[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 5 de setembro de 2014



Nada de confusões [I]
 
[facebook, 3.09.2014]


Há pouco, na secção de charcutaria de um supermercado, aqui em Sintra, ao meu lado, uma senhora pediu um frango assado. Quando percebeu que a empregada ia embrulhar o galináceo, perguntou: "- Não tem m[ó]lhos de piripiri e de limão? É que eu queria metade com um e a outra metade com o outro".

Perante o erro - porque deveria ter dito 'm[ô]lhos' - estive quase a meter conversa pa...
ra emendar. Percebi que não devia. A senhora estava com pressa, não havia «ambiente» para interpelar uma desconhecida. Ficou o erro em suspenso e eu 'mortinho' por poder partilhar a sua remediação.

É assim que o faço convosco, presumindo que possa ser de algum benefício para alguém. De facto, a regra geral do plural dos substantivos portugueses cuja sílaba tónica é 'o' fechado [ô] aponta para que, além de se acrescentar a desinência -s do plural, também mudem o 'o' fechado [ô] em 'o' aberto [ó], por um fenómeno fonético que se designa por metafonia.

Pois bem, o caso de 'molho' - no contexto culinário - é uma excepção. Então, o seu plural é m[ô]lhos. Ex: os m[ô]lhos safam muitos erros de cozinha... Convém ter em consideração que o plural de 'molho' [ó], substantivo com o significado de 'feixe', nada tendo de excepcional, recebe apenas a desinência -s. Portanto, nada de confusões.

A senhora do episódio, que não lerá estas palavras, vai continuar a confundir
m[ô]lhos com m[ó]lhos. Enfim, vai continuar a errar. Só espero que todos os seus erros sejam tão remediáveis como este...

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