[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sábado, 18 de janeiro de 2014





No rescaldo da antestreia
de Marquesa de Cadaval, uma vida de cultura




[Respondendo ao comentário do meu amigo Paulo Parracho, aproveito a oportunidade para partilhar mais algumas impressões.]



Foto: A frase que encerra o documentário sobre a Marquesa do Cadaval a exibir hoje na RTP2, por ocasião da celebração do 114º aniversário do nascimento desta figura ímpar. 
Ontem tive o privilégio de assistir à homenagem prestada em Sintra a Olga Maria Nicolis di Robilant Álvares Pereira de Melo (Torino, 17 de Janeiro de 1900 — Sintra, 21 de Dezembro de 1996).
Um grande serão cultural, proporcionado, entre outros, pelos amigos João De Oliveira Cachado e Mário João Machado, que culminou com um recital de Olga Prats.



Meu Caro Paulo Parracho, 

o meu amigo, que lá esteve, espantou-se – como eu e tantas pessoas que quiseram estar presentes – com o número de espectadores, cerca de quatrocentos, participantes da homenagem anual de Sintra, para usar as suas palavras, à figura ímpar, da Senhora Marquesa. De facto, não deixa de ser surpreendente como, numa noite pouco propícia, de chuva e vento, tantos se tenham sentido mobilizados para a partilha de um evento com dois momentos distintos mas absolutamente complementares.

Em primeiro lugar, o documentário do qual o João Pereira Bastos e eu próprio somos coautores. Tive oportunidade de pedir a tantos dos que quiseram expressar o manifesto agrado pela qualidade do nosso trabalho, que expressassem mesmo o que lhes ia na alma. E confirmaram, invariavelmente, a avaliação que, não era apenas fruto da amizade, da simpatia, de afinidades culturais dos meios que frequentamos.

De qualquer modo, acredite, sempre fico com a sensação de que terei (teremos) ficado aquém do fantástico desafio que foi trabalhar sobre a biografia de uma personalidade tão compósita, eclética e fascinante como a da Senhora Marquesa de Cadaval. Pedi aos meus companheiros neste projecto que as palavras em apreço no seu comentário tão gentil, fossem destacadas, passadas a diapositivo a projectar no fim da exibição do filme, de tal modo permitindo a sua articulação com o recital de Olga Prats.

Aquelas palavras são um testamento. São prova patente de que a Senhora Marquesa tinha uma correcta noção do tempo, ela que vivia além das barreiras do tempo, como a Arte que tão bem soube promover com as suas atitudes mecenáticas. Parece terem sido ditas ontem. É uma sentença de e para todos os tempos, colocando os artistas e os políticos nos seus respectivos lugares, independentemente das circunstâncias.

Foi perante este testamento que passámos a outra hora do evento, com uma Olga Prats excedendo-se nas comovidas expressões da sua interpretação ao piano, sempre dando vida a peças com as quais tanto ela, pianista, como a sua mentora de sempre, a Senhora Marquesa, tão intimamente estavam relacionadas. Graças a Deus tivemos o discernimento de gravar tão memorável recital que, não tenho a menor dúvida, será um documento a ter em conta em vários contextos culturais futuros.

Ontem a antestreia mundial de Marquesa de Cadaval, uma vida de cultura. Hoje a primeira transmissão televisiva de um documentário que vai cumprir um circuito nacional e internacional, promovendo e divulgando esta notabilíssima figura das culturas portuguesa e europeia. Não surpreende que, tanto os meus amigos como eu, com a perfeita noção da modéstia da nossa intervenção, estejamos vivendo novos momentos da autêntica paixão que nos uniu «à volta» da Senhora Dona Olga Cadaval.

Finalizo com as palavras do realizador, meu querido amigo João Santa-Clara, nas suas declarações publicadas na edição do ‘Jornal de Sintra’ de ontem “(…) Patrizio Guzmán, em recente passagem por Lisboa afirmou que o documentário é a música de câmara do cinema. Trata-se de expressão muito feliz que bem se aplica a este nosso modesto artefacto. E, afinal, de certo modo, também tivemos a Senhora Marquesa de Cadaval como nossa mecenas… Sob o seu patrocínio, com este concerto de música de câmara, ficámos pessoas algo diferentes, enriquecidas, melhores”.

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A frase que encerra o documentário sobre a Marquesa do Cadaval a exibir hoje na RTP2, por ocasião da celebração do 114º aniversário do nascimento desta figura ímpar.
Ontem tive o privilégio de assistir à homenagem prestada em Sintra a Olga
Maria Nicolis di Robilant Álvares Pereira de Melo (Torino, 17 de Janeiro de 1900 — Sintra, 21 de Dezembro de 1996).
Um grande serão cultural, proporcionado, entre outros, pelos amigos
João De Oliveira Cachado e Mário João Machado, que culminou com um recital de Olga Prats.










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