Questão de sobrevivência
[facebook, 27.05.2014]
Na sequência do pequeno texto que ontem aqui publiquei, subordinado ao título "A marcar a agenda", prevendo inevitáveis movimentações decorrentes dos resultados eleitorais do passado domingo no Largo do Rato, já começaram a aparecer as primeiras reacções dos chamados «pesos pesados» do Partido Socialista. Apenas a título de exemplo, Mário Soares e Victor Ramalho.
Hoje de... manhã, em entrevista à rádio pública RDP 1, na sequência de uma pergunta acerca da posição de Mário Soares, de quem é considerado muito próximo, Victor Ramalho disse tudo o que havia para dizer, nas linhas e nas entrelinhas, depois das precipitadas e triunfais declarações de Assis e Seguro no passado domingo.
Com a cautela que se lhe conhece, e nos termos da lisura exigível em circunstâncias que tais, Victor Ramalho, além de dar a entender que Seguro não tem estado à altura da situação política que se vive em Portugal nos últimos tempos, também expressou uma opinião muito lúcida acerca de uma eventual substituição do Secretário Geral do PS.
De nada serviria, afirmou ele, mudar de líder sem fazer a profunda reflexão que se impõe. Ou seja, cumpre fazer circular as ideias, na presunção de que as boas cabeças do PS se mobilizem e debitem o que é preciso pôr em comum, não no contexto de um congresso meramente seguidista e triunfalista, mas de um enquadramento susceptível de acolher todas as opiniões, trabalhar as diferenças de perspectiva, em sentido construtivo, sem quaisquer receios.
Estou completamente de acordo. O Partido Socialista tem silenciado demasiadas vozes, lúcidas e pertinentes. Muitos se afastaram, desiludidos, incapazes de suster a vaga de «jotas», não direi acéfalos, mas manifestamente impreparados para as respostas que se impõem aos desafios nacionais e do contexto europeu em que nos inserimos.
O PS só pode e deve aproveitar a oportunidade. Trata-se, creio bem, de uma questão de sobrevivência. Não estarei exagerando se considerar que o Partido Socialista está perante um sério problema de identidade. Como se conhece e reconhece ele em relação ao legado de luta pela causa da Liberdade e pela instalação da Democracia e do Estado Democrático de Direito, legado que recebeu dos «pais fundadores» entre os quais, felizmente, ainda contamos entre nós, a exemplo de Mário Soares e de António Arnaut?
De que modo se enquadra na família socialista ibérica e europeia? Quais são as suas novas, inequívocas e muito concretas propostas nos domínios da Educação, da Justiça, da Saúde, da Defesa, do Trabalho e da Segurança Social, etc, com cronogramas de execução, se fosse governo?
Num país cujo povo tanto está a sofrer, onde há fome e carências de toda a ordem, e impondo-se marcar a actuação política, com inequívocos exemplos de economia de meios de toda a ordem, que devem partir do topo, quais as mordomias que está disposto a prescindir e a propor, tendo em consideração a necessidade de credibilização da classe política?
Identidade, herança, coerência e adequação ao figurino socialista, na matriz da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, pela qual tantos ilustres europeus se têm batido ao longo dos últimos séculos. Ao contrário do que, eventualmente possa parecer, de facto, continua a haver lugar para esta luta, cujo objectivo é a estupenda Utopia da Felicidade do Homem.
Na sequência do pequeno texto que ontem aqui publiquei, subordinado ao título "A marcar a agenda", prevendo inevitáveis movimentações decorrentes dos resultados eleitorais do passado domingo no Largo do Rato, já começaram a aparecer as primeiras reacções dos chamados «pesos pesados» do Partido Socialista. Apenas a título de exemplo, Mário Soares e Victor Ramalho.
Hoje de... manhã, em entrevista à rádio pública RDP 1, na sequência de uma pergunta acerca da posição de Mário Soares, de quem é considerado muito próximo, Victor Ramalho disse tudo o que havia para dizer, nas linhas e nas entrelinhas, depois das precipitadas e triunfais declarações de Assis e Seguro no passado domingo.
Com a cautela que se lhe conhece, e nos termos da lisura exigível em circunstâncias que tais, Victor Ramalho, além de dar a entender que Seguro não tem estado à altura da situação política que se vive em Portugal nos últimos tempos, também expressou uma opinião muito lúcida acerca de uma eventual substituição do Secretário Geral do PS.
De nada serviria, afirmou ele, mudar de líder sem fazer a profunda reflexão que se impõe. Ou seja, cumpre fazer circular as ideias, na presunção de que as boas cabeças do PS se mobilizem e debitem o que é preciso pôr em comum, não no contexto de um congresso meramente seguidista e triunfalista, mas de um enquadramento susceptível de acolher todas as opiniões, trabalhar as diferenças de perspectiva, em sentido construtivo, sem quaisquer receios.
Estou completamente de acordo. O Partido Socialista tem silenciado demasiadas vozes, lúcidas e pertinentes. Muitos se afastaram, desiludidos, incapazes de suster a vaga de «jotas», não direi acéfalos, mas manifestamente impreparados para as respostas que se impõem aos desafios nacionais e do contexto europeu em que nos inserimos.
O PS só pode e deve aproveitar a oportunidade. Trata-se, creio bem, de uma questão de sobrevivência. Não estarei exagerando se considerar que o Partido Socialista está perante um sério problema de identidade. Como se conhece e reconhece ele em relação ao legado de luta pela causa da Liberdade e pela instalação da Democracia e do Estado Democrático de Direito, legado que recebeu dos «pais fundadores» entre os quais, felizmente, ainda contamos entre nós, a exemplo de Mário Soares e de António Arnaut?
De que modo se enquadra na família socialista ibérica e europeia? Quais são as suas novas, inequívocas e muito concretas propostas nos domínios da Educação, da Justiça, da Saúde, da Defesa, do Trabalho e da Segurança Social, etc, com cronogramas de execução, se fosse governo?
Num país cujo povo tanto está a sofrer, onde há fome e carências de toda a ordem, e impondo-se marcar a actuação política, com inequívocos exemplos de economia de meios de toda a ordem, que devem partir do topo, quais as mordomias que está disposto a prescindir e a propor, tendo em consideração a necessidade de credibilização da classe política?
Identidade, herança, coerência e adequação ao figurino socialista, na matriz da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, pela qual tantos ilustres europeus se têm batido ao longo dos últimos séculos. Ao contrário do que, eventualmente possa parecer, de facto, continua a haver lugar para esta luta, cujo objectivo é a estupenda Utopia da Felicidade do Homem.
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