serviço sem mácula ao grande compositor, atentíssimo, assinalando a tempo todas as entradas, muito sóbrio, muito exigente, não permitindo qualquer desconcentração dos jovens músicos, mesmo durante as brevíssimas pausas das mudanças de andamento, tendo sido correspondido com interpretações exemplares.
Deixo para o fim a referência à execução de "Tabula Rasa, Duplo Concerto para Violino, Viola, Orquestra de Cordas e Piano preparado” de Arvo Pärt. Absolutamente de ir às lágrimas a entrega dos músicos. A designação do segundo andamento, ‘Silencium. Senza moto’, abre todas as perspectivas. Só vos conto que, progressivamente, acedemos a uma dimensão outra, muito longe do que acontecera no primeiro tempo, ‘Ludus. Con moto’.
Outro o espaço e, quanto ao tempo, uma noção difusa, apenas descritível porque a presença dos intérpretes no palco, fazendo música com os instrumentos entre as mãos, encostados aos seus físicos e humanos corpos, nos devolviam a certeza de que, afinal, todos estávamos «por cá»…
Belíssimo, e, sem medo do adjectivo, celestial.
Eis uma gravação não identificada deste segundo andamento. Preferia não tivesse imagens. Mas das interpretações disponíveis, esta é, certamente, a melhor.
Boa audição!
http://youtu.be/YH7TWLhUpHE
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