[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 17 de abril de 2014



Das chaminés,
à gula do rei
e à recuperação do Património



"(...) este maciço e silencioso palácio, sem florões e sem torres, patriarcalmente assentado entre o casario da vila, com as suas duas belas janelas manuelinas que lhe fazem um no...
bre semblante real, o vale aos pés, frondoso e fresco, e no alto as duas chaminés colossais, disformes, resumindo tudo, como se essa residência fosse toda ela uma cozinha talhada às proporções de uma gula de rei que cada dia come todo um reino... (...)"

[Eça de Queirós, Os Maias]

Depois deste deliciosíssimo naco de prosa, aqui têm o texto dos nossos amigos da Parques de Sintra Monte da Lua que originou a conotação queirosiana. Como sempre, tudo bem feito, tudo bem explicado. Enfim, o primor que todos merecemos e, naturalmente, um enorme privilégio
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As chaminés do Palácio Nacional de Sintra recuperaram recentemente a sua brancura, numa campanha alargada de recuperação integral das fachadas e muros, que implicou a instalação de enormes andaimes. A sua forma cónica, os 33 metros de altura, e a localização, fazem com que as monumentais chaminés gémeas do Palácio da Vila sofram uma exposição extrema aos agentes atmosféricos. Após dezoito anos sem manutenção, o seu aspeto enegrecido acusava a avançada colonização biológica, que o clima de Sintra acentua, apresentando igualmente zonas pontuais de destacamento das argamassas de reboco.
A invulgar dimensão das chaminés e das cozinhas pode justificar-se, não só por uma intenção de ostentação, mas também por uma razão de funcionalidade ligada à opulência dos banquetes da corte, em que eram servidas peças de caça de grande dimensão. Conhecem-se na Europa alguns exemplos de chaminés cónicas ou piramidais (Pamplona, Iranzu, Fontevrault, Palácio da Independência em Lisboa, entre outras); porém, a originalidade das chaminés do Palácio de Sintra reside na sua monumentalidade e duplicidade, marcando o horizonte da própria Vila e da Paisagem Cultural em que se encontra, classificada pela UNESCO como Património da Humanidade
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