[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 3 de setembro de 2014



Questões de imagem


Por princípio, não publico quaisquer fotos pessoais ou de família no facebook. Como preservo muito a minha privacidade e nada tenho de particularmente interessante para mostrar ou demonstrar seja a quem for - imagens pessoais, casas, piscinas, jardins, automóveis, vida social, viagens nacionais ou pelo estrangeiro que mereçam destaque algum em relação ao comum dos mortais - viv
o descansadíssimo, sem qualquer exposição à pública devassa.

De qualquer modo, assim preferindo, quem sou eu para menos considerar ou desrespeitar quaisquer atitudes diferentes ou contrárias à minha? Cada um gere os seus próprios meandros, podendo fechar, abrir ou escancarar as suas «portas e janelas» que, jamais, me verá a desvalorizar tais opções. Naturalmente, se valer a pena, pegando em todas as pontas susceptíveis de interpretação, reservo-me o direito, a título meramente pessoal, de avaliar, em tais mensagens, quando, o quê, como, onde, como e porquê pretendem os seus autores trazê-las a público.

Vêm estas palavras a propósito de fotografia publicada por alguém, cuja identificação nada interessa. Um dia destes, exibia-se em latitude tropical quando, efectivamente, se mantinha em lusitaníssimas e domésticas paragens. A fotografia era real, sim senhor, fora tirada recentemente mas, com ambígua legenda, insusceptível de interpretação que pusesse em causa a veracidade do real enquadramento do autor - que, agora, já não estava lá - enganava, de facto, os destinatários da mensagem, não imagino nem me interessa com que objectivos...

Por vezes, o mentiroso é mesmo mais depressa apanhado… Mas, perfeitamente entendendo os móbeis, não deixo de me surpreender com tais pequenas (ou serão grandes?) necessidades de protagonismo nestes suportes informáticos de comunicação. Que, não raro, também podem ser perversas redes.

Vidas medíocres, baças, desinteressantes que, assim, saltam para uma efémera ribalta, como nunca anteriormente foi possível. Ou seja, uma espécie de revista "Caras" ainda mais à medida das vidas anónimas, desanimadas, descoloridas... Porque, na verdade, há sempre uma dimensão de 'glamour', nem que seja na favela, e os voyeurs estão por todo o lado, são transversais a todos os estratos.


 

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