[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 30 de junho de 2014




Festival de Sintra, 29 de Junho de 2014,
Piano a quatro e seis mãos
- Penha Longa

[FACEBOOK, 29.06.2014]

Regressei esta madrugada da Ilha de São Miguel onde estive a trabalhar como formador durante toda a semana passada. Pois tão desejoso estava de retomar os meus passos no Festival de Sintra que, passadas poucas horas sobre a chegada, já estava no recital da tarde de hoje na Penha Longa.

Apesar de muito cansado e ainda não recuperado – aliás como tive oportunidade de explicar aos amigos que me foram cumprimentar durante o intervalo, enquanto, mais ou menos estrategicamente, me mantinha algo afastado do burburinho habitual – eu tinha todas as razões para não hesitar em estar presente.

Verdadeiramente aliciante, o programa contemplava um interessante conjunto de obras para piano a quatro mãos de Ferrucio Busoni e de Reynaldo Hahn, para piano e harmónio de César Franck e Charles Marie Widor e para piano a seis mãos de Vianna da Motta, Carl Czerny, Sergei Rachmaninov, Franz Schubert, Niccollò Paganini e John Phillip de Sousa.

Imperdível? Não é exagero assim considerar porque, meus amigos, a interpretação em recital público de peças para piano a quatro mãos é bastante rara e, então, no que se refere a seis mãos, quando a oportunidade se oferece, por ser raríssima, difícil é decidir não comparecer… Com obras de excelentes compositores, nas mãos de pianistas como Joana David, Nuno Lopes e João Paulo Santos, estava garantida a qualidade do recital em perspectiva.

Claro que, «atacado» a quatro e a seis mãos, o Steinway de serviço sofreu os esperados 'tratos de polé'. Ainda na pausa entre a primeira e segunda partes, ao saudar o Fernando, ele bem me disse que fora ‘forte e feio’… Claro é que aquela expressão nada tem a ver com qualquer deficiência de execução mas, isso sim, por a estupenda «máquina» ter mesmo de suportar toda a gama de fortes, fortíssimos, pianos e pianíssimos para que, finalmente, pudesse contar com as suas preciosas mãos de afinador…

Gostaria de deixar ainda mais uma nota de agrado. O auditório, uma sala lindíssima contígua à igreja, estava repleto de uma audiência tão interessada como cúmplice dos três intérpretes. Um destaque especial para João Paulo santos que soube apresentar as peças com o melhor enquadramento possível e tendo em conta o pouco tempo disponível para o efeito. Uma chamada de atenção para a organização no sentido de evitar aquele modo atabalhoado de facilitar a entrada de atrasados e para a proibição de tomada de fotos durante as interpretações.

Foram duas horas de excelente música, numa prestação muito correcta e bem humorada que terminaria com a engraçadíssima “Ménage à Trois” de Jacques Castarède com coreografia e tudo... Porque, a propósito desse momento, apenas consegui encontrar uma interpretação muito desenxabida de umas piquenas sem graça alguma, prefiro propor-vos uma das peças em programa, a Polonaise brilhante op. 296 de Carl Czerni para piano a seis mãos, contando com Isabel Beyer, Guy & Harvey Dagul. E, assim, terão uma pálida ideia da música que esta tarde se fez na Penha Longa.
 
 
 
Boa audição!

 
http://youtu.be/IYiCUhOp1cI

 

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PS: AT. À MARATONA RACMANINOV NO CENTRO CULTURAL OLGA CADAVAL, DIAS 2 E 3 DE julho, COM OS 4 CONCERTOS PELOS PIANISTAS ARTUR PIZARRO, DANIEL BURLET, ALEYSON SCOPEL, ANTÓNIO CEBOLA E ALEXEI SYCHEV, ORQUESTRA DO NORTE SOB DIRECÇÃO DE NUNO CORTE REAL.

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