[sempre de acordo com a antiga ortografia]
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
SINTRA
PARQUES DE SINTRA
PALÁCIO DE QUELUZ
É com o maior gosto que, finalmente, passo a poder divulgar a informação a que tive acesso, durante a reunião do Concelho Científico da Parques de Sintra, órgão a que pertenço, no dia 14 do passado mês de Julho.
Preparem-se para a novidade que é mesmo fascinante. Conheço alguns contemporâneos palácios da Baviera onde esta solução cromática foi adoptada e se tem mantido desde a origem. Tal não aconteceu em Queluz mas estamos muito a tempo de recuperar.
Dir-vos-ei ainda que mais notícias terão no próximo futuro sobre Queluz «e arredores». Tal como aconteceu em relação a esta notícia, também quanto às outras é necessário manter uma certa reserva na medida em que há interesses em presença que não podem ser prejudicados.
Mantenham-se atentos. Como sabem, da Parques de Sintra só podem ter excelentes notícias. Ali, de facto, cultiva-se a excelência.
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Palácio de Queluz vai voltar a ser azul
- Análise aprofundada das fachadas e caixilharias fundamentará o restauro
- Andaime permitirá acesso para levantamento do estado de conservação
- Ensaio de novo esquema de cores, incluindo a tonalidade azul
- Tela de proteção do andaime permite visualizar efeito final pretendido
Imagens: http://62.28.132.233/1408634418.zip
Sintra, 21 de agosto de 2014 – A Parques de Sintra colocou, no troço central da fachada principal sobre o Jardim Pênsil do Palácio Nacional de Queluz, um andaime protegido por uma tela que mostra uma antevisão do que, de acordo com as investigações feitas, se pensa ser a decoração original do Palácio.
Por detrás desta tela decorre o estudo mais aprofundado dos vários elementos que compõem as fachadas do Palácio de Queluz (cantarias, esculturas, gradeamentos de varandas, caixilhos, portadas e rebocos), que se encontram muito degradadas e que ao longo dos tempos foram sendo pintadas com cores e tons diferentes. De seguida, o troço em estudo será restaurado integralmente, nele ensaiando materiais, técnicas e composições decorativas (molduras e fingimentos) que serão depois avaliados para aplicação nos restantes.
A cor azul resulta de um aprofundado estudo e discussão entre todos os que ao longo de mais de 20 anos se debruçaram sobre esta questão. Análises laboratoriais de amostras de rebocos, investigação documental e desenhos e fotografias antigas, não deixam dúvidas: o Palácio de Queluz, pelo menos nas suas fachadas viradas aos Jardins, era azul.
Um desenho aguarelado datado de 1836, existente na Torre do Tombo, mostra claramente a coloração do Palácio em tons de azul e ocre; análises conduzidas no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, pelo Professor José Aguiar, sobre um pedaço de reboco original encontrado em 1987 por detrás de um dos bustos adossados às fachadas sobre os Jardins, revelaram a presença de vidro moído de cor azul; durante trabalhos de restauro, em 1997, foi encontrada mais uma amostra acinzentada (cor resultante da ação da água no pigmento azul) por trás de outro busto; mais recentemente, a Parques de Sintra encontrou, em zona de mais difícil acesso, vestígios de cor azul. Acresce que a presença de azul cobalto (proveniente de vidro moído nas duas amostras) foi confirmada por análises recentes realizadas no Laboratório Hércules da Universidade de Évora.
O diagnóstico do estado de conservação do Palácio e Jardins efetuado logo após a Parques de Sintra ter recebido a gestão do Palácio Nacional de Queluz, nos finais de 2012, confirmou o elevado estado geral de degradação do conjunto, devido à carência de investimentos (com exceção do restauro da estatuária realizado com o apoio do World Monuments Fund).
Queluz é o mais importante exemplo português da arquitetura barroca da segunda metade do século XVIII mas, embora situado a curta distância de Lisboa e com bons acessos, é pouco conhecido de visitantes nacionais e estrangeiros, muito devido a esse estado de degradação, situação que importa inverter.
São diversas as intervenções programadas para requalificar este negligenciado monumento, mas a recuperação das fachadas (progressiva, dada a sua dimensão, mas integral, isto é, abordando todos os aspetos) espera-se que tenha um impacto muito positivo, e a alteração da cor induzirá certamente um novo interesse do público por este monumento.
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