[sempre de acordo com a antiga ortografia]
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Odeceixe, Sintra?
– Non, mon coeur ne balance pas…
Com assuntos pendentes em Sintra, por cá me mantenho enquanto a família está em Odeceixe. Há minutos, falei com a Ana. Que, a partir do meio da manhã, o nevoeiro invadira a zona e, dizia-me, de tal maneira que, ao regressarem a casa para almoço, mesmo ali a escassos metros da areia, as toalhas estavam carregadas de humidade…
Pelas voltas e reviravoltas do tempo, também passa o encanto de Odeceixe, um litoral que é paixão minha, desde o Verão de 1967, ano em que fiz uma iniciática volta ao Sul em bicicleta. Fiquei cativo, para sempre. Antes, fora São Martinho do Porto, onde meus pais tinham e continuaram a ter casa, num oeste também brumoso, cujas marcas ficaram indeléveis, tanto em mim como nos meus irmãos. Habituado a um poiso de praia ao longo do ano, não descansei enquanto não encontrei outro. Em Odeceixe, aliás, como bem sabem os que visitam este meu mural.
Há décadas assim é e, se bem me conheço, deve ser para o resto da vida. Imprevistos nevoeiros matinais? Manhãs cinzentas, de nuvens, umas vezes vindas do Atlântico, outras de montante, a reboque da Ribeira de Ceixe, que pedem vagares de boa leitura, de música, de conversa, sem pressas, até que o Sol se digne romper? Bom tempo, mau tempo? O que é isso? O que é isso, quando se tem todo o tempo, sem aflições de dias contados a «taxímetro»?
Estive lá ontem e, naturalmente, estou desejoso de voltar para umas semanas de merecido descanso. Mas, espero entendam, como a família entende, não posso passar sem este bem estar, redescoberto a cada novo dia, de me envolver com amigos queridos, em projectos que Sintra nos pede, pensando e dando o nosso melhor pela recuperação de lugares que nos são tão queridos, desde garotos.
Um exemplo? O estupendo terreiro de Santa Eufémia, a plataforma panorâmica mais espectacular da região de Lisboa, onde brincámos, namorámos, festejámos eventos familiares e comunitários. Ali queremos que os nossos netos sintam termos sido dignos do espaço que hão-de poder gozar, com a recuperada dignidade pela qual lutamos, contra ninguém, a favor de todos.
Odeceixe? Pode esperar. Talvez uma semana. Neste caso, prevalecente paixão, Sintra manda mais.
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