[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 2 de setembro de 2014



Pata na poça!
E de que maneira...



Ali, na Praça do Império, para ser consequente com a lógica da sua ridícula pequenez, o Senhor Vereador da Câmara Municipal de Lisboa José Sá Fernandes teria de mandar rebentar, não só a fonte luminosa, mas também toda aquela moldura de edifícios que herdámos da Exposição do Mundo Português.

Era uma arquitectura levantada com materiais efémeros que, rendida à evidência de uma vontade residual da cidade, se transformou em permanente. O Espelho de Água, o Clube Naval, o Museu de Arte Popular e, caso mais paradigmático, o do célebre padrão dos Descobrimentos que, inicialmente, levantado em madeira, foi depois erguido em pedra, lembro-me perfeitamente, por altura das comemorações henriquinas.

Certamente tão «colonialista» como eu, o Senhor Vereador deveria ter aprendido que ali se conjuga uma importante questão de defesa de património que, para todos os efeitos, não é apenas físico, reduzido àqueles buchos trabalhados sob a forma de brasões. Não, ali, como em milhares de lugares mais ou menos «históricos» - e aquele tem uma carga simbólica que só Deus Nosso Senhor e nós, portugueses em geral, e portugueses de Lisboa, lisboetas de Belém, como tantos milhares e eu incluído, é que sabemos!... - ali, escrevia eu, sob as mais diversas formas, evolui um património cultural de memórias imperecíveis e intocáveis, pessoais, familiares, de várias gerações de cidadãos, vivos e bem vivos, que não vão permitir qualquer avanço de bota abaixo.

Não compreendeu o Senhor Vereador que se propunha intervir num corpo integrado do qual fazem parte peças indissociáveis. Com o arrivismo filho da falta de cuidado, meteu os pés pelas mãos e, agora, pois que se cuide e prepare para o debate! A sua gratuita atitude de incultura já está a fazer história.

Para o resto da vida, vai lembrar-se de que se enganou, redondamente, ao pensar que protagonizava uma decisão culta e progressista, à altura de quem se arroga de um pensamento consentâneo com a História, a historicidade e a verdade de um Património urbano respeitável.

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