Festival de Sintra, 29 de Junho de 2014,
Piano a quatro e seis mãos- Penha Longa
Regressei esta madrugada da Ilha de São Miguel onde
estive a trabalhar como formador durante toda a semana passada. Pois tão
desejoso estava de retomar os meus passos no Festival de Sintra que, passadas
poucas horas sobre a chegada, já estava no recital da tarde de hoje na Penha
Longa.
Apesar de muito cansado e ainda não recuperado – aliás
como tive oportunidade de explicar aos amigos que me foram cumprimentar durante
o intervalo, enquanto, mais ou menos estrategicamente, me mantinha algo
afastado do burburinho habitual – eu tinha todas as razões para não hesitar em
estar presente.
Verdadeiramente aliciante, o programa contemplava um
interessante conjunto de obras para piano a quatro mãos de Ferrucio Busoni e de
Reynaldo Hahn, para piano e harmónio de César Franck e Charles Marie Widor e
para piano a seis mãos de Vianna da Motta, Carl Czerny, Sergei Rachmaninov,
Franz Schubert, Niccollò Paganini e John Phillip de Sousa.
Imperdível? Não é exagero assim considerar porque, meus
amigos, a interpretação em recital público de peças para piano a quatro mãos é
bastante rara e, então, no que se refere a seis mãos, quando a oportunidade se
oferece, por ser raríssima, difícil é decidir não comparecer… Com obras de
excelentes compositores, nas mãos de pianistas como Joana David, Nuno Lopes e
João Paulo Santos, estava garantida a qualidade do recital em perspectiva.
Claro que, «atacado» a quatro e a seis mãos, o Steinway
de serviço sofreu os esperados 'tratos de polé'. Ainda na pausa entre a
primeira e segunda partes, ao saudar o Fernando, ele bem me disse que fora
‘forte e feio’… Claro é que aquela expressão nada tem a ver com qualquer
deficiência de execução mas, isso sim, por a estupenda «máquina» ter mesmo de
suportar toda a gama de fortes, fortíssimos, pianos e pianíssimos para que,
finalmente, pudesse contar com as suas preciosas mãos de afinador…
Foram duas horas de excelente música, numa prestação
muito correcta e bem humorada que terminaria com a engraçadíssima “Ménage à
Trois” de Jacques Castarède com coreografia e tudo... Porque, a propósito desse
momento, apenas consegui encontrar uma interpretação muito desenxabida de umas
piquenas sem graça alguma, prefiro propor-vos uma das peças em programa, a Polonaise
brilhante op. 296 de Carl Czerni para piano a seis mãos, contando com Isabel
Beyer, Guy & Harvey Dagul. E, assim, terão uma pálida ideia da música que
esta tarde se fez na Penha Longa.
Boa audição!
______________________________
_____________________________
Sem comentários:
Enviar um comentário